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Os números da produção industrial, divulgados
hoje pelo IBGE, mostram que o desempenho de janeiro foi apenas
um suspiro que infelizmente não se sustentou. O resultado
de +0,4% se reverteu em queda de 2,5% em fevereiro, sempre em
relação ao mês anterior com ajuste sazonal.
Voltamos, então, à realidade, porém com certas
características que merecem ser ressaltadas.
Em primeiro
lugar, a produção de bens de capital apresentou
alta tanto em janeiro (+2,1%) como em fevereiro (+0,3%), frente
ao mês anterior com ajuste sazonal. Já sua queda
de 25,8% frente ao mesmo mês do ano anterior, ainda que
tenha permanecido elevada em fevereiro, recuou para um patamar
inferior àquele que prevaleceu ao longo de todo o segundo
semestre de 2015 (superior a 30%). Dado o tamanho das perdas desse
setor no ano passado, isso não deixa de ser uma boa notícia.
O recuo em
fevereiro contra o mesmo mês de 2015 também foi menos
intenso em outras categorias, como em bens intermediários,
que caíam mais de 10% entre nov/15 e jan/16 e agora 8,5%.
Mais importante foi a variação de -2,0% em bens
de consumo semi e não duráveis, a queda mais branda
desde dez/14. É bem possível que nem toda essa desaceleração
se explique pela existência de um dia útil a mais
em fevereiro último.
Em segundo
lugar, a proporção de produtos e ramos industriais
com taxas positivas de crescimento teve sensível melhora
em fevereiro último. Frente ao mesmo mês de 2015,
do total de produtos pesquisados pelo IBGE 31,4% tiveram alta
em fevereiro. Em média, entre nov/15 e jan/16 essa relação
mal chegava a 23%.
Além
disso, 5 dos 25 ramos da indústria de transformação
apresentaram aumento de produção frente a fevereiro
de 2015. Isso é certamente insatisfatório, mas é
o maior número desde junho do ano passado. Ainda que algumas
dessas altas sejam pontuais, há setores com trajetórias
um pouco mais promissoras, como papel e celulose ou mesmo produtos
alimentícios.
Em terceiro
lugar, vários setores que continuam em queda na comparação
com o mesmo mês do ano anterior recuaram, em fevereiro,
para um patamar menos agudo. É o caso de confecção
e acessórios, de calçados e couros e também
de minerais não metálicos que, depois de declínios
superiores a 10% na maioria dos meses da segunda metade de 2015,
apresentaram variações de -5,8%, -5,7% e -9,6%,
respectivamente.
A produção
de móveis, por sua vez, caiu 8,8% em fevereiro, depois
de amargar quedas mensais próximas de 20% entre julho de
2015 e janeiro de 2016. Os produtos químicos beiraram a
estabilidade, com um resultado de -0,7%, a menor taxa negativa
desde abril de 2015, enquanto produtos farmacêuticos e farmoquímicos
tiveram crescimento de 2,6%, algo que não ocorria desde
dezembro de 2014.
Dito isso,
é evidente que a crise continua e que o quadro da indústria
ainda é muito grave, mas pode ser que alguma coisa esteja
acontecendo. Pelos setores a apresentar sinais de um quadro menos
adverso nos meses mais recentes é possível que um
número maior de empresas esteja começando a colher
os frutos da desvalorização cambial.
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Resultados Gerais. Segundo dados do IBGE, a indústria
brasileira registrou recuo de 2,5% em fevereiro em relação
ao mês anterior, na série com dados dessazonalizados, após
alta de 0,4% em janeiro. Na comparação com fevereiro de
2015, houve uma queda da produção industrial de 9,8%. No
acumulado do primeiro bimestre de 2016, a indústria brasileira
acumulou queda de 11,8%. Já no acumulado dos últimos 12
meses, frente a igual período imediatamente anterior, a produção
industrial manteve a trajetória de recuos crescentes, assinalando
variação de -9,0% em fevereiro de 2016.
Categorias
de Uso. Na comparação com mês imediatamente
anterior na série com ajuste sazonal, todas as categorias de uso
assinalaram recuo na produção industrial, com exceção
dos bens de capital que avançaram 0,3% em fevereiro de 2016. As
demais categorias tiveram os seguintes resultados: bens de consumo duráveis
(-5,3%), bens intermediários (-2,0%) e bens de consumo semi e não-duráveis
(-0,6%).
Na comparação
mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), todas as categorias
de uso obtiveram desempenho negativo em fevereiro. Nessa comparação,
bens de consumo duráveis (-29,3%) e bens de capital (-25,8%) foram
os resultados negativos mais expressivos, seguidos pelos bens intermediários
(-8,5%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-2,0%).
No acumulado dos primeiros
dois meses de 2016, todas as categorias registraram queda, com destaque
para bens de capital (-30,8%) e bens de consumo duráveis (-29,0%).
Em relação aos bens de capital, podemos destacar o desempenho
negativo de bens de capital para equipamentos de transporte (-31,1%).
Os setores produtores de bens intermediários (-10,1%) e de bens
de consumo semi e não-duráveis (-4,5%) também registraram
taxas negativas.
Setores. Em comparação a janeiro de 2016, com dados
dessazonalizados, foi verificado recuo no nível de produção
em 13 dos 24 ramos produtivos contemplados na pesquisa. Os maiores destaques
negativos foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,7%),
máquinas e equipamentos (-6,7%), produtos alimentícios (-1,7%)
e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(-8,2%). Em contraste, os setores produtores de coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (1,4%), perfumaria, sabões,
produtos de limpeza e de higiene pessoal (1,3%), indústrias extrativas
(0,6%), produtos têxteis (3,4%) e bebidas (1,3%) foram os destaques
positivos.
Na comparação
com mesmo mês de 2015, a indústria geral apresentou recuo
de 9,8% no mês de fevereiro. Os setores que mais contribuíram
para esse resultado foram: veículos automotores, reboques e carrocerias(-29,1%)
indústrias extrativas(-12,1%), máquinas e equipamentos (-27,9%),
equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos(-33,1%),
metalurgia (-12,1%), produtos de borracha e de material plástico
(-15,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-21,1%),
produtos de metal (-12,7%), outros equipamentos de transporte (-24,0%),
produtos de minerais não-metálicos (-9,6%), produtos têxteis
(-11,8%) e bebidas (-5,1%). Dentre os setores que registraram alta, por
sua vez, destacaram-se celulose, papel e produtos de papel (6,0%), produtos
do fumo (82,8%) e produtos alimentícios (1,1%).
No acumulado entre
janeiro e fevereiro de 2016 frente a mesmo período de 2015, 23
dos 26 setores pesquisados apresentaram recuo na produção
física com destaque para: veículos automotores, reboques
e carrocerias (-30,1%), indústrias extrativas (-14,6%), máquinas
e equipamentos (-26,8%), equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-36,6%), metalurgia (-13,6%), máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (-22,4%), produtos de borracha
e de material plástico (-15,2%), produtos de minerais não-metálicos
(-12,9%),produtos de metal (-14,0%), outros equipamentos de transporte
(-24,5%), bebidas (-8,7%), produtos alimentícios (-2,2%) e produtos
têxteis (-15,8%). Em sentido oposto, as atividades de celulose,
papel e produtos de papel (3,3%) e produtos do fumo (49,8%) exerceram
as principais influências positivas.
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