13 de janeiro de 2016

Comércio Varejista
Grandes, médias e pequenas perdas


   

 
Segundo a pesquisa do IBGE divulgada hoje, o volume de vendas do comércio varejista cresceu, em novembro, 1,5% em relação a outubro, já descontados os efeitos sazonais. Para o varejo ampliado (inclui automóveis e materiais de construção), a variação foi um pouco menor, mas ainda assim positiva (0,5%). Mas essa não foi a tônica do ano, em que prevaleceram seguidas perdas. Frente a novembro de 2014, o desempenho continuou negativo: -7,8% no conceito restrito e -13,2% no conceito ampliado.

A ocorrência de taxas positivas nos dados de ponta tanto em outubro (0,5%) como agora em novembro poderia sugerir algum início de recuperação, mas é preciso um pouco mais de tempo para vermos se este é efetivamente o caso. Isso porque novembro foi um mês de promoções no comércio que podem ter afetado significativamente o resultado do mês.

Seja como for, o quadro de 2015 já está dado. As variações do volume de comércio no acumulado janeiro a novembro permitem a identificação de 4 grandes grupos de setores.

O primeiro compreende os setores gravemente afetados pela crise, com quedas de dois dígitos. São eles: veículos e motos, partes e peças (-17,6%) e móveis e eletrodomésticos (-13,5%), cujas vendas vêm sendo fortemente afetadas pela elevação dos juros e pela restrição ao crédito impostas pelos credores e também pelo receio dos consumidores em assumir novos compromissos futuros.

Livros, jornais, revistas e papelaria também pertencem a esse grupo, com queda de 10,4% das vendas, refletindo não apenas a crise econômica, mas também a concorrência de conteúdos eletrônicos, vendidos pela internet.

No grupo seguinte, o dos setores muito afetados, estão tecidos, vestuário e calçados (-8,4%), material de construção (-8,0%) e combustíveis e lubrificantes (-5,8%). Neste último caso, a razão para a queda das vendas foi certamente a forte elevação dos preços dos combustíveis. Nos dois primeiros setores, as vendas foram prejudicadas por um misto de piora das condições de crédito e queda da massa de rendimento das famílias.

O grupo dos moderadamente afetados, por sua vez, inclui hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,3%). Esses setores, de grande peso no comércio varejista, também sofreram com a trajetória da massa de rendimento, mas seu mix diversificado de produtos e a essencialidade de alguns deles amenizaram suas perdas.

Por fim, temos o pequeno grupo daqueles que conseguiram manter algum crescimento: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+3,0%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (+0,1%). A má notícia é que os dados mais de ponta mostram que ambos caminham para o campo negativo.

Em suma, 2015 foi um ano ruim para praticamente todos os setores do comércio, ainda que alguns deles venham fraquejando penas nos últimos meses do ano, já perto de taxas negativas.


  

 
Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em novembro, com dados já ajustados sazonalmente, cresceu 1,5%. No confronto com o mesmo mês de 2014, o volume de vendas apresentou recuo de 7,8%. No acumulado nos onze primeiros meses do ano, frente mesmo período de 2014, verificou-se queda de 4,0% do volume de vendas. Já a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de -3,5%.

Setores. Na série ajustada sazonalmente, cinco atividades tiveram variações positivas: móveis e eletrodomésticos (6,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%) e tecidos, vestuário e calçados (0,6%) e equipamentos de escritório, informática e comunicação (17,4%). Por outro lado, entre as atividades com redução no volume de vendas, ficaram hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,5%), livros, jornais, revistas e papelarias (-0,7%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%). No varejo ampliado, a veículos e motos, partes e peças (1,2%) e material de construção (0,6%) assinalaram taxas positivas.

Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), quase todas as atividades do comércio varejista apresentaram recuo de vendas: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,7%), móveis e eletrodomésticos (-14,7%), tecidos, vestuário e calçados (-15,6%), combustíveis e lubrificantes (-12,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-18,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,6%). Por outro lado, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos avançou 2,0%.

 

No acumulado entre janeiro e novembro de 2015, em comparação ao mesmo período de 2014, apenas dois setores apresentaram resultados positivos: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,0%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,1%). As principais influências negativas, por sua vez, ficaram por conta dos setores de móveis e eletrodomésticos (-13,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,4%), tecidos, vestuário e calçados (-8,4%) e combustíveis e lubrificantes (-5,8%).

Regiões. A partir dos dados de volume de vendas dessazonalizados, na comparação de novembro/outubro de 2015, verificou-se que das 27 regiões contempladas pela pesquisa, 19 tiveram alta, com as maiores variações ocorrendo em: Pará (3,0%) e Roraima (2,9%), enquanto Amapá (-2,9%) e Paraná (-1,6%) formaram os estados com recuos mais acentuados nessa comparação.

No confronto com mesmo mês do ano anterior, 26 das 27 unidades da federação tiveram variações negativas, com Roraima (4,0%) sendo o único aumento do volume das vendas. A queda mais significativa foi o Amapá (-27,4%). Quanto à participação na composição da taxa negativa do varejo, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-6,0%); Rio Grande do Sul (-10,9%), seguido por Paraná (-10,0%) e Santa Catarina (-11,3%).

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: Uma Nova Agenda para a Política de Comércio Exterior do Brasil - Estudo que aponta que a Política de Comércio Exterior do Brasil precisa ser revista e reestruturada para que promova a real inserção do País no comércio internacional.