22 de janeiro de 2016

Emprego Industrial
Desindustrialização


   

 
A pesquisa do IBGE divulgada hoje traz mais um episódio da crise do emprego industrial. Em novembro, houve contração de 0,4% frente a outubro de 2015 (sem efeitos sazonais) e de 7,2% em relação a novembro de 2014. Já são 50 meses de variações negativas consecutivas frente ao mesmo mês do ano anterior.

O fechamento de postos de trabalho na indústria é justamente um dos sintomas mais evidentes da desindustrialização, como muitos autores defendem. A comparação do nível atual de pessoas ocupadas com o último pico histórico sugere o tamanho do problema em que nos encontramos.

Em novembro de 2015 frente a agosto de 2011, a queda do emprego industrial foi da ordem de 15%, o que em nenhuma hipótese é pouca coisa. O mesmo patamar é obtido se considerarmos o pico de julho de 2008. Para essas mesmas comparações, a produção industrial caiu 21% e 19%, respectivamente. Trata-se, portanto, de um processo pós crise global, cujas raízes encontram-se tanto no baixo crescimento das economias e do comercio internacional como em fatores domésticos.

Ao menos três etapas caracterizam esse período no Brasil, passado o choque inicial da crise externa. Na primeira metade de 2011 encontra-se o auge do emprego, seguido de um lento declínio entre setembro deste ano e fevereiro de 2014. Desde então, o emprego industrial entra em queda livre.

E existe ainda um agravante: este processo está em pleno progresso. Assim, se no início de 2015 o patamar da involução do desemprego na indústria era de 4%, em março sobe para 5% e evolui para 6% em setembro, até ultrapassar 7% em novembro.

A trajetória das horas pagas é igualmente preocupante, dado que sua contração de 7,7% é superior à do pessoal ocupado, indicando que o enxugamento dos quadros da indústria deve continuar.

Nesse contexto, alguns setores sofrem mais do que outros. Alguns deles tiveram contração brutal em novembro: máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,8% frente a nov/14), meios de transporte (-14,1%), borracha e plástico (-12,5%), produtos de metal (-11,7%) e máquinas e equipamentos (-10,0%). Destaca-se, dessa forma, a destruição do emprego dos setores de bens de capital, que lideram também o declínio da produção industrial e refletem a crise do investimento.
  

 
Resultados Gerais. Em novembro, o emprego industrial assinalou queda de 0,4% em comparação ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores no setor industrial assinalou decréscimo de 7,2%, 50ª taxa negativa consecutiva nesta comparação. No acumulado entre janeiro e novembro de 2015 frente a igual período de 2014, o emprego fabril registrou queda de 6,0%. No acumulado nos últimos doze meses em relação a período imediatamente anterior, o emprego obteve decréscimo de 5,9%, comparativamente a -5,6% obtido em outubro.

Setores. Na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve queda do emprego em 17 dos 18 ramos pesquisados. Os segmentos que representaram as maiores contribuições negativas foram: meios de transporte (-14,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,8%), máquinas e equipamentos (-10,0%), borracha e plástico (-12,5%), produtos de metal (-11,7%), vestuário (-9,0%), minerais não-metálicos (-9,4%), outros produtos da indústria de transformação (-11,0%), produtos têxteis (-9,2%), metalurgia básica (-9,1%), calçados e couro (-5,1%), papel e gráfica (-3,6%), indústrias extrativas (-5,1%) e madeira (-5,6%). O único resultado positivo foi assinalado por refino de petróleo e produção de álcool (0,7%).

No acumulado do ano, todos os setores registraram queda no emprego industrial. As contribuições negativas mais significativas vieram dos setores produtores de meios de transporte (-11,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,7%), produtos de metal (-10,7%), máquinas e equipamentos (-8,0%), alimentos e bebidas (-2,2%), outros produtos da indústria de transformação (-9,6%), vestuário (-6,0%), calçados e couro (-6,9%), borracha e plástico (-5,0%), metalurgia básica (-7,3%), minerais não-metálicos (-4,3%), produtos têxteis (-5,3%), papel e gráfica (-3,5%) e indústrias extrativas (-4,7%).

 

 
Número de Horas Pagas.
O número de horas pagas obteve redução de 0,2% na passagem entre outubro e novembro na série livre dos efeitos sazonais. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de horas pagas aos trabalhadores assinalou decréscimo de 7,7%. Setorialmente, os maiores impactos negativos vieram de meios de transporte (-15,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,7%), borracha e plástico (-13,6%), produtos de metal (-12,0%), máquinas e equipamentos (-9,5%), vestuário (-9,4%), outros produtos da indústria de transformação (-12,0%), minerais não-metálicos (-9,9%), produtos têxteis (-9,2%), metalurgia básica (-11,5%), papel e gráfica (-5,0%), calçados e couro (-4,9%), indústrias extrativas (-5,7%) e alimentos e bebidas (-0,6%). Na comparação acumulada no ano, houve recuo no número de horas pagas de 6,6%, enquanto nos últimos doze meses, a variação foi de -6,5%.

Folha de Pagamento Real. No mês de novembro, a folha de pagamento real na indústria apresentou queda de 2,2% em relação ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais. Frente a novembro de 2014 o resultado registrou recuo de 10,6%. Esse desempenho deveu-se ao decréscimo da folha de pagamento real em todos os setores pesquisados, com destaque para os setores produtores de meios de transporte (-20,9%), máquinas e equipamentos (-11,6%), produtos de metal (-16,6%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,8%) e metalurgia básica (-12,9%). Na comparação anual, essa variável decresceu 7,5% contra igual período de 2014, enquanto nos últimos 12 meses, a variação foi de -7,1%.

 

 

 

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