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Os dados da PNAD contínua referentes ao quarto trimestre
de 2015 permitem analisar melhor a evolução do emprego
no ano passado. A taxa média de desocupação
ficou em 8,5%, um avanço de quase dois pontos percentuais
em relação a 2014. Selecionamos 5 resultados que
precisam ser olhados com mais atenção.
Em primeiro
lugar, não é sempre que em apenas um ano o contingente
de desocupados aumenta 2,6 milhões de pessoas. Essa rápida
elevação do desemprego se deve, sem sobra de dúvidas,
à velocidade em que a economia passou de um quadro de estagnação
em 2014, quando PIB cresceu apenas 0,1%, para outro bem mais grave
em 2015, cuja contração da economia chegou a 3,8%.
Em segundo
lugar, foi o aumento do número de pessoas procurando emprego
que explica a evolução dos desocupados em 2015,
já que o número de pessoas ocupadas resistiu à
queda. Isso foi, em grande parte, resultado de estratégias
de reequilíbrio dos orçamentos famílias,
que diante de uma trajetória declinante de seus rendimentos
precisaram contar com mais pessoas trabalhando.
Em terceiro
lugar, convém ressaltar que a estabilidade do número
de empregados em 2015 esconde uma mudança qualitativa importante
em favor de ocupações mais precárias. É
isso que indica o fechamento de mais de 1 milhão de postos
com carteira assinada e um aumento de magnitude semelhante dos
ocupados por conta própria. Como já alertamos anteriormente
nesta Análise, esse movimento reflete um “empreendedorismo
forçado”, que, via de regra, vem acompanhado de rendimentos
menores e mais voláteis.
Em quarto
lugar, o setor cuja ocupação mais regrediu no ano
passado foi a indústria. Na média anual foram 346
mil postos a menos que em 2014. Esse resultado reflete aquilo
que todos nós já sabemos: a indústria se
encontra no centro da crise pela qual a economia brasileira passa
desde o ano passado. Não muito diferente esteve o emprego
na construção, que viu uma redução
anual média de 304 mil postos.
Por fim, em
quinto lugar, devemos atentar para o fato de que a situação
tanto do emprego como do rendimento está pior na margem
do que na média anual. Enquanto no ano a taxa de desocupação
média foi de 8,5%, como já dissemos, no último
trimestre de 2015 chegou a 9,0%. Por sua vez, o rendimento médio
real habitualmente recebido, que ficou estável em 2015
frente a 2014, já apontava contração de 2,0%
no último trimestre do ano passado diante do mesmo período
de 2014.
Com isso,
o ano de 2016, pelo menos em seus meses iniciais, deve continuar
assombrado por essas tendências de agravamento da situação
do emprego e do rendimento, reforçando perspectivas pouco
favoráveis ao consumo das famílias, à produção
e ao varejo de bens de consumo.
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De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE,
a taxa de desocupação atingiu 9,0% no quarto trimestre de
2015, o mais alto nível registrado pela pesquisa, que teve início
no primeiro trimestre de 2012. A taxa média de desocupação
em 2015 foi de 8,5%.
A população
em idade de trabalho aumentou 1,1% em relação ao 4º
trimestre de 2014, enquanto que a população na força
de trabalho se elevou em 2,0% na mesma comparação. O número
de desocupados se expandiu em 40,8% enquanto que o de ocupados apresentou
retração de 0,6% sobre o mesmo trimestre do ano anterior.
Frente ao mesmo trimestre
de 2014, dentre as posições de ocupação, três
delas registraram variações positivas: trabalhador por conta
própria (5,2%), trabalhador doméstico (4,7%), empregador
(1,1%). As demais, como trabalhador familiar auxiliar (-10,6%), trabalho
privado sem carteira (-4,3%), com carteira (-3,0%) e setor público
(--2,2%), apresentaram oscilações negativas.
Dentre os setores
da economia que apresentaram maior aumento da ocupação entre
o quarto trimestre de 2014 e 2015, os segmentos de transporte, armazenagem
e correios (5,7%), administração pública, defesa,
seguridade, educação, saúde humana e serviços
sociais (2,1%), construção (2,0%), comércio, reparação
de veículos automotores e motocicletas (1,0%) apresentaram expansão
da população ocupada. Os segmentos outros serviços
(-1,3%), agricultura, pecuária, produção florestal,
pesca e aquicultura (-1,5%), indústria (-7,9%) e informação,
comunicação e atividades financeiras, imobiliárias,
profissionais e administrativas (-8,7%) responderam pelas variações
negativas.
O rendimento real
médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.913,00,
o que representou uma redução de 2,0% frente ao quarto trimestre
de 2014. A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente
recebidos por mês alcançou R$ 171,5 milhões, 2,4%
inferior ao registrado no quarto trimestre de 2014.
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