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Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que a crise econômica
continua penalizando muito o emprego. A taxa de desocupação
em janeiro atingiu 7,6%, muito superior àquela de janeiro
de 2015 (5,3%) e a maior para este mês desde 2009 (8,2%).
De fato, 2015 foi um ano de escalada do desemprego e 2016 não
deve ficar atrás.
Na origem
dessa trajetória está a queda da população
ocupada, sobretudo na indústria. As crescentes dificuldades
enfrentadas pelo setor industrial levaram ao corte de 298 mil
postos de trabalho entre os meses de janeiro de 2015 e 2016. Isso
representa quase metade da queda da população ocupada
nesse período.
O ritmo de
redução do emprego neste setor se acelerou no último
trimestre de 2015, atingindo o patamar de -8,5% frente ao mesmo
período do ano anterior, e não deu alívio
neste início de 2016. Em janeiro, a queda foi novamente
de 8,5% em comparação com janeiro de 2015. O aspecto
favorável disso é que o movimento não tem
se acelerado nesses últimos quatro meses. O lado ruim é
que a estabilização aconteceu num patamar muito
elevado de retração.
Outro setor
com peso importante na queda do número de ocupados são
os serviços. Os segmentos de serviços domésticos
e outros serviços, juntos, contribuíram com 35%
da redução de empregos em relação
com janeiro do ano passado.
Essa dinâmica
setorial, por sua vez, rebate no tipo de emprego que está
sendo destruído. Como o perfil do emprego industrial é
majoritariamente formal, seu recuo teve grande influência
na perda dos 381 mil postos com carteira assinada, o que representa
cerca de 59% do total. O setor de serviços, por sua vez,
ajuda na redução do emprego sem carteira assinada
(-262 mil trabalhadores).
Essa piora
do emprego, como não poderia ser diferente, vem acompanhada
de declínio do rendimento médio real habitual. O
agravamento do último trimestre de 2015, quando houve queda
de 7,2% frente ao mesmo período do ano anterior, se prolongou
em janeiro de 2016, cuja variação foi de -7,4%.
Como o ano
se inicia já com uma retração de 9,9% da
massa de rendimentos, resultante desse processo de declínio
do emprego e do rendimento, a perspectiva é que a situação
continue complicada tanto para o setor de serviços, que
depende mais da renda corrente, como para o comércio e
a indústria.
O encolhimento
da massa de rendimentos não contribui em nada para o arrefecimento
da contração do crédito às famílias,
muito menos a queda do emprego formal, cuja regularidade dos rendimentos
e a maior estabilidade do trabalho costumam garantir melhores
condições de acesso ao mercado de crédito.
O consumo de bens duráveis, cuja produção
caiu fortemente no último ano, deve assim permanecer restringido
por mais tempo.
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Resultados Gerais. A taxa de desocupação
nas seis regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE foi, em janeiro
de 2016, de 7,6% da População Economicamente Ativa (PEA).
Frente ao mês imediatamente anterior, houve aumento de 0,7 p.p..
Em relação a janeiro de 2015, a taxa de desocupação
avançou 2,3 p.p..
PD, PO e PEA.
Em janeiro de 2016, a população desocupada cresceu
8,4% em relação a dezembro de 2015, atingindo o patamar
de 1,879 milhão de pessoas, e avançou 42,7% em relação
ao mesmo mês do ano anterior. Já a população
ocupada (22,983 milhões) apresentou queda de 1,0% em relação
ao mês anterior e de 2,7% em relação a janeiro de
2015.
A População
Economicamente Ativa, que no mês analisado somou 24,862 milhões
de pessoas no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas
pelo IBGE, apresentou variação de -0,3% na comparação
com o mês imediatamente anterior. Quando comparado ao igual mês
de 2015, a variação foi negativa na mesma ordem (-0,3%).
Regiões.
Na comparação com dezembro de 2015, a taxa de desocupação
cresceu em três das seis regiões metropolitanas pesquisadas
apresentaram: 1,1 p.p. em São Paulo (8,1%), 1,0 p.p. em Belo Horizonte
(6,9%) e 0,5 p.p. de aumento em Recife (10,5%). Rio de Janeiro (5,1%)
e Porto Alegre (5,9%) ficaram estáveis frente ao mês imediatamente
anterior, enquanto Salvador registrou leve queda de 0,1 p.p. (11,8% da
PEA). Já em relação a janeiro de 2015, houve aumento
das taxas de desocupação em todas as regiões metropolitanas:
Recife (+3,8 p.p.), Salvador (+2,2 p.p.), Belo Horizonte (2,8 p.p.), Rio
de Janeiro (+1,5 p.p.), São Paulo (+2,4 p.p.) e Porto Alegre (+2,1
p.p.).
Ocupação
por Posição no Trabalho. O número de trabalhadores
com carteira assinada (12,521 milhões) registrou variação
de -0,2% na comparação com dezembro de 2015. Em relação
ao mesmo mês do ano anterior, houve decréscimo de 3,0% (menos
381 mil postos), o que levou a uma proporção de trabalhadores
com carteira assinada de 54,5% do total de ocupados. Os trabalhadores
sem carteira assinada (2,933 milhões), por sua vez, assinalaram
recuo de 3,4% frente ao mês imediatamente anterior e de 8,2% frente
a janeiro de 2015.
Rendimento
Médio Real dos Ocupados. No mês de janeiro, o rendimento
médio real dos trabalhadores ocupados foi de R$ 2.249,90, apresentando
queda de 1,3% em relação a dezembro de 2015. Frente ao mesmo
mês do ano anterior, o recuo foi de 7,4%. Na análise regional,
em relação ao mês anterior, o rendimento médio
real decresceu em quase todas as Regiões Metropolitanas, exceto
Recife (+1,0%) e Belo Horizonte (+0,5%). São Paulo registrou uma
queda de 1,2%. Em relação a janeiro de 2015, todas as regiões
apresentaram retração: Recife (-3,9%), Salvador (-14,0%),
Belo Horizonte (-9,4%), Rio de Janeiro (9,3-%), São Paulo (-5,9%)
e Porto Alegre (-5,8%).
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