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Os dados da produção industrial divulgados hoje
pelo IBGE mostram que a crise continua para a maioria dos setores,
aprofundando-se em alguns deles. Em novembro, a queda foi de 2,4%,
em relação a outubro, com ajuste sazonal, e de 12,4%,
frente ao mesmo mês do ano anterior. Com praticamente o
ano todo já coberto pela pesquisa, a variação
de -8,1% no acumulado entre janeiro e novembro já dá
o tom da contração anual.
Neste mês
de novembro, o desempenho da indústria extrativa, -10,5%
frente ao mesmo mês de 2014, foi marcado por eventos excepcionais,
como a greve de petroleiros da Bacia de Campos e os efeitos do
desastre em Mariana, podendo também ter influenciado na
contração de 10,8% da produção de
bens intermediários.
É relativa,
contudo, a importância desses eventos na trajetória
de aceleração da queda da indústria verificada
em 2015: -5,7% no primeiro trimestre, -6,3% no segundo trimestre,
-9,4% no terceiro trimestre e, agora, -11,7% no bimestre outubro-novembro
de 2015, sempre em comparação com o mesmo período
do ano anterior.
O declínio
da produção de bens de capital, setor que mais tem
sofrido na crise atual, tem sido superior a 30% desde o mês
de agosto. Apesar desse patamar extremamente elevado, a trajetória
de piora parece estar perdendo força: -22% e -30,5% no
segundo e terceiro trimestre e -32% no bimestre outubro-novembro.
Já
em bens de consumo duráveis, fortemente afetado pela contração
do crédito e queda do rendimento das famílias, a
situação fica pior a cada mês que passa, aproximando-se
do patamar de -30%. A comparação das variações
do terceiro trimestre do ano e do último bimestre (outubro-novembro)
ilustra bem essa trajetória, passando de -18,9% para -28,7%,
respectivamente.
Apenas a produção
de bens de consumo semi e não duráveis parece ter
tido algum alívio, com queda de 6,3% no bimestre outubro-novembro
depois de ter atingido -7,9% no terceiro trimestre do ano. Essa
desaceleração foi influenciada pelo melhor desempenho
da produção de alimentos, que na comparação
com o mesmo mês do ano anterior conseguiu obter uma variação
positiva ainda que pequena (0,7%) em novembro, e de bebidas, que
apresentou alta de 1,3% em novembro de 2015 contra novembro de
2014. Isso pode estar refletindo o crescimento do volume de exportações
desse setor, bem como a essencialidade dos bens por ele produzido
que impede maiores ajustamentos na quantidade consumida pelas
famílias, a despeito da evolução da sua renda.
Os resultados
resumidos acima mostram como uma série de eventos ocorridos
ao longo do ano afetaram intensamente a indústria, muito
mais do que outros setores. A forte alta da taxa de juros constitui
um dos principais eventos, a contração fortíssima
– da ordem de 40% - do investimento público, ditada
pelo ajuste fiscal é outro, assim como a elevada redução
do poder aquisitivo da população provocada pela
maior inflação em função da correção
muito rápida que o governo decidiu fazer nas tarifas públicas.
Somam-se a isto o contexto político e a crise dos setores
de petróleo e de construção pesada, que se
seguiu aos escândalos de corrupção.
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Resultados Gerais. A produção industrial
brasileira registrou queda de 2,4% em novembro frente a outubro na série
livre de efeitos sazonais. Frente ao mesmo mês de 2014, o setor
registrou variação negativa de 12,4%, vigésimo primeiro
resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. No acumulado entre
janeiro e novembro, a indústria obteve decréscimo de 8,1%,
enquanto a variação dos últimos 12 meses foi de -7,7%.
Categorias
de Uso. No mês de novembro frente a outubro na série
com ajuste sazonal, os bens intermediários (-3,8%) e bens de consumo
duráveis (-3,2%) mostraram as reduções mais acentuadas
em novembro de 2015, seguidos pelos bens de capital (-1,6%). O setor de
bens de consumo semi e não-duráveis, por sua vez, foi o
último a registrar crescimento, e avançou 0,4%.
No confronto com igual
mês do ano anterior, todas as categorias registraram queda. Os bens
de capital (-31,2%) e bens de consumo duráveis (-29,1%) assinalaram
as reduções mais acentuadas, seguidas pelos bens intermediários
(-10,8%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-4,8%).
No período
de janeiro-novembro de 2015 em comparação ao mesmo período
de 2014 o segmento de bens de capital (-25,1%) e bens de consumo duráveis
(-18,3%) registraram as quedas acima da média nacional. Os bens
de consumo semi e não-duráveis (-6,9%) e de bens intermediários
(-4,9%) também assinalaram taxas negativas no índice acumulado
no ano.
Setores. Entre os meses de outubro e novembro, na série
com ajustamento sazonal, das 27 atividades pesquisadas pelo IBGE, 14 assinalaram
queda. O principal impacto negativo foi registrado pelo setor extrativo
(-10,9%), seguido por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis
(-7,8%), produtos alimentícios (-2,2%), produtos de minerais não-metálicos
(-3,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos
e ópticos (-6,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(-3,9%), produtos do fumo (-14,9%), outros produtos químicos (-4,4%)
e outros equipamentos de transporte (-3,8%). Entre os ramos que ampliaram
a produção, os destaques ficaram para veículos automotores,
reboques e carrocerias (1,3%), metalurgia (1,4%), bebidas (1,4%) e perfumaria,
sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%).
Na comparação
entre novembro de 2015 e novembro de 2014, dentre dos 24 segmentos que
obtiveram decréscimo, podemos destacar: veículos automotores,
reboques e carrocerias (-35,3%), coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (-12,0%), indústrias extrativas (-10,5%),
equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(-34,2%), máquinas e equipamentos (-16,3%), outros produtos químicos
(-9,2%), produtos de minerais não-metálicos (-13,6%), produtos
de metal (-14,0%), metalurgia (-9,0%), produtos de borracha e de material
plástico (-11,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos
(-15,2%), outros equipamentos de transporte (-21,2%), móveis (-22,9%),
produtos têxteis (-19,0%) e produtos diversos (-20,6%). Por outro
lado, produtos alimentícios (0,7%) e bebidas (1,3%) foram as duas
atividades que aumentaram a produção nesse mês.
No acumulado entre
janeiro e novembro do presente ano contra os mesmos onze meses de 2014,
foi verificado a redução da produção industrial
em 25 atividades. As maiores contribuições negativas foram
registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,6%),
equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(-29,6%), máquinas e equipamentos (-13,8%), coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (-5,8%), metalurgia (-8,5%),
produtos alimentícios (-2,8%), produtos de metal (-10,9%), produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (-12,9%), produtos de borracha
e de material plástico (-8,8%), máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (-11,4%), produtos de minerais não-metálicos
(-7,2%), outros produtos químicos (-4,7%), confecção
de artigos do vestuário e acessórios (-10,4%) e produtos
têxteis (-14,2%). A única influência positiva foi observada
pela indústria extrativa (4,7%).
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