1º de fevereiro de 2016

Balança Comercial
Exportações: ainda sem sinais de melhora


   

 
O ano de 2016 começa com registro positivo na balança comercial, algo que não ocorria desde 2011. Em janeiro, o superávit comercial foi de US$ 923 milhões, resultado de exportações de US$ 11,24 bilhões e de importações de 10,32 bilhões. Em meio a tantos indicadores negativos, esta é uma boa notícia.

No entanto, o desempenho das exportações continua decepcionante, teimando em não reagir mais intensamente à desvalorização da taxa de câmbio. Nossa dessazonalização indica queda de 1,8% da média das exportações por dia útil em janeiro de 2016 frente a dezembro de 2015. Em relação a janeiro do ano passado, houve variação de -13,8%.

As exportações de bens básicos tiveram recuo 14,7% frente a janeiro de 2015, sendo seguidas pelas vendas externas de bens industrializados (-12,6%). Na evolução deste último conjunto de bens se destacou a contração de 21,4% de semimanufaturados. Também caíram as exportações de bens manufaturados (-8,2%), depois de terem apresentado variação positiva no mês anterior.

Com isso, a média móvel trimestral das exportações totais por dia útil voltou a apresentar piora, passando de -6,9%, em dezembro, para -9,6%, em janeiro, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas ficou longe do patamar de -19,4% verificado em setembro de 2015.

Resumindo-se, ainda estão por aparecer os sinais inequívocos de que nossas exportações, em especial as de manufaturados, já estejam reagindo ao câmbio. Como vimos ao longo do último ano, a melhora da balança continua sendo produzida pela involução das importações diante do ambiente recessivo em que o país se encontra.
  

 
Em janeiro, de acordo com dados divulgados pelo MDIC, a balança comercial brasileira atingiu saldo de US$ 923,0 milhões, frente a déficit de US$ 3,17 bilhões em janeiro de 2015. Enquanto as exportações alcançaram US$ 11,246 bilhões, valor -17,9% inferior ao do mesmo mês do ano passado (US$ 13,704 bilhões), as importações foram de US$ 10,323 bilhões, valor -38,8% menor que janeiro último (US$ 17,193 bilhões).

Em janeiro, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 562,3 milhões, 13,8% inferior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 653 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa maior, de -35,8%, ao atingir US$ 516,2 milhões, frente a US$ 803,5 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 46,2 milhões enquanto em janeiro passado, foi registrado saldo médio diário de US$ -151,0 milhões.

 

 
E
xportações por Fator Agregado. As exportações em janeiro atingiram US$ 11,246 bilhões. Deste valor, US$ 4,753 bilhões (42,3%) dizem respeito a exportação de produtos básicos, US$ 1,853 bilhões (16,5%) a produtos semimanufaturados e US$ 4,338 bilhões (38,6%) a produtos manufaturados.

A partir de dados dessazonalizados pela metodologia X-12 ARIMA, frente ao mês de dezembro, a exportação total apresentou queda de 14,6%, puxada pelas retrações de 18,5% da categoria de produtos manufaturados, de 19,9% de produtos semimanufaturados e de 2,9% de produtos básicos.

Em relação ao mês de janeiro de 2015, as exportações registraram queda de 17,9%. As maiores variações negativas vieram de produtos básicos (-18,7%), manufaturados (-12,6%) e semimanufaturados (-25,1%). A única variação positiva foi apresentada por operações especiais (117,3%),

Importações por Categoria de Uso. As importações totais em janeiro somaram US$ 10.323 bilhões, dos quais US$ 1.933 bilhões (18,7%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 5.948 bilhões (57,6%) a matérias-primas e intermediários, US$ 573 bilhão (5,6%) a bens de consumo não-duráveis, US$ 255,0 milhões (2,5%) a bens de consumo duráveis e US$ 0,846 bilhão (8,0%) a combustíveis.

Nota-se que houve alteração metodológica na apuração das categorias “bens de capital”, “bens de consumo” e “bens intermediários”. A principal mudança consiste na forma como essas categorias são divididas. Na prática, as alterações serão as seguintes: produtos classificados como “peças e partes de bens de consumo” e “peças e partes de bens de capital” serão agora incluídos em “bens intermediários” e não mais em “bens de consumo” e “bens de capital”, respectivamente. Como ainda não houve a atualização da série histórica completa, a análise das variações sobre o mês anterior o mesmo mês do ano anterior fica comprometida.

 

 

 

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