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O consumo de serviços guarda relações estreitas
com a renda média da população e com o nível
geral de atividade econômica. Para as famílias, representa
uma modernização de estilo de vida que acompanha
a ascensão da sua renda. Muitos desses serviços,
como os de educação, planos de saúde e comunicação,
tornam-se conquistas que as famílias resistem em abrir
mão. Para as empresas, acompanha a sofisticação
da economia, que exige maiores quantidades e diversidade de serviços
técnicos, bem como a concentração de esforços
em seus negócios principais, terceirizando atividades de
apoio.
Por essas
razões, o setor de serviços foi bastante beneficiado
pelo crescimento econômico da última década
e tem apresentado, em comparação com outros setores,
condições um pouco melhores para enfrentar o ambiente
recessivo de 2015, inclusive pelo fato de estar menos suscetível
ao colapso do crédito. Enquanto no ano passado a indústria
encolheu 8,3% e as vendas do comércio varejista 4,3%, o
setor de serviços caiu menos, 3,6%.
Mas ainda
assim houve queda, com destaque para aqueles serviços mais
sensíveis à retração do poder de compra
e do emprego e à deterioração das expectativas
das famílias, como alimentação fora de casa
e viagens, e para aqueles dependentes do ritmo de atividade, como
serviços de transporte.
Se considerarmos
a ocorrência de dois trimestres consecutivos de queda como
critério, o setor de serviços como um todo entra
em nítida recessão a partir de junho de 2015, puxado,
em primeiro lugar, pelos serviços prestados às famílias,
em recessão desde o terceiro trimestre de 2014. Em volume,
estes serviços acumularam no ano passado queda de 5,3%,
condicionados principalmente por aqueles de alojamento e alimentação
(-5,5%).
Os serviços
técnicos profissionais prestados também entraram
em recessão já em 2014, mas a retração
atingiu um patamar mais elevado somente em 2015. No ano, a queda
acumulada foi de preocupantes 9,7%, em muito associada a cortes
de projetos de investimento das empresas e à paralização
do setor de construção, entre outros fatores.
Já
os serviços administrativos e complementares, que incluem
várias atividades terceirizadas pelas empresas, entraram
em recessão apenas no final de 2015, devido a relações
contratuais que lhe conferem alguma inércia temporária
em relação à queda dos negócios. Ainda
assim, caíram 2,4% no acumulado do ano.
Outro segmento
a demorar a entrar em recessão, segundo critério
aqui adotado, foi o de serviços de informação
e comunicação a ponto de ter fechado o ano em estagnação,
devido à sua essencialidade para as famílias e para
as empresas e por ser caracterizado por seguidas inovações
na oferta de seus serviços.
Por sua vez,
o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes
e correio só apresentou seu segundo trimestre de queda
em meados de 2015, ainda que desde o final de 2014 já tivesse
perdido bastante dinamismo. Acumulou no ano passado contração
de 6,1%, em grande medida decorrente da brutal queda de 10,4%
dos transportes terrestres.
O resultado
de outros serviços foi o pior entre os grandes segmentos
pesquisados pelo IBGE. A retração chegou a 9,0%
no ano. Sua composição diversificada, que reúne
serviços financeiros, imobiliários, à agropecuária
e de reparos, lhe dá um comportamento particular, apresentando
variações negativas em quase todos os trimestres
desde 2013. Em 2015, contudo, tornaram-se mais expressivas, especialmente
no segundo semestre (-10,5%).
Em suma, o
desempenho dos serviços em 2015 reforça o caráter
generalizado da crise nesse ano que, de fato, penalizou mais a
indústria, mas não poupou ninguém. O quadro
em que se encontravam os serviços no final do ano passado
traz ainda uma má notícia para os demais setores
da economia, devido, sobretudo, ao fato de ser um setor muito
empregador.
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Resultados Gerais. De acordo com dados divulgados hoje
pela Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE para o mês de dezembro
último, houve queda do volume de serviços prestados sobre
o mesmo mês do ano anterior, de 5,0%. No acumulado do ano de 2015,
a retração foi de 3,6%.
Frente ao mês
de dezembro de 2014, todos os grupos pesquisados apresentaram queda do
volume de vendas. As maiores oscilações negativas ficaram
por conta das categorias outros serviços (-10,0%) e serviços
profissionais, administrativos e complementares (-8,8%). No acumulado
do ano de 2015, o segmento serviços de informação
e comunicação apresentou variação nula, enquanto
todos os outros registraram retração. O pior desempenho
foi do grupo de outros serviços (-9,0%), seguido por transportes,
serviços de transportes e correio (-6,1%).
Segmentos.
O segmento de Serviços prestados às famílias apresentou
uma queda de 7,0% no volume de serviços, em dezembro sobre igual
mês do ano anterior, mantendo a série constante de variações
negativas de volume, a partir de maio de 2014. A variação
acumulada, no ano ficou em -5,3%, resultado da queda de 5,5% de Serviços
de alojamento e alimentação e de 4,0% de Outros serviços
prestados às famílias.
Os Serviços
de informação e comunicação registraram variação
de -0,4% no volume de serviços em dezembro, na comparação
com igual mês do ano anterior. A variação acumulada
no ano ficou em 0,0%. Esse resultado foi influenciado pela alta de 0,6%
do volume de Serviços de tecnologia da informação
e comunicação-TIC (-0,4% de Telecomunicações
e +4,5% de Serviços de tecnologia da informação)
e a retração de 3,8% de Serviços audiovisuais, de
edição e agências de notícias.
O segmento de Serviços
profissionais, administrativos e complementares apresentou queda no volume
de serviços de 8,8%, em dezembro, na comparação com
o mesmo mês do ano anterior. A variação de volume
acumulada no ano ficou em -4,3%. Entre seus componentes, os Serviços
técnico-profissionais (mais intensivos em conhecimento) apresentaram
recuo no ano de 9,7% em volume de serviços e os Serviços
administrativos e complementares (intensivos em mão-de-obra),por
sua vez, caíram 2,4%.
O segmento de Transportes,
serviços auxiliares dos transportes e correio registrou variação
negativa de volume de 6,9%, em dezembro, na comparação com
o mesmo mês do ano anterior. A variação de volume,
acumulada no ano ficou em
-6,1%. Por modalidade, os resultados acumulados em 2015 de volume foram:
Transporte terrestre, com -10,4%, Transporte aquaviário, com 17,6%
e Transporte aéreo, com 4,3%. A atividade de Armazenagem, serviços
auxiliares dos transportes e correio apresentou decréscimo de 4,0%.
O segmento de Outros
serviços apresentou variação de volume de -10,0%,
em dezembro de 2015 frente ao mesmo mês do ano anterior, e de -9,0%
no acumulado do ano.
As Atividades turísticas
registraram queda de volume de 1,4% em dezembro, na comparação
com dezembro de 2014. A variação acumulada no ano ficou
em -2,1%.
Regional.
Na análise por unidade federativa, apenas o estado de
Rondônia registrou crescimento do volume de serviços na comparação
do ano de 2015 com 2014, de 5,3%. Todos os demais apresentaram desempenho
negativo, capitaneados por Amapá (11,8%), Maranhão (-11,3%),
Amazonas (-9,8%), Paraíba (-6,2%), Espírito Santo (-6,1%),
Bahia (-6,0%), Sergipe (-5,4%), Piauí (-5,4%) e Acre (-5,4%). São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram oscilações
negativas de -3,0%, -3,1% e -4,5%, respectivamente.
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