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A evolução do desemprego em 2015 foi digna de nota,
para dizer o mínimo. Em apenas doze meses, a taxa de desocupação
saltou de 4,3% em dezembro de 2014 para 6,9% em dezembro de 2015.
Voltamos assim a um patamar de desemprego muito próximo,
um pouco superior até, daquele provocado pelo impacto da
crise global (6,8% em dez/09). Regredimos em um ano o que tínhamos
progredido em cinco.
A escalada
do desemprego deveu-se sobretudo à queda do número
de pessoas ocupadas. Em 2015, foram 642 mil trabalhadores a perderem
seus empregos. Isso representa uma redução acumulada
no ano de 1,6%.
Essa variação
esconde uma trajetória nociva em que os recuos foram cada
vez mais expressivos a cada trimestre do ano: -0,7%, -0,8%, -1,4%
e finalmente -3,3%, em relação aos mesmos trimestres
de 2014.
O motor desse
processo foi a queda da ocupação da indústria,
que já vinha ocorrendo desde outubro de 2013. A essa altura
dos acontecimentos, não há surpresa nesta afirmação.
A diferença, agora, não se deve tão somente
ao agravamento da crise industrial, que por certo ocorreu, mas
também ao fato de que os demais setores deixaram de compensar
o impacto da desindustrialização sobre o emprego.
Vamos aos
números: a indústria foi responsável por
quase metade da redução total dos ocupados, -296
mil pessoas entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015, sendo apenas
de longe seguida pelo comércio (-112 mil) e por serviços
(-103 mil).
Aqui se revela
outra consequência extremamente adversa da crise industrial.
Em função do tipo de contratação mais
frequente na indústria, a redução de sua
população ocupada determinou a queda da formalização
para o conjunto do país. É sobretudo por essa razão
que houve redução de 656 mil ocupados com carteira
assinada nas seis maiores regiões metropolitanas.
Parte desse
contingente, premida pela necessidade, certamente migrou para
ocupações por conta própria, ajudando a explicar
o aumento de 205 mil ocupados nesta categoria. Trata-se assim
de um “empreendedorismo forçado”, que não
raras vezes vem acompanhado da perda de rendimentos.
Isso nos leva
a um último aspecto a ser destacado na pesquisa. O rendimento
médio real habitual no acumulado do ano sofreu contração
de 3,7%. O último ano a apresentar variação
negativa foi 2004, mas em um nível muito menor (-1,2%).
E como no caso da ocupação, o quadro estava muito
pior no último trimestre (-7,2%).
A velocidade
do processo de deterioração é que marca o
ano de 2015. O declínio do emprego que começou de
forma tímida no segundo semestre de 2014 avançou
rapidamente ao longo do ano passado a ponto de gerarem perdas
recordes. E as condições que levaram a isso permaneciam
integralmente de pé na virada do ano, razão pela
qual essa trajetória deve continuar nesse início
de 2016.
O mesmo vale
para a massa real de rendimentos, base do consumo de bens agrícolas,
industriais e de serviços. Seu declínio mediu ao
longo do último ano 5,2%, o que não tem paralelo
na base de dados do IBGE, e no último trimestre mostrou
tendência clara de intensificação (-10,2%).
Sinal de que os primeiros meses de 2016 poderão ser negativos
para o varejo e para a compra de serviços no Brasil.
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Resultados Gerais. Em dezembro, a taxa de desocupação
foi estimada em 6,9%, resultado 0,6 ponto percentual (p.p.) inferior ao
dado do mês imediatamente anterior (sem ajuste sazonal). Entretanto,
este foi o pior resultado para um mês de dezembro desde 2007 (7,4%).
A taxa de desocupação média de janeiro a dezembro
de 2015 foi estimada em 6,8%, contra apenas 4,8% em 2014.
Regiões. Regionalmente,
na passagem de novembro para dezembro de 2015, a taxa de desocupação
recuou em todas as regiões metropolitanas pesquisadas: Recife (10,0%),
Rio de Janeiro (5,1%) e Porto Alegre (5,9%) registraram recuo de 0,8 p.p.;
Salvador (11,9%) e São Paulo (7,0%) recuaram 0,4 p.p. e Belo Horizonte
foi a localidade a assinalar o menor recuo (-0,2 p.p., fechando o ano
em 5,9% da PEA). Em relação a dezembro de 2014, por sua
vez, todas assinalaram avanço da taxa de desocupação:
Recife (+4,5 p.p.), Salvador (+3,8 p.p.), Belo Horizonte (+3,0 p.p.),
São Paulo (+2,6 p.p.), Porto Alegre (+2,3%) e Rio de Janeiro (+1,6
p.p.).
PD, PO e PEA.
Em dezembro de 2015, a população desocupada nas
seis regiões pesquisadas (1,733 milhão) recuou 7,5% em relação
a novembro (1,874 milhão) e cresceu 61,5% contra dezembro de 2014
(1,073 milhão). Na média do ano, a população
desocupada foi estimada em 1,71 milhão de pessoas, 42,5% acima
da média de 2014 (1,2 milhão). Já a população
ocupada chegou a 23,213 milhões, crescendo 0,3% em relação
a novembro e recuando (-2,7%) frente a dezembro de 2014. Na média
anual, a população ocupada foi de 23,341 milhões
de pessoas, recuando 1,6% em relação a 2014. A população
economicamente ativa, por sua vez, totalizou 24,946 milhões de
pessoas em dezembro de 2015, representando uma queda de 0,3% frente a
novembro de 2015 e pequena alta de 0,1% frente a dezembro de 2014.
Ocupação por Posição na Ocupação.
No mês de dezembro, os 23,2 milhões de ocupados
distribuíram-se majoritariamente em trabalhadores com carteira
assinada (12,54 milhões), trabalhadores por conta própria
(4,65 milhões) e empregados sem carteira assinada (3,03 milhões).
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior),
a única ocupação a assinalar alta foi conta própria
(+4,6%), enquanto o número dos trabalhadores com carteira (-5,0%)
e sem carteira (-4,5%) registrou queda.
Setores. O
número de ocupados registrou alta passagem de novembro para dezembro
especialmente nos setores de serviços domésticos (2,5%)
e comércio, reparação de veículos automotores
e de objetos pessoais e domésticos (2,2%). As principais quedas
foram verificadas na indústria extrativa e de transformação
e produção e distribuição de eletricidade,
gás e água (-3,6%) e na construção civil (-3,9%).
Na comparação entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015,
o único setor a registrar alta no número de ocupados foi
outras atividades (7,5%), enquanto os destaques negativos foram a indústria
(-8,3%), intermediação financeira (-2,6%) e comércio
(-2,5%).
Rendimento
Médio Real. O rendimento médio real habitual dos
trabalhadores foi estimado, para o conjunto das seis regiões pesquisadas,
no mês de dezembro de 2015, em R$ 2.235,50. Este resultado ficou
1,4% acima do registrado em novembro e 5,8% abaixo do assinalado em dezembro
do ano passado (R$ 2.373,02). Regionalmente, em relação
a novembro de 2015, o rendimento apresentou retração em
Belo Horizonte (-3,0%) e Salvador (-0,9%). Por sua vez, Recife (2,9%),
São Paulo (2,7%), Rio de Janeiro (1,4%) e Porto Alegre (0,9%) assinalaram
alta. Frente a dezembro de 2014, o rendimento apresentou resultado negativo
em todas as regiões metropolitanas: Salvador (-10,9%), Belo Horizonte
(-8,5%), Rio de Janeiro (-7,9%), Porto Alegre (-7,0%), São Paulo
(-3,8%) e Recife (-3,5%).
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