15 de março de 2016

Emprego
Cinco observações sobre 2015


   

 
Os dados da PNAD contínua referentes ao quarto trimestre de 2015 permitem analisar melhor a evolução do emprego no ano passado. A taxa média de desocupação ficou em 8,5%, um avanço de quase dois pontos percentuais em relação a 2014. Selecionamos 5 resultados que precisam ser olhados com mais atenção.

Em primeiro lugar, não é sempre que em apenas um ano o contingente de desocupados aumenta 2,6 milhões de pessoas. Essa rápida elevação do desemprego se deve, sem sobra de dúvidas, à velocidade em que a economia passou de um quadro de estagnação em 2014, quando PIB cresceu apenas 0,1%, para outro bem mais grave em 2015, cuja contração da economia chegou a 3,8%.

Em segundo lugar, foi o aumento do número de pessoas procurando emprego que explica a evolução dos desocupados em 2015, já que o número de pessoas ocupadas resistiu à queda. Isso foi, em grande parte, resultado de estratégias de reequilíbrio dos orçamentos famílias, que diante de uma trajetória declinante de seus rendimentos precisaram contar com mais pessoas trabalhando.

Em terceiro lugar, convém ressaltar que a estabilidade do número de empregados em 2015 esconde uma mudança qualitativa importante em favor de ocupações mais precárias. É isso que indica o fechamento de mais de 1 milhão de postos com carteira assinada e um aumento de magnitude semelhante dos ocupados por conta própria. Como já alertamos anteriormente nesta Análise, esse movimento reflete um “empreendedorismo forçado”, que, via de regra, vem acompanhado de rendimentos menores e mais voláteis.

Em quarto lugar, o setor cuja ocupação mais regrediu no ano passado foi a indústria. Na média anual foram 346 mil postos a menos que em 2014. Esse resultado reflete aquilo que todos nós já sabemos: a indústria se encontra no centro da crise pela qual a economia brasileira passa desde o ano passado. Não muito diferente esteve o emprego na construção, que viu uma redução anual média de 304 mil postos.

Por fim, em quinto lugar, devemos atentar para o fato de que a situação tanto do emprego como do rendimento está pior na margem do que na média anual. Enquanto no ano a taxa de desocupação média foi de 8,5%, como já dissemos, no último trimestre de 2015 chegou a 9,0%. Por sua vez, o rendimento médio real habitualmente recebido, que ficou estável em 2015 frente a 2014, já apontava contração de 2,0% no último trimestre do ano passado diante do mesmo período de 2014.

Com isso, o ano de 2016, pelo menos em seus meses iniciais, deve continuar assombrado por essas tendências de agravamento da situação do emprego e do rendimento, reforçando perspectivas pouco favoráveis ao consumo das famílias, à produção e ao varejo de bens de consumo.
  

 
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação atingiu 9,0% no quarto trimestre de 2015, o mais alto nível registrado pela pesquisa, que teve início no primeiro trimestre de 2012. A taxa média de desocupação em 2015 foi de 8,5%.

A população em idade de trabalho aumentou 1,1% em relação ao 4º trimestre de 2014, enquanto que a população na força de trabalho se elevou em 2,0% na mesma comparação. O número de desocupados se expandiu em 40,8% enquanto que o de ocupados apresentou retração de 0,6% sobre o mesmo trimestre do ano anterior.

 

 
Frente ao mesmo trimestre de 2014, dentre as posições de ocupação, três delas registraram variações positivas: trabalhador por conta própria (5,2%), trabalhador doméstico (4,7%), empregador (1,1%). As demais, como trabalhador familiar auxiliar (-10,6%), trabalho privado sem carteira (-4,3%), com carteira (-3,0%) e setor público (--2,2%), apresentaram oscilações negativas.

Dentre os setores da economia que apresentaram maior aumento da ocupação entre o quarto trimestre de 2014 e 2015, os segmentos de transporte, armazenagem e correios (5,7%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (2,1%), construção (2,0%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (1,0%) apresentaram expansão da população ocupada. Os segmentos outros serviços (-1,3%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1,5%), indústria (-7,9%) e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-8,7%) responderam pelas variações negativas.

O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.913,00, o que representou uma redução de 2,0% frente ao quarto trimestre de 2014. A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou R$ 171,5 milhões, 2,4% inferior ao registrado no quarto trimestre de 2014.

 

 

 

 

 

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