9 de março de 2016

Indústria Regional
Sinais de mudança no Nordeste e no Sul


   

 
Como já é sabido, a produção da indústria brasileira interrompeu em janeiro um longo período de recuos sucessivos mês após mês, com uma alta de 0,4% frente a dezembro. Pois bem, os dados divulgados hoje pelo IBGE elucidam essa melhora e permitem lançar algumas hipóteses sobre o desempenho industrial em alguns estados da federação.

A região Nordeste e os estados da região Sul chamam justamente atenção porque o resultado positivo de janeiro parece pertencer ao início de um quadro menos desfavorável de suas indústrias. Vejamos a seguir suas trajetórias recentes.

Em relação ao mês anterior já descontados os efeitos sazonais, o Nordeste como um todo saiu progressivamente de uma queda de 3,1% em setembro de 2015 para uma alta de 1,5% em janeiro de 2016. No caso do Paraná, o retorno ao campo positivo (2,2%) ocorreu depois da contração de 6,5% em outubro de 2015. Em Santa Catarina a trajetória é mais titubeante, mesmo assim conseguiu crescer 3,7% no primeiro deste ano.

É no Rio Grande do Sul que a evolução se mostra um pouco melhor. Nos últimos três meses sua produção industrial vem apresentando crescimento na série com ajuste sazonal (1,0%, 1,7% e 2,5% entre nov/15 e jan/16). Isso não deixa de ser uma boa notícia porque a indústria do estado foi uma das primeiras e das que mais sofreram no ano passado.

Além disso, se ainda não é possível observar variações positivas na comparação com o mesmo mês do ano anterior, ao menos as quedas no Nordeste e no Sul têm se sido menos agudas. Isso reforça os indícios de que alguma coisa pode estar mudando para a indústria nessas regiões.

Outro comentário a ser feito é sobre o desempenho de São Paulo que abriga o principal parque industrial do país. Depois de dois meses de quedas mais acentuadas (em torno de 2,5%), a indústria paulista cresceu bem mais que a média brasileira, evoluindo 1,1% em janeiro frente a dezembro com ajuste sazonal. Desde o início de 2015 essa foi a primeira alta digna de nota, o que é positivo; mas também pode vir a ser apenas um resultado pontual. Por isso, é melhor aguardarmos os próximos meses.

O lado ruim da pesquisa de janeiro é a situação ainda muito adversa dos estados do Amazonas, Minas Gerais, Espírito Santo e, em menor medida, do Rio de Janeiro. O caso mais grave destes é certamente o da indústria amazonense, que acusou recuo de 2,1% frente a dezembro, com ajuste, e de nada menos que 30,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Já a produção industrial de Minas Gerais (-1,0% frente a dez/15) e do Espírito Santo (-2,1%) continua sob algum efeito do desastre provocado pelo rompimento da barragem da Samarco, pois a maior contribuição negativa vem do setor extrativo. Mas isso não explica tudo, uma vez que quedas importantes continuam penalizando a metalurgia em ambos os estados e o setor automotivo e de máquinas e equipamentos em Minas Gerais.

A indústria no Rio de Janeiro, por sua vez, parece estar mais andando de lado desde outubro de 2015 do que em franco declínio. O resultado com ajuste sazonal de -1,5% de janeiro foi precedido de alta de 1,5% em dezembro, sempre frente ao mês anterior. O mesmo é sugerido pelos índices contra os mesmos meses de 2015, ainda que janeiro tenha tido uma sensível piora (-14,1%), puxado pelo setor de petróleo e metalurgia.

Em resumo, apesar de alguns indícios preliminares de um quadro menos desfavorável no Nordeste e no Sul, ainda não é possível identificar nenhuma tendência geral para o conjunto das regiões. Especialmente porque parques industriais importantes, como os de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, continuam sem sinais de melhora ou com sinais ainda pouco conclusivos, como no caso de São Paulo.
  

 
Resultados Gerais. A atividade industrial, em janeiro de 2016, apresentou alta de 0,4% para o total do país, na comparação com o último mês de 2015 (considerado o ajuste sazonal). Para esse resultado, as maiores contribuições positivas vieram do desempenho positivo da indústria de 8 estados: Santa Catarina (3,7%), Pará (3,3%), Bahia (2,6%), Rio Grande do Sul (2,5%), Ceará (2,4%), Paraná (2,2%), Região Nordeste (1,5%) e São Paulo (1,1%). Por outro lado, Pernambuco, Amazonas e Espírito Santo (todos com recuo de 2,1%), Rio de Janeiro (-1,5%), Goiás (-1,0%) e Minas Gerais (-1,0%) registraram os recuos de janeiro de 2016 nesta comparação.

Na comparação com janeiro de 2015, a indústria brasileira assinalou decréscimo de 13,8%, com queda em 12 das 15 localidades pesquisadas. Os maiores destaques negativos foram: Amazonas (-30,9%), Pernambuco (-29,4%) e Espírito Santo (-26,3%). Minas Gerais (-18,3%), São Paulo (-16,1%), Rio de Janeiro (-14,1%), Paraná (-13,6%), Goiás (-13,4%), Santa Catarina (-11,2%), Ceará (-9,7%), Rio Grande do Sul (-5,7%) e Região Nordeste (-3,2%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, Pará (10,5%), Bahia (10,3%) e Mato Grosso (9,3%) assinalaram as variações positivas.

A variação acumulada nos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente anterior foi de -9,0%, com recuo em 12 dos 15 locais. As principais perdas de dinamismo entre dezembro e janeiro ocorreram nos estados do Espírito Santo (de 4,3% para 0,6%), Pernambuco (de -4,3% para -7,6%), Amazonas (de -16,8% para -18,4%), Minas Gerais (de -7,8% para -9,0%) e Rio de Janeiro (de -6,8% para -7,9%).

 

   
Minas Gerais. Frente a dezembro do ano passado, a produção industrial de Minas Gerais retraiu 1,0% (para dados dessazonalizados) e em comparação a janeiro de 2015, -18,3%. Nesta base de comparação, registrou-se o desempenho negativo dos setores de máquinas e equipamentos (-66,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-42,4%), produtos têxteis (-23,8%), minerais não-metálicos (-20,0%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,8%), metalurgia (-12,8%), outros produtos químicos (-8,5%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-6,9%) e celulose, papel e produtos de papel (-4,2%). Em contraste, três setores apresentaram expansão do produto industrial: produtos do fumo (50,6%), produtos alimentícios (1,8%) e bebidas (1,0%).

São Paulo. Em janeiro deste ano, a indústria paulista apresentou expansão de 1,1% frente a dezembro de 2015, com ajuste sazonal. Entretanto, em relação ao mesmo mês do ano anterior, a produção da indústria paulista teve contração de 16,1%. As atividades que influenciaram esse resultado foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-37,0%), máquinas e equipamentos (-22,7%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-11,1%), produtos de metal (-27,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-37,3%), produtos de borracha e de material plástico (-15,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,7%), outros produtos químicos (-9,1%) e produtos de minerais não-metálicos (-15,0%), enquanto o setor produtor de produtos alimentícios (2,7%) representou o único resultado positivo. Na variação 12 meses, a indústria paulista repetiu a variação de dezembro de 2015, com uma queda de 11,7%.

 

 

 

 

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