5 de fevereiro de 2016

Indústria Regional
Os líderes da queda em 2015 –
São Paulo, Rio Grande do Sul e Amazonas


   

 
A divulgação pelo IBGE dos dados regionais da produção industrial para o mês de dezembro encerra a análise conjuntural de um ano que muitos sonham em esquecer. Conforme vínhamos destacando, a crise foi generalizada, atingindo a grande maioria das localidades pesquisadas. Poucos foram aqueles que, apoiados no setor extrativo, conseguiram resistir à retração.

Em 2015 houve queda da produção em 12 das 15 localidades pesquisadas. Dentre elas, algumas localidades com parques industriais importantes tiveram recuos muito superiores ao agregado nacional (-8,3%). São os casos de Amazonas (-16,8%), Rio Grande do Sul (-11,8%) e São Paulo (-11,0%), indicando a gravidade da crise enfrentada no ano passado.

O desempenho de Amazonas e Rio Grande do Sul está fortemente associado aos setores mais atingidos pela crise, a saber, bens de consumo duráveis e bens de capital, com fortes representações nas indústrias desses estados. As principais contribuições negativas para a produção industrial amazonense vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,4%) e outros equipamentos de transporte (-17,6%), no qual se destaca muito a produção motocicleta; e para a indústria gaúcha, veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,9%) e máquinas e equipamentos (-26,3%).

Já a contração da indústria paulista tem um significado todo especial, dada a sua complexidade. O seu desempenho -11%, como assinalado anteriormente, indica que as dificuldades foram transversais, atingindo todos os setores. Não é por acaso que em São Paulo nenhum ramo se salvou; todas as 18 atividades pesquisadas caíram. As principais contribuições vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-22,6%), máquinas e equipamentos (-13,8%) e produtos alimentícios (-6,2%).

Contudo, no segundo semestre do ano o ritmo de queda da produção em São Paulo parece ter se estabilizado, como mostram as variações trimestrais: -5,9%, -11,5%, -13,0% e -12,9%, sempre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Apesar do patamar elevado, o fato de o quadro ter parado de piorar em São Paulo pode servir de algum alento para o desempenho da indústria nacional em 2016.

A constatação também cabe a outros poucos estados, como para Santa Catarina (-9,8% e -9,3% no terceiro e quarto trimestres, respectivamente), Pernambuco (-4,9% e -4,6%), Ceará (-12,1% e -10,5%) e Rio Grande do Sul (-12,5% e -14,1%). As demais localidades infelizmente continuam em uma trajetória de crescente deterioração, a exemplo do Nordeste (-0,8% e -5,1% nos dois últimos trimestres).

Em suma, as perspectivas para 2016 parecem contar, por hora, com uma boa notícia que é um possível fundo de poço para a produção industrial de São Paulo, cujo peso na produção nacional é importante. Entretanto, ainda não há motivos de comemoração pelo menos por duas razões. A primeira delas é que a produção da indústria paulista ainda cai muito. A segunda é que esse comportamento é verificado em poucas localidades, sendo que a situação nas demais ainda é de piora.
  

 
Resultados Gerais. Na passagem de novembro a dezembro de 2015, a redução da produção industrial nacional (-0,7%), na série com ajuste sazonal, foi acompanhada por 9 dos 14 locais pesquisados. Os recuos mais acentuados ocorreram em Pernambuco (-11,9%), Amazonas (-7,1%) e Santa Catarina (-5,4%). São Paulo (-2,3%), Pará (-1,8%) e Espírito Santo (-1,7%) também assinalaram quedas mais intensas que a média nacional, enquanto Paraná (-0,7%), Goiás (-0,6%) e Região Nordeste (-0,4%) foram os demais resultados negativos. Em contraste, Rio Grande do Sul (1,8%), Bahia (1,4%), Rio de Janeiro (1,3%), Minas Gerais (+1,1%) e Ceará (+0,6%) registraram as variações positivas do mês.

Frente a dezembro de 2014, a queda foi de 11,9% para o indicador nacional, com destaque negativo para os estados do Amazonas (-30,0%), Espírito Santo (-19,1%) e Paraná (-16,1%), seguidos por Ceará (-13,4%) e São Paulo (-12,4%). Mato Grosso (+18,7%) e Pará (+3,7%) foram os únicos resultados positivos.

No acumulado no ano de 2015, houve redução na produção industrial nacional em 12 dos 15 locais pesquisados: Amazonas (-16,8%), Rio Grande do Sul (-11,8%), São Paulo (-11,0%), Ceará (-9,7%), Paraná (-9,6%), Santa Catarina (-7,9%), Minas Gerais (-7,9%), Bahia (-7,0%), Rio de Janeiro (-6,5%), Pernambuco (-3,5%), Região Nordeste (-3,0%) e Goiás (-2,5%). Por outro lado, Pará (5,7%), Mato Grosso (4,7%) e Espírito Santo (4,4%) assinalaram os avanços no ano.

 
Rio Grande do Sul. Na comparação com novembro de 2015, a indústria gaúcha assinalou alta de 1,8%, segunda taxa positiva consecutiva nesta comparação. No confronto com dezembro de 2014, constatou-se recuo de 11,5%, devido, em grande parte, ao desempenho dos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-35,2%) e de máquinas e equipamentos (-24,4%). Outras contribuições negativas relevantes vieram das atividades de metalurgia (-56,1%), de produtos de metal (-15,6%), de móveis (-21,2%), de produtos de borracha e de material plástico (-16,6%), de produtos de fumo (-34,3%) e de bebidas (-9,2%). No acumulado de 2015, a produção industrial do estado decresceu 11,8%, sob influência, principalmente, dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,9%) e de máquinas e equipamentos (-26,3%), enquanto celulose, papel e produtos de papel (37,8%) e de outros produtos químicos (2,6%), registraram os dois únicos avanços de 2015.

São Paulo. Na comparação com mês imediatamente anterior, a indústria de São Paulo recuou 2,3%. Frente a dezembro de 2014, a indústria paulista apresentou contração de 12,4%; essa taxa foi condicionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,3%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-15,6%), máquinas e equipamentos (-25,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-47,6%), produtos de metal (-25,4%), outros produtos químicos (-12,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-18,0%), produtos de borracha e de material plástico (-13,2%), produtos de minerais não-metálicos (-15,5%) e metalurgia (-15,7%). Produtos alimentícios (22,8%), por sua vez, foi o resultado positivo mais relevante. No acumulado do ano, o estado apresentou contração de 11,0% de sua produção industrial, condicionada por todos os 18 setores analisados no estado. Os destaques ficaram para: veículos automotores, reboques e carrocerias (-22,6%), máquinas e equipamentos (-13,8%), produtos alimentícios (-6,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-27,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,4%), produtos de borracha e de material plástico (-9,3%), outros produtos químicos (-6,6%) e metalurgia (-13,0%).

 

 

 

 

 

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