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Como já é sabido, a produção da indústria
brasileira interrompeu em janeiro um longo período de recuos
sucessivos mês após mês, com uma alta de 0,4%
frente a dezembro. Pois bem, os dados divulgados hoje pelo IBGE
elucidam essa melhora e permitem lançar algumas hipóteses
sobre o desempenho industrial em alguns estados da federação.
A região
Nordeste e os estados da região Sul chamam justamente atenção
porque o resultado positivo de janeiro parece pertencer ao início
de um quadro menos desfavorável de suas indústrias.
Vejamos a seguir suas trajetórias recentes.
Em relação
ao mês anterior já descontados os efeitos sazonais,
o Nordeste como um todo saiu progressivamente de uma queda de
3,1% em setembro de 2015 para uma alta de 1,5% em janeiro de 2016.
No caso do Paraná, o retorno ao campo positivo (2,2%) ocorreu
depois da contração de 6,5% em outubro de 2015.
Em Santa Catarina a trajetória é mais titubeante,
mesmo assim conseguiu crescer 3,7% no primeiro deste ano.
É no
Rio Grande do Sul que a evolução se mostra um pouco
melhor. Nos últimos três meses sua produção
industrial vem apresentando crescimento na série com ajuste
sazonal (1,0%, 1,7% e 2,5% entre nov/15 e jan/16). Isso não
deixa de ser uma boa notícia porque a indústria
do estado foi uma das primeiras e das que mais sofreram no ano
passado.
Além
disso, se ainda não é possível observar variações
positivas na comparação com o mesmo mês do
ano anterior, ao menos as quedas no Nordeste e no Sul têm
se sido menos agudas. Isso reforça os indícios de
que alguma coisa pode estar mudando para a indústria nessas
regiões.
Outro comentário
a ser feito é sobre o desempenho de São Paulo que
abriga o principal parque industrial do país. Depois de
dois meses de quedas mais acentuadas (em torno de 2,5%), a indústria
paulista cresceu bem mais que a média brasileira, evoluindo
1,1% em janeiro frente a dezembro com ajuste sazonal. Desde o
início de 2015 essa foi a primeira alta digna de nota,
o que é positivo; mas também pode vir a ser apenas
um resultado pontual. Por isso, é melhor aguardarmos os
próximos meses.
O lado ruim
da pesquisa de janeiro é a situação ainda
muito adversa dos estados do Amazonas, Minas Gerais, Espírito
Santo e, em menor medida, do Rio de Janeiro. O caso mais grave
destes é certamente o da indústria amazonense, que
acusou recuo de 2,1% frente a dezembro, com ajuste, e de nada
menos que 30,9% em relação ao mesmo mês do
ano passado.
Já
a produção industrial de Minas Gerais (-1,0% frente
a dez/15) e do Espírito Santo (-2,1%) continua sob algum
efeito do desastre provocado pelo rompimento da barragem da Samarco,
pois a maior contribuição negativa vem do setor
extrativo. Mas isso não explica tudo, uma vez que quedas
importantes continuam penalizando a metalurgia em ambos os estados
e o setor automotivo e de máquinas e equipamentos em Minas
Gerais.
A indústria
no Rio de Janeiro, por sua vez, parece estar mais andando de lado
desde outubro de 2015 do que em franco declínio. O resultado
com ajuste sazonal de -1,5% de janeiro foi precedido de alta de
1,5% em dezembro, sempre frente ao mês anterior. O mesmo
é sugerido pelos índices contra os mesmos meses
de 2015, ainda que janeiro tenha tido uma sensível piora
(-14,1%), puxado pelo setor de petróleo e metalurgia.
Em resumo,
apesar de alguns indícios preliminares de um quadro menos
desfavorável no Nordeste e no Sul, ainda não é
possível identificar nenhuma tendência geral para
o conjunto das regiões. Especialmente porque parques industriais
importantes, como os de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, continuam
sem sinais de melhora ou com sinais ainda pouco conclusivos, como
no caso de São Paulo.
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Resultados Gerais. A atividade industrial, em janeiro
de 2016, apresentou alta de 0,4% para o total do país, na comparação
com o último mês de 2015 (considerado o ajuste sazonal).
Para esse resultado, as maiores contribuições positivas
vieram do desempenho positivo da indústria de 8 estados: Santa
Catarina (3,7%), Pará (3,3%), Bahia (2,6%), Rio Grande do Sul (2,5%),
Ceará (2,4%), Paraná (2,2%), Região Nordeste (1,5%)
e São Paulo (1,1%). Por outro lado, Pernambuco, Amazonas e Espírito
Santo (todos com recuo de 2,1%), Rio de Janeiro (-1,5%), Goiás
(-1,0%) e Minas Gerais (-1,0%) registraram os recuos de janeiro de 2016
nesta comparação.
Na comparação
com janeiro de 2015, a indústria brasileira assinalou decréscimo
de 13,8%, com queda em 12 das 15 localidades pesquisadas. Os maiores destaques
negativos foram: Amazonas (-30,9%), Pernambuco (-29,4%) e Espírito
Santo (-26,3%). Minas Gerais (-18,3%), São Paulo (-16,1%), Rio
de Janeiro (-14,1%), Paraná (-13,6%), Goiás (-13,4%), Santa
Catarina (-11,2%), Ceará (-9,7%), Rio Grande do Sul (-5,7%) e Região
Nordeste (-3,2%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas.
Por outro lado, Pará (10,5%), Bahia (10,3%) e Mato Grosso (9,3%)
assinalaram as variações positivas.
A variação
acumulada nos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente
anterior foi de -9,0%, com recuo em 12 dos 15 locais. As principais perdas
de dinamismo entre dezembro e janeiro ocorreram nos estados do Espírito
Santo (de 4,3% para 0,6%), Pernambuco (de -4,3% para -7,6%), Amazonas
(de -16,8% para -18,4%), Minas Gerais (de -7,8% para -9,0%) e Rio de Janeiro
(de -6,8% para -7,9%).
Minas Gerais. Frente a dezembro do ano passado, a produção
industrial de Minas Gerais retraiu 1,0% (para dados dessazonalizados)
e em comparação a janeiro de 2015, -18,3%. Nesta base de
comparação, registrou-se o desempenho negativo dos setores
de máquinas e equipamentos (-66,1%), veículos automotores,
reboques e carrocerias (-42,4%), produtos têxteis (-23,8%), minerais
não-metálicos (-20,0%), coque, derivados do petróleo
e biocombustíveis (-12,8%), metalurgia (-12,8%), outros produtos
químicos (-8,5%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos
(-6,9%) e celulose, papel e produtos de papel (-4,2%). Em contraste, três
setores apresentaram expansão do produto industrial: produtos do
fumo (50,6%), produtos alimentícios (1,8%) e bebidas (1,0%).
São
Paulo. Em janeiro deste ano, a indústria paulista apresentou
expansão de 1,1% frente a dezembro de 2015, com ajuste sazonal.
Entretanto, em relação ao mesmo mês do ano anterior,
a produção da indústria paulista teve contração
de 16,1%. As atividades que influenciaram esse resultado foram: veículos
automotores, reboques e carrocerias (-37,0%), máquinas e equipamentos
(-22,7%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis
(-11,1%), produtos de metal (-27,2%), equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-37,3%), produtos de borracha
e de material plástico (-15,4%), máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (-20,7%), outros produtos químicos (-9,1%) e produtos
de minerais não-metálicos (-15,0%), enquanto o setor produtor
de produtos alimentícios (2,7%) representou o único resultado
positivo. Na variação 12 meses, a indústria paulista
repetiu a variação de dezembro de 2015, com uma queda de
11,7%.
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