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A pesquisa do Banco Central sobre a evolução do
crédito bancário divulgada hoje mostra que as concessões
totais caíram mais uma vez. Em dezembro de 2015, a variação
real (deflacionada pelo IPCA) foi de -15,7% em relação
ao mesmo mês do ano anterior. Com isso, a contração
do crédito no acumulado de 2015 chegou a 11,3% em termos
reais. Esse desempenho merece alguns comentários.
Em primeiro
lugar, é verdade que contribuiu para isso a redução
da demanda por crédito, devido ao ambiente econômico
recessivo. Mas a elevação dos juros pelo Banco Central
e a crescente aversão a riscos dos bancos também
impuseram um endurecimento das condições de oferta
creditícia, com aumento das taxas de empréstimos
e dos spreads e exigências maiores nas avaliações
de risco.
Assim, fatores
de demanda e de oferta combinaram-se e levaram a quedas cada vez
mais intensas do crédito. No primeiro trimestre de 2015
o recuo das concessões totais era 7,7%, em termos reais,
frente ao mesmo período de 2014, passando para 9,2% e 12,4%
nos trimestres subsequentes, para chegar em 15,6% no último
trimestre do ano. Isto mostra que o quadro está em deterioração.
Outro comentário
pertinente é que, diferentemente dos anos anteriores, o
crédito direcionado, em boa medida concedido por bancos
públicos, não só não funcionou de
forma anticíclica como seu comportamento aprofundou a crise
do crédito. No ano, enquanto este último retrocedeu
8,9% em termos reais, as concessões do crédito direcionado
despencaram 25,6% (31,6% só no último trimestre).
Influenciaram
esse movimento a suspensão dos projetos de investimento,
as restrições ao funding do financiamento imobiliário,
devido aos grandes saques das cadernetas de poupança, bem
como o ajuste das contas públicas. No ano, o crédito
imobiliário às famílias ficou 28,8% menor,
em termos reais, e as operações do BNDES com as
empresas, 32,5%.
O último
comentário destaca o fato de que tanto as empresas como
as famílias foram penalizadas. As concessões para
as empresas tiveram quedas reais superiores a 10% em todos os
trimestres, fechando o ano em -12,8%. O crédito às
famílias retrocedeu mais intensamente no segundo semestre,
acumulando queda real de 9,9% no ano.
Já
a elevação dos spreads e dos juros médios
afetou mais as famílias (+5,1 p.p. e +7,2 p.p., respectivamente),
mas não isentou as empresas (+1,9 p.p. e +4,4 p.p., respectivamente).
Quanto à inadimplência, ocorreram aumentos de 0,5
p.p. no crédito às famílias e de 0,7 p.p.
às empresas; mas o fato a ser observado é que dada
a gravidade da recessão essas variações podem
ser consideradas moderadas.
Em suma, por
encarecer e rarear a concessão de crédito, e pela
impossibilidade de se utilizar o crédito direcionado como
instrumentos anticíclico, o sistema de crédito foi
parte relevante na forte recessão que se abateu sobre a
economia brasileira.
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Os dados de crédito do Brasil divulgados hoje pelo Banco Central
indicaram que a participação do crédito no PIB alcançou
54,3% em dezembro, uma expansão de 0,5 p.p. frente a novembro e
aumento de 1,2 p.p. sobre dezembro de 2014. Do saldo total, 28,8% referem-se
às operações realizadas junto a pessoas jurídicas
e 25,5% a pessoas físicas.
O saldo de crédito
concedido por instituições financeiras públicas chegou
a 30,4% do PIB, aumentando sua participação em aproximadamente
9,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já
as instituições financeiras privadas atingiram 23,9% do
PIB, sendo 15,9% de instituições nacionais e 8,0% de instituições
estrangeiras.
No mês de dezembro
foram concedidos R$ 343,8 milhões em novas operações
de crédito, frente a R$ 408,0 milhões (em termos reais)
no mesmo mês do ano passado, o que representa uma variação
negativa de 15,7%. Em relação ao mês de novembro,
a variação real foi positiva em 13,8%.
A participação das operações junto a pessoas
jurídicas representou 50,4% das novas operações de
crédito (aumento de 1,7 p.p. em relação a dezembro
de 2014 e de 4,4 p.p. em relação a novembro de 2015), ao
passo que participação das operações junto
a pessoas físicas atingiu 49,6% (queda de 1,7 p.p. frente a dezembro
último e de 4,4 p.p. frente a novembro de 2015).
A inadimplência
total de dezembro manteve-se estável, em 3,4%. Nas operações
ligadas a pessoas físicas, a taxa de inadimplência apresentou-se
constante a 4,2%; sendo 2,0% para operações de recursos
direcionados e 6,1% de recursos livres (2,20% e 6,00%, respectivamente,
em novembro de 2015). Para operações junto a pessoas jurídicas,
a taxa não apresentou variação, em 2,6%, em relação
ao mês anterior; 0,9% nos contratos feitos com recursos direcionados
e 4,5% para recursos livres (0,9% e 4,5% em outubro, respectivamente).
As taxas médias
anuais dos contratos, em juros nominais, atingiram 20,9% e 37,9% para
pessoas jurídicas e físicas, respectivamente. Em novembro,
estas mesmas taxas alcançaram 21,2% a.a. e 38,7% a.a. Para pessoas
jurídicas, as taxas médias de juros praticadas nas operações
com recursos livres e recursos direcionados foram de 32,0% a.a. e 10,1%
a.a. respectivamente. Para as pessoas físicas as taxas médias
foram de 63,7% a.a. para operações recursos livres e 9,7%
para operações com recursos direcionados.
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