10 de março de 2016

Comércio Varejista
Novo patamar


   

 
Ainda que seja cedo para presumir a evolução do comércio varejista em 2016, o fato é que o ano começou acenando com a perspectiva de um declínio do volume de vendas a taxas cada vez maiores, seja em relação ao resultado acumulado em 2015, seja na série com ajuste sazonal em relação aos meses anteriores. Segundo o IBGE, a queda em janeiro foi de 10,3% frente a janeiro do ano passado e de 1,5% frente a dezembro, com ajuste.

O mês de janeiro de 2016 foi mais um capítulo da história de piora do desempenho do comércio vivida desde o ano passado. A comparação do resultado acumulado em 2015 com a média do trimestre findo em janeiro de 2016, frente ao mesmo período do ano passado, ilustra bem essa história: -4,3%, para 2015 como um todo, contra -8,3%, nos últimos três meses, para o comércio restrito e -8,6% contra -12,4% para o comércio ampliado (inclui automóveis e materiais de construção).

Em resumo, aquilo que já não era bom continua piorando. E isso tem acontecido para quase todos os setores do comércio. Mudança positiva não há nenhuma. Em função do grande peso que têm no comércio como um todo, o destaque vai para as vendas de hiper e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, cuja retração da média de nov/15 a jan/16 (-4,9%) foi quase o dobro daquela acumulada em 2015 (-2,5%).

Mas nem de longe essas variações foram as mais dramáticas. Vejamos os três setores que tiveram quedas de dois dígitos em 2015: veículos e peças (-17,8%), móveis e eletrodomésticos (-14,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%). No trimestre findo em janeiro todos ampliaram suas perdas: -21,2%, -19,2% e -15,0%. No caso dos dois primeiros, a escassez e o encarecimento do crédito têm forte poder explicativo em suas evoluções.

Além disso, no início deste ano a lista de setores com forte declínio contava com outros três devido ao agravamento dos últimos meses: material de construção, cuja retração evoluiu de 8,4% na média de 2015 para 14,9% na média dos três meses compreendidos entre de nov/15 e jan/16, seguido de tecidos, vestuário e calçados (de -8,6% para -12,3%) e combustíveis e lubrificantes (de -6,1% para -11,9%).

Todos esses resultados reportados até aqui vão na direção de que o comercio varejista começa mal em 2016, mas ainda não são os piores. Os campeões da derrocada das vendas foram equipamentos de informática e comunicação e outros artigos de uso pessoal e doméstico, porque no primeiro semestre de 2015 ainda conservavam taxas positivas de crescimento.

No primeiro caso, as vendas mergulharam de um patamar de -1,5%, no acumulado do ano passado, para -15,3%, no trimestre findo em janeiro de 2016. Já no segundo caso a mudança do nível de retração foi de -1,3% para -8,4%, respectivamente.

A situação é cada vez mais grave inclusive para o único setor que era exceção em meio a tantas quedas. As vendas de produtos farmacêuticos, cosméticos e de perfumaria desaceleraram de 3,0% em 2015 para 1,7% na média dos três últimos meses. Vale notar que, em janeiro de 2016, o setor não se livrou de apresentar variação negativa (-0,2%) frente ao mesmo mês do ano passado.

Os sinais são negativos não só para o varejo, mas também para o emprego, já que o comércio é responsável por muitos postos de trabalho, e para os setores que se nutrem dele para colocar seus produtos no mercado interno, notadamente a indústria, seja de bens duráveis, seja de bens não duráveis, além da agricultura produtora de alimentos.
  

 
Resultados Gerais. Em janeiro, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro registrou decréscimo de 1,5% com relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, as vendas no varejo recuaram 10,3%. Nos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente anterior, o recuo do volume de vendas foi de 5,2%.

Setores. Na comparação entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, das dez atividades pesquisadas, o perfil de queda foi generalizado: móveis e eletrodomésticos (-4,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%), combustíveis e lubrificantes (-3,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,8%), tecidos, vestuário e calçados (-0,5%) e livros, jornais, revistas e papelarias (-0,1%). O único setor a assinalar alta em janeiro de 2016 foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com pequeno avanço de 0,1%. No varejo ampliado, a redução de 1,6% deveu-se a material de construção, (-6,6%), seguido por Veículos e motos, partes e peças (-0,4%).

 

 
Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o comércio varejista acusou resultado negativo em todas as atividades do comércio varejista restrito: móveis e eletrodomésticos (-24,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,8%), combustíveis e lubrificantes (-14,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,5%), tecidos, vestuário e calçados (-13,8%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-24,0%), livros, jornais, revistas e papelaria (-13,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%). Veículos, motos, partes e peças (-18,9%) e Material de construção 18,5%) registraram queda também nessa comparação.

Regiões. Frente a dezembro de 2015 na série com ajuste sazonal, das 27 Unidades da Federação, o volume das vendas varejistas recuou em 17 estados, com destaque para o Espírito Santo e Rio de Janeiro, ambos com taxa de -3,1%.

Em relação a janeiro do ano anterior, todos os estados apresentaram variações negativas na comparação com o mesmo período do ano anterior. Podemos destacar o resultado do Amapá, com queda acentuada de 24,4%. Quanto à participação na composição da taxa negativa do varejo, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-9,7%) e Rio de Janeiro (-10,4%).

 

 

 

 

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