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Como mostram os dados da Pnad Contínua, divulgados hoje,
a situação de piora do emprego continua em processo.
A taxa de desocupação do trimestre formado pelos
dois últimos meses de 2015 e janeiro de 2016 bateu em 9,5%,
resultado de uma impetuosa trajetória de alta. Não
nos esqueçamos que um ano antes, no mesmo trimestre, o
desemprego era de 6,8%.
Como resultado,
9,6 milhões de pessoas encontravam-se sem emprego na virada
do último ano, um adicional de 2,8 milhões de indivíduos
em relação ao mesmo período do ano anterior.
Nesse movimento, dois fatores foram determinantes. Em primeiro
lugar, o aumento do número de pessoas à procura
de trabalho (1,8 milhão), como maneira de as famílias
enfrentarem a crise econômica, que põe em risco o
poder de compra e compromete seu nível de vida.
Em segundo
lugar, muitas pessoas também perderam seus empregos (1,0
milhão), especialmente a partir do segundo semestre de
2015. É sobre este aspecto que gostaríamos de nos
debruçar, identificando o perfil setorial do desemprego.
Nesse sentido,
é inequívoco que a crise do setor industrial é
um fator maior na redução do número de pessoas
ocupadas. Foram 1,1 milhão de postos fechados entre o trimestre
findo em janeiro de 2016 e o mesmo período do ano anterior.
Um pouco atrás da indústria, estão os serviços
de maior qualificação (informação,
comunicação, atividades financeiras, imobiliárias,
profissionais e administrativas), cujo fechamento de vagas chegou
a 809 mil nesta comparação.
Se olharmos
a evolução mais na margem, esses dois setores continuam
liderando a perda de empregos. No período de nov/15 a jan/16,
frente ao trimestre anterior, findo em out/15, a indústria
fechou 520 mil vagas, algo muito superior às 140 mil vagas
fechadas um ano antes. O mesmo ocorreu naqueles serviços
qualificados: -501 mil contra -120 mil postos um ano antes.
Os serviços
públicos também contribuíram bastante para
a queda do emprego no último trimestre (-113 mil postos),
avançando muito em relação ao resultado de
um ano atrás (-36 mil) dessa mesma comparação
na margem.
Complementando
o quadro de regressões, temos dois setores com quedas menos
expressivas, mas que ainda assim merecem comentário. É
o caso da agropecuária, que reduziu 76 mil empregos em
nov15-jan16 contra ago15-out15 e isso a despeito de um desempenho
positivo da atividade deste setor ao longo de 2015.
O outro setor
é comércio e reparação de veículos,
cuja redução foi de 20 mil postos de trabalho nesta
mesma comparação. Contudo, aqui o importante é
observar que a simples inversão de sinal da trajetória
tem um forte significado, já que o setor foi um dos grandes
empregadores nos últimos anos (+342 mil postos em nov14-jan15
contra ago14-out14).
De positivo,
apenas construção e serviços domésticos
tiveram evolução relevante. O primeiro criou 253
mil vagas, na comparação mais de ponta, sinalizando
que talvez a gestão do estoque de imóveis não
vendidos tenha avançado. Já no segundo, o aumento
foi de 118 mil empregos, que certamente ajudou muitas pessoas
de menor qualificação profissional a sair do desemprego.
O que temos
visto nessa virada de ano é, então, a perda de empregos
em setores de maior qualificação profissional, compensada
apenas parcialmente pela criação de vagas em atividades
de menor qualificação, a exemplo dos serviços
domésticos.
Uma consequência
desse movimento tem sido a retração do rendimento
médio real de todos os trabalhos habitualmente recebido:
-2,4% frente a nov14-jan15, contribuindo para a retração
de 3,1% da massa de rendimentos nesta mesma comparação.
Esse quadro
de desemprego em alta e rendimento em queda não traz boas
notícias tanto para o setor de serviços como para
as vendas do comércio varejista e, por consequência,
nem para a indústria.
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De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE,
a taxa de desocupação atingiu 9,5% no trimestre encerrado
em janeiro de 2016, 2,7 p.p. maior que a taxa observada no trimestre entre
novembro de 2014 e janeiro de 2015 (6,8%). No trimestre móvel anterior
sem sobreposição (agosto a outubro de 2015) a taxa foi de
9,0%.
O rendimento real
médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.939,00,
o que representou uma redução de 2,4% frente ao mesmo trimestre
de referência findo em janeiro de 2015. A massa de rendimentos reais
de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou
R$ 172,5 bilhões, 2,4% inferior ao registrado no quarto trimestre
de 2014.
No trimestre de referência,
a população ocupada alcançou 91,7 milhões
de pessoas, o que representou redução de 1,1% frente ao
mesmo trimestre do ano anterior. Na mesma comparação, o
número de desocupados aumentou 42,3% e alcançou 9,6 milhões
de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre
de 2015, o número de pessoas ocupadas dentre as posições
de ocupação apresentou crescimento em duas categorias: trabalhador
por conta própria (6,1%) e trabalhador doméstico (3,8%).
As demais tiveram retração, com destaque para trabalho auxiliar
familiar (-14,3%), trabalho privado sem carteira (-5,9%), trabalho privado
com carteira (-3,6%), setor público (-1,9%) e empregador (-1,6%).
Dentre os setores
da economia que apresentaram maior aumento da ocupação na
comparação com o trimestre compreendido entre novembro de
2014 e janeiro de 2015, estão serviços domésticos
(5,2%), transporte, armazenagem e correios (4,3%), alojamento e alimentação
(4,1%), administração pública, defesa e seguridade,
educação, saúde humana e serviços sociais
(2,1%) e construção (1,2%). Os segmentos de comércio,
reparação de veículos automotores e motocicletas
e outros serviços permaneceram praticamente estáveis (0,2%
e 0,1%, respectivamente). Os grupos que apresentaram maior retração
na população ocupada foram indústria (-8,5%), informação,
comunicação e atividades financeiras, imobiliárias,
profissionais e administrativas (-7,7%) e agricultura, pecuária,
produção florestal, pesca e aquicultura (-2,4%).
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