25 de fevereiro de 2016

Emprego
A continuidade da crise


   

 
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que a crise econômica continua penalizando muito o emprego. A taxa de desocupação em janeiro atingiu 7,6%, muito superior àquela de janeiro de 2015 (5,3%) e a maior para este mês desde 2009 (8,2%). De fato, 2015 foi um ano de escalada do desemprego e 2016 não deve ficar atrás.

Na origem dessa trajetória está a queda da população ocupada, sobretudo na indústria. As crescentes dificuldades enfrentadas pelo setor industrial levaram ao corte de 298 mil postos de trabalho entre os meses de janeiro de 2015 e 2016. Isso representa quase metade da queda da população ocupada nesse período.

O ritmo de redução do emprego neste setor se acelerou no último trimestre de 2015, atingindo o patamar de -8,5% frente ao mesmo período do ano anterior, e não deu alívio neste início de 2016. Em janeiro, a queda foi novamente de 8,5% em comparação com janeiro de 2015. O aspecto favorável disso é que o movimento não tem se acelerado nesses últimos quatro meses. O lado ruim é que a estabilização aconteceu num patamar muito elevado de retração.

Outro setor com peso importante na queda do número de ocupados são os serviços. Os segmentos de serviços domésticos e outros serviços, juntos, contribuíram com 35% da redução de empregos em relação com janeiro do ano passado.

Essa dinâmica setorial, por sua vez, rebate no tipo de emprego que está sendo destruído. Como o perfil do emprego industrial é majoritariamente formal, seu recuo teve grande influência na perda dos 381 mil postos com carteira assinada, o que representa cerca de 59% do total. O setor de serviços, por sua vez, ajuda na redução do emprego sem carteira assinada (-262 mil trabalhadores).

Essa piora do emprego, como não poderia ser diferente, vem acompanhada de declínio do rendimento médio real habitual. O agravamento do último trimestre de 2015, quando houve queda de 7,2% frente ao mesmo período do ano anterior, se prolongou em janeiro de 2016, cuja variação foi de -7,4%.

Como o ano se inicia já com uma retração de 9,9% da massa de rendimentos, resultante desse processo de declínio do emprego e do rendimento, a perspectiva é que a situação continue complicada tanto para o setor de serviços, que depende mais da renda corrente, como para o comércio e a indústria.

O encolhimento da massa de rendimentos não contribui em nada para o arrefecimento da contração do crédito às famílias, muito menos a queda do emprego formal, cuja regularidade dos rendimentos e a maior estabilidade do trabalho costumam garantir melhores condições de acesso ao mercado de crédito. O consumo de bens duráveis, cuja produção caiu fortemente no último ano, deve assim permanecer restringido por mais tempo.
  

 
Resultados Gerais. A taxa de desocupação nas seis regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE foi, em janeiro de 2016, de 7,6% da População Economicamente Ativa (PEA). Frente ao mês imediatamente anterior, houve aumento de 0,7 p.p.. Em relação a janeiro de 2015, a taxa de desocupação avançou 2,3 p.p..

PD, PO e PEA. Em janeiro de 2016, a população desocupada cresceu 8,4% em relação a dezembro de 2015, atingindo o patamar de 1,879 milhão de pessoas, e avançou 42,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a população ocupada (22,983 milhões) apresentou queda de 1,0% em relação ao mês anterior e de 2,7% em relação a janeiro de 2015.

A População Economicamente Ativa, que no mês analisado somou 24,862 milhões de pessoas no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, apresentou variação de -0,3% na comparação com o mês imediatamente anterior. Quando comparado ao igual mês de 2015, a variação foi negativa na mesma ordem (-0,3%).

 

 
Regiões. Na comparação com dezembro de 2015, a taxa de desocupação cresceu em três das seis regiões metropolitanas pesquisadas apresentaram: 1,1 p.p. em São Paulo (8,1%), 1,0 p.p. em Belo Horizonte (6,9%) e 0,5 p.p. de aumento em Recife (10,5%). Rio de Janeiro (5,1%) e Porto Alegre (5,9%) ficaram estáveis frente ao mês imediatamente anterior, enquanto Salvador registrou leve queda de 0,1 p.p. (11,8% da PEA). Já em relação a janeiro de 2015, houve aumento das taxas de desocupação em todas as regiões metropolitanas: Recife (+3,8 p.p.), Salvador (+2,2 p.p.), Belo Horizonte (2,8 p.p.), Rio de Janeiro (+1,5 p.p.), São Paulo (+2,4 p.p.) e Porto Alegre (+2,1 p.p.).

Ocupação por Posição no Trabalho. O número de trabalhadores com carteira assinada (12,521 milhões) registrou variação de -0,2% na comparação com dezembro de 2015. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve decréscimo de 3,0% (menos 381 mil postos), o que levou a uma proporção de trabalhadores com carteira assinada de 54,5% do total de ocupados. Os trabalhadores sem carteira assinada (2,933 milhões), por sua vez, assinalaram recuo de 3,4% frente ao mês imediatamente anterior e de 8,2% frente a janeiro de 2015.

Rendimento Médio Real dos Ocupados. No mês de janeiro, o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados foi de R$ 2.249,90, apresentando queda de 1,3% em relação a dezembro de 2015. Frente ao mesmo mês do ano anterior, o recuo foi de 7,4%. Na análise regional, em relação ao mês anterior, o rendimento médio real decresceu em quase todas as Regiões Metropolitanas, exceto Recife (+1,0%) e Belo Horizonte (+0,5%). São Paulo registrou uma queda de 1,2%. Em relação a janeiro de 2015, todas as regiões apresentaram retração: Recife (-3,9%), Salvador (-14,0%), Belo Horizonte (-9,4%), Rio de Janeiro (9,3-%), São Paulo (-5,9%) e Porto Alegre (-5,8%).

 

 

 

 

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