18 de fevereiro de 2016

Emprego Industrial
Perdas em Processo


   

 
O emprego industrial em 2015 regrediu mais uma vez, atingindo uma queda de 6,2%, segundo pesquisa divulgada hoje pelo IBGE. Este foi o quarto ano seguido de perdas de emprego da indústria, depois dos resultados de -1,2%, -1,1% e -3,2% entre 2012 e 2014. No total, a regressão do emprego industrial no último quadriênio chegou a quase 12%. É muita coisa e só de modo muito gradativo será recuperado.

A outra notícia ruim é que, a contar pelos resultados dos últimos meses do ano passado, o quadro não deve ficar melhor nesse início de 2016. As variações em relação ao mesmo período do ano anterior para os meses de outubro (-7,4%), novembro (-7,2%) e dezembro (-7,9%) indicam uma aceleração da redução do pessoal ocupado, denotando que pelo menos nos primeiros meses de 2016 teremos demissões em percentuais maiores do que a média de 2015.

Cabem os seguintes comentários sobre este quadro negativo em 2015. O primeiro deles destaca suas causas, em que pesou a forte retração da produção industrial no último ano. Era inevitável que os cortes sucessivos e cada vez maiores da produção atingissem a capacidade de geração de empregos da indústria. Lembremos que a indústria encolheu 8,3% no ano, sendo 11,8% só no quarto trimestre.

Mas também não deve ser descartada a possibilidade do avanço do processo de automação da indústria, como meio de racionalização de custos. Essa estratégia pode ter ganhado importância justamente porque 2015 foi um ano em que se avolumaram as adversidades impostas ao setor. Vale notar que a parcela do emprego reduzida por esse motivo será mais difícil de ser recuperada.

O segundo comentário chama atenção para seu perfil setorial. Ainda que todos os 18 setores pesquisados pelo IBGE tenham apresentado variações negativas no acumulado do último ano, três deles atingiram patamares de dois dígitos: máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos e de comunicação (-13,9%), fabricação de meios de transporte (-11,4%) e produtos de metal (-10,7%). Máquinas e equipamentos (-8,3%) e metalurgia básica (-7,5%) também apresentaram redução importante do emprego.

Esses setores são representativos do núcleo industrial que mais sofreu em 2015, despontando também no ranking de queda da produção industrial. Seus produtos compreendem tanto bens de capital como bens de consumo duráveis cuja produção regrediu na esteira dos investimentos e do crédito. Ademais, o segmento de metalurgia básica, onde se destacada a produção de aço, sofre o impacto da supercapacidade de produção em nível global.

O desempenho do mês de dezembro, frente ao mesmo mês de 2014, pior do que o resultado anual, sugere ainda que a redução do emprego nesses setores continua em processo: Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos e de comunicação (-16,2%), meios de transporte (-14,3%), máquinas e equipamentos (-11,3%), produtos de metal (-10,5%) e metalurgia básica (-9,4%).
  

 
Resultados Gerais. Em dezembro de 2015, o total do pessoal ocupado assalariado na indústria mostrou variação negativa de 0,6% frente ao patamar do mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, a 12ª queda consecutiva. Na comparação com dezembro de 2014, o emprego industrial mostrou queda de 7,9%. Já o índice acumulado no ano de 2015 ficou em -6,2%.

Setores. Na comparação com mesmo mês do ano anterior, o total do pessoal ocupado assalariado recuou nos 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de meios de transporte (-14,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-16,2%), máquinas e equipamentos (-11,3%), borracha e plástico (-12,7%), vestuário (-9,8%), produtos de metal (-10,5%), minerais não-metálicos (-9,8%), outros produtos da indústria de transformação (-11,2%), alimentos e bebidas (-2,2%), produtos têxteis (-9,2%), metalurgia básica (-9,4%), calçados e couro (-5,3%), papel e gráfica (-3,6%), madeira (-7,9%), indústrias extrativas (-4,4%) e produtos químicos (-1,9%).

No acumulado nos 12 meses do ano de 2015, o emprego industrial mostrou queda de 6,2%, com taxas negativas em todos os setores investigados, com destaque para: meios de transporte (-11,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,9%), produtos de metal (-10,7%), máquinas e equipamentos (-8,3%), alimentos e bebidas (-2,2%), outros produtos da indústria de transformação (-9,7%), vestuário (-6,4%), borracha e plástico (-5,7%), calçados e couro (-6,8%), metalurgia básica (-7,5%), minerais não-metálicos (-4,8%), produtos têxteis (-5,7%), papel e gráfica (-3,5%) e indústrias extrativas (-4,7%).

 

 
Número de Horas Pagas.
Em dezembro de 2015, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, já descontadas as influências sazonais, apontou variação negativa de 0,1% frente ao mês imediatamente anterior. Na comparação com dezembro de 2014, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria recuou 7,4%. Com isso, o total do número de horas pagas apontou perda de 6,7% no índice acumulado de janeiro a dezembro.

Folha de Pagamento Real. Em dezembro de 2015, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente ficou estável frente ao mês imediatamente anterior. Na comparação com dezembro de 2014, o valor da folha de pagamento real recuou 11,5% em dezembro de 2015, sendo que as principais influências negativas foram assinaladas por meios de transporte (-18,1%), máquinas e equipamentos (-14,4%), alimentos e bebidas (-8,3%), produtos de metal (-16,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,3%), borracha e plástico (-11,6%), metalurgia básica (-12,4%), outros produtos da indústria de transformação (-16,6%), produtos têxteis (-14,9%), minerais não-metálicos (-10,3%), indústrias extrativas (-6,4%), calçados e couro (-11,8%), vestuário (-9,4%), produtos químicos (-3,5%), papel e gráfica (-3,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (-7,6%). Em 2015, frente aos dados de 2014, a folha de pagamento assinalou recuo de 7,9%, especialmente devido aos setores produtores de meios de transporte (-13,4%), máquinas e equipamentos (-8,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,8%), alimentos e bebidas (-4,1%), produtos de metal (-12,3%), metalurgia básica (-11,0%), indústrias extrativas (-7,3%), borracha e plástico (-7,5%), outros produtos da indústria de transformação (-10,6%), papel e gráfica (-4,3%), calçados e couro (-9,8%), minerais não-metálicos (-5,4%), produtos têxteis (-7,6%), refino de petróleo e produção de álcool (-6,8%), produtos químicos (-2,0%) e vestuário (-3,7%).

 

 

 

 

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