7 de janeiro de 2016

Indústria
Em resumo, nenhuma melhora


  

 
Os dados da produção industrial divulgados hoje pelo IBGE mostram que a crise continua para a maioria dos setores, aprofundando-se em alguns deles. Em novembro, a queda foi de 2,4%, em relação a outubro, com ajuste sazonal, e de 12,4%, frente ao mesmo mês do ano anterior. Com praticamente o ano todo já coberto pela pesquisa, a variação de -8,1% no acumulado entre janeiro e novembro já dá o tom da contração anual.

Neste mês de novembro, o desempenho da indústria extrativa, -10,5% frente ao mesmo mês de 2014, foi marcado por eventos excepcionais, como a greve de petroleiros da Bacia de Campos e os efeitos do desastre em Mariana, podendo também ter influenciado na contração de 10,8% da produção de bens intermediários.

É relativa, contudo, a importância desses eventos na trajetória de aceleração da queda da indústria verificada em 2015: -5,7% no primeiro trimestre, -6,3% no segundo trimestre, -9,4% no terceiro trimestre e, agora, -11,7% no bimestre outubro-novembro de 2015, sempre em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O declínio da produção de bens de capital, setor que mais tem sofrido na crise atual, tem sido superior a 30% desde o mês de agosto. Apesar desse patamar extremamente elevado, a trajetória de piora parece estar perdendo força: -22% e -30,5% no segundo e terceiro trimestre e -32% no bimestre outubro-novembro.

Já em bens de consumo duráveis, fortemente afetado pela contração do crédito e queda do rendimento das famílias, a situação fica pior a cada mês que passa, aproximando-se do patamar de -30%. A comparação das variações do terceiro trimestre do ano e do último bimestre (outubro-novembro) ilustra bem essa trajetória, passando de -18,9% para -28,7%, respectivamente.

Apenas a produção de bens de consumo semi e não duráveis parece ter tido algum alívio, com queda de 6,3% no bimestre outubro-novembro depois de ter atingido -7,9% no terceiro trimestre do ano. Essa desaceleração foi influenciada pelo melhor desempenho da produção de alimentos, que na comparação com o mesmo mês do ano anterior conseguiu obter uma variação positiva ainda que pequena (0,7%) em novembro, e de bebidas, que apresentou alta de 1,3% em novembro de 2015 contra novembro de 2014. Isso pode estar refletindo o crescimento do volume de exportações desse setor, bem como a essencialidade dos bens por ele produzido que impede maiores ajustamentos na quantidade consumida pelas famílias, a despeito da evolução da sua renda.

Os resultados resumidos acima mostram como uma série de eventos ocorridos ao longo do ano afetaram intensamente a indústria, muito mais do que outros setores. A forte alta da taxa de juros constitui um dos principais eventos, a contração fortíssima – da ordem de 40% - do investimento público, ditada pelo ajuste fiscal é outro, assim como a elevada redução do poder aquisitivo da população provocada pela maior inflação em função da correção muito rápida que o governo decidiu fazer nas tarifas públicas. Somam-se a isto o contexto político e a crise dos setores de petróleo e de construção pesada, que se seguiu aos escândalos de corrupção.
   

 
Resultados Gerais. A produção industrial brasileira registrou queda de 2,4% em novembro frente a outubro na série livre de efeitos sazonais. Frente ao mesmo mês de 2014, o setor registrou variação negativa de 12,4%, vigésimo primeiro resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. No acumulado entre janeiro e novembro, a indústria obteve decréscimo de 8,1%, enquanto a variação dos últimos 12 meses foi de -7,7%.

Categorias de Uso. No mês de novembro frente a outubro na série com ajuste sazonal, os bens intermediários (-3,8%) e bens de consumo duráveis (-3,2%) mostraram as reduções mais acentuadas em novembro de 2015, seguidos pelos bens de capital (-1,6%). O setor de bens de consumo semi e não-duráveis, por sua vez, foi o último a registrar crescimento, e avançou 0,4%.

No confronto com igual mês do ano anterior, todas as categorias registraram queda. Os bens de capital (-31,2%) e bens de consumo duráveis (-29,1%) assinalaram as reduções mais acentuadas, seguidas pelos bens intermediários (-10,8%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-4,8%).

No período de janeiro-novembro de 2015 em comparação ao mesmo período de 2014 o segmento de bens de capital (-25,1%) e bens de consumo duráveis (-18,3%) registraram as quedas acima da média nacional. Os bens de consumo semi e não-duráveis (-6,9%) e de bens intermediários (-4,9%) também assinalaram taxas negativas no índice acumulado no ano.



Setores. Entre os meses de outubro e novembro, na série com ajustamento sazonal, das 27 atividades pesquisadas pelo IBGE, 14 assinalaram queda. O principal impacto negativo foi registrado pelo setor extrativo (-10,9%), seguido por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,8%), produtos alimentícios (-2,2%), produtos de minerais não-metálicos (-3,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,9%), produtos do fumo (-14,9%), outros produtos químicos (-4,4%) e outros equipamentos de transporte (-3,8%). Entre os ramos que ampliaram a produção, os destaques ficaram para veículos automotores, reboques e carrocerias (1,3%), metalurgia (1,4%), bebidas (1,4%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%).

Na comparação entre novembro de 2015 e novembro de 2014, dentre dos 24 segmentos que obtiveram decréscimo, podemos destacar: veículos automotores, reboques e carrocerias (-35,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,0%), indústrias extrativas (-10,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,2%), máquinas e equipamentos (-16,3%), outros produtos químicos (-9,2%), produtos de minerais não-metálicos (-13,6%), produtos de metal (-14,0%), metalurgia (-9,0%), produtos de borracha e de material plástico (-11,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,2%), outros equipamentos de transporte (-21,2%), móveis (-22,9%), produtos têxteis (-19,0%) e produtos diversos (-20,6%). Por outro lado, produtos alimentícios (0,7%) e bebidas (1,3%) foram as duas atividades que aumentaram a produção nesse mês.

No acumulado entre janeiro e novembro do presente ano contra os mesmos onze meses de 2014, foi verificado a redução da produção industrial em 25 atividades. As maiores contribuições negativas foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,6%), máquinas e equipamentos (-13,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,8%), metalurgia (-8,5%), produtos alimentícios (-2,8%), produtos de metal (-10,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,9%), produtos de borracha e de material plástico (-8,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,4%), produtos de minerais não-metálicos (-7,2%), outros produtos químicos (-4,7%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,4%) e produtos têxteis (-14,2%). A única influência positiva foi observada pela indústria extrativa (4,7%).



 

 

 

 

 

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