12 de janeiro de 2016

Indústria Regional
Impacto diferenciado da crise industrial


   

 
A Pesquisa Industrial Mensal divulgada hoje pelo IBGE, ao cobrir a quase totalidade dos meses de 2015, dá o perfil da distribuição regional da crise da indústria neste último ano. Em novembro, frente a outubro com ajuste sazonal, houve queda da produção em 9 das 14 localidades pesquisadas. Já em relação a novembro de 2014, esse movimento foi mais disseminado, atingindo 13 das 15 localidades.

Consideradas as variações do acumulado entre janeiro e novembro, fica claro que os estados mais atingidos pela atual crise foram o Amazonas e o Rio Grande do Sul, cujas quedas de 15,8% e de 11,8%, respectivamente, encontram-se em patamar muito superior à do agregado nacional (-8,1%). O desempenho desses dois estados em 2015 deveu-se à importância em suas estruturas produtivas de setores que estiveram no olho do furacão da crise, bens duráveis e bens de capital.

No caso de Amazonas, a queda foi puxada pelos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,3%), devido sobretudo à menor produção de televisores, computadores e celulares, e de outros equipamentos de transporte (-16,0%), em que pesaram a fabricação de motocicletas e suas peças.

Já no caso do Rio Grande do Sul, a contração foi liderada por veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,7%) e por máquinas e equipamentos (-12,8%), em função da queda da produção de tratores, colheitadeiras e outras máquinas agrícolas.

O problema não se encontra, contudo, apenas em regiões relativamente especializadas em setores com forte contração. A queda de 10,9% da produção de São Paulo, com o maior, mais diversificado e moderno parque industrial do país, não deixa dúvidas de que a crise assola a indústria como um todo. Todas as atividades pesquisadas no estado apresentaram quedas, algumas delas dramáticas, no acumulado de 2015.

Rio de Janeiro e Minas Gerais, dois estados importantes, com indústrias diversificadas, também tiveram uma evolução negativa no ano: -6,2% e -7,5%, respectivamente. A greve de petroleiros e o desastre em Mariana contribuíram para isso, mas não explicam em sua integralidade essas variações negativas.

O escoamento da lama liberada da barragem da Samarco também afetou a produção industrial do Espírito Santo em novembro, mas não impediu que continuasse mantendo o melhor desempenho no acumulado do ano (+6,6%), seguido do Pará (+5,9%) e do Mato Grosso (+3,6%). Explicam essas taxas positivas o peso da indústria extrativa nos dois primeiros estados e o da atividade industrial associada ao agrobusiness (soja, principalmente) no último.

Os dados até agora conhecidos mostram que o tombo da indústria no ano passado não poupou quase ninguém. Sofreram praticamente todos os setores em todas as regiões. Conservaram crescimento apenas aquelas localidades com economias especializadas em algumas atividades resilientes, em grande medida, vinculadas ao setor extrativista.


  

 
Resultados Gerais. Em novembro, na série com ajuste sazonal, a redução de ritmo observada na produção industrial nacional foi acompanhada por 9 dos 14 locais pesquisados. Os recuos mais acentuados ocorreram no Espírito Santo (-11,1%), Ceará (-4,5%), Minas Gerais (-4,0%), região Nordeste (-2,8%) e São Paulo (-2,6%). Amazonas (-2,1%), Bahia (-2,0%), Paraná (-1,3%) e Goiás (-0,9%) também assinalaram resultados negativos, porém abaixo da média nacional (-2,4%). Por outro lado, os estados de Pernambuco (3,5%), Pará (1,9%), Santa Catarina (1,8%), Rio de Janeiro (1,2%) e Rio Grande do Sul (1,1%) foram as influências positivas de novembro de 2015.

Em relação a novembro de 2014, o setor industrial recuou 12,4%, com 13 dos 15 locais pesquisados acompanhando esse movimento de queda. Os recuos mais intensos foram observados no Amazonas (-19,9%), Espírito Santo (-19,8%), Paraná (-16,7%), Bahia (-13,3%), São Paulo (-13,3%) e Rio Grande do Sul (-13,0%). Minas Gerais (-12,0%), Ceará (-10,7%), Rio de Janeiro (-10,1%), Goiás (-9,4%), região Nordeste (-6,9%), Santa Catarina (-4,8%) e Pernambuco (-1,0%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, Mato Grosso (5,9%) e Pará (5,5%) assinalaram os avanços no índice de produção industrial.

No acumulado no ano, houve reduções em 12 dos 15 locais pesquisados, e quatro recuaram com intensidade maior do que a da média nacional (-8,1%): Amazonas (-15,8%), Rio Grande do Sul (-11,8%), São Paulo (-10,9%), Ceará (-9,4%) e Paraná (-9,2%). Minas Gerais (-7,5%), Santa Catarina (-7,5%), Bahia (-7,1%), Rio de Janeiro (-6,2%), Pernambuco (-3,1%), região Nordeste (-2,8%) e Goiás (-2,5%) também assinalaram recuo em novembro. Por sua vez, os avanços na produção nesta base comparativa ficaram para Espírito Santo (6,6%), Pará (5,9%) e Mato Grosso (3,6%).

 
 



Destaques

Santa Catarina. Na comparação novembro/outubro 2015 (com ajuste sazonal), a indústria catarinense avançou 1,8%. No confronto com novembro de 2014, constatou-se queda de 4,8%, pressionada, em grande parte, pela redução na produção dos setores de metalurgia (-29,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-14,6%), produtos têxteis (-17,4%), produtos de metal (-14,2%), produtos de borracha e de material plástico (-9,8%), máquinas e equipamentos (-8,6%) e veículos automotores, reboques e carroceiras (-15,2%), enquanto os setores de produtos alimentícios (9,9%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (9,1%) assinalaram as altas do mês. No acumulado no ano de 2015, a produção industrial deste estado apresentou queda de 7,5%, principalmente devido a influência dos setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-22,1%), metalurgia (-24,8%) e máquinas e equipamentos (-12,8%). O único impacto positivo veio do setor de produtos alimentícios (1,5%).

São Paulo. Em novembro, a indústria paulista apresentou contração de 2,6% na comparação com o mês imediatamente anterior. Frente ao mês de novembro de 2014, a indústria assinalou queda de 13,3%, taxa condicionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-32,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-41,5%), produtos de metal (-22,1%), máquinas e equipamentos (-12,8%), outros produtos químicos (-9,9%), produtos de borracha e de material plástico (-12,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,5%), produtos de minerais não-metálicos (-12,1%) e de celulose, papel e produtos de papel (-10,0%). Por sua vez, o resultado positivo mais relevante foi assinalado pelo setor de produtos alimentícios (6,0%). No acumulado no ano de 2015, a produção industrial recuou 10,9%, com destaque para os setores produtores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-22,8%), produtos alimentícios (-7,6%), máquinas e equipamentos (-12,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-26,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,6%), produtos de borracha e de material plástico (-8,8%), metalurgia (-12,9%) e outros produtos químicos (-6,2%).

 
 

 
 

 

 

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