4 de janeiro de 2016

Balança Comercial
A expectativa é a exportação de manufaturados


   

 
O saldo da Balança Comercial de dezembro, segundo o MDIC, foi positivo em US$ 6,2 bilhões, devido a exportações de US$ 16,8 bilhões e importações de US$ 10,6 bilhões. Com isso, o superávit acumulado no ano chegou a US$ 19,7 bilhões, devendo se ampliar em 2016.


A inversão de sinal do comércio exterior em 2015 foi importante, mas não foi obtida da forma mais saudável, uma vez que as exportações apresentaram queda de 15,1% no ano. Foram, então, as importações, cuja contração chegou a 25,1%, que mais contribuíram para o resultado de 2015. Teria sido melhor se as importações tivessem caído menos e se as exportações tivessem crescido alguma coisa.


Do lado das importações, a desvalorização das commodities nos mercados internacionais, com destaque para o petróleo e seus derivados, contribuiu para a queda do valor das compras externas de matérias-primas e intermediários (-21,1%) e, principalmente, de combustíveis e lubrificantes (-44,9%).


Já as importações de produtos industrializados estiveram sob o efeito tanto do quadro recessivo da economia brasileira como da desvalorização da taxa de câmbio. A crise, como temos mostrado em nossas análises, tem atingido mais duramente o investimento e o consumo de bens duráveis, o que pode ser visto na forte contração, em 2015, das importações dessas categorias de uso (-21,1% e -26,7%, respectivamente).


O segundo efeito, a desvalorização cambial, tem encarecido as compras externas em geral, promovendo alguma substituição de importação em produtos onde isso é mais fácil, isto é, quando existe produtor nacional capaz de atender a demanda adicional sem incorrer em novos investimentos e quando não há diferença significativa de qualidade entre o produto nacional e o importado.


Do lado das exportações, a contração anual das vendas externas de produtos básicos (-20,4%) também refletiu a queda dos preços internacionais das commodities. Mas a situação poderia ter sido pior se o Brasil não exportasse um conjunto bastante diversificado de produtos primários, fazendo com que o desempenho de alguns amorteça, em alguma medida, a queda de outros. A desvalorização do câmbio também tem ajudado a preservar parcialmente a rentabilidade em reais dessas exportações.


Em contrapartida, ainda estamos por ver uma reação mais vigorosa das exportações de manufaturados ao novo patamar da taxa de câmbio. Em 2015, as vendas externas de manufaturados acumularam queda de 9,3%. É importante frisar que nos últimos anos o Brasil esteve fora do mercado internacional de muitos produtos, exigindo, assim, mais tempo para reatar laços, conquistar clientes e gerar contratos. Isso em um ambiente em que o comércio internacional cresce pouco, acirrando a concorrência.


Mas a evolução do último trimestre do ano dá alguma esperança para 2016. Frente ao mesmo período do ano anterior, a queda da média por dia útil das exportações de manufaturados foi de apenas 0,5% no trimestre findo em dezembro, bastante inferior àquela de 15,6% do trimestre de julho a setembro. Em suma, mantido este ritmo, é possível que tenhamos dentre em breve taxas positivas de crescimento das vendas externas de manufaturados, que colaborará ainda mais para o resultado comercial e também para expansão da atividade doméstica industrial.


  

 
Em dezembro, de acordo com dados divulgados pelo MDIC, a balança comercial brasileira atingiu saldo de US$ 6,240 bilhões, frente a 0,298 bilhão em dezembro de 2014. Enquanto as exportações alcançaram US$ 16,783 bilhões, valor 4,0% inferior ao do mesmo mês do ano passado (US$ 17,491 bilhões), as importações foram de US$ 10,543 bilhões, valor 38,7% menor que dezembro último (US$ 17,193 bilhões).


O saldo comercial acumulado de 2015 foi de US$ 19,679 bilhões, frente um déficit de US$ 3,990 bilhões em 2014. O acumulado das exportações de 2015 foi de US$ 191,133 bilhões (US$ 225,107 bilhões em 2014) e das importações, de US$ 171,454 bilhões (US$ 229,097 bilhões no ano passado).


Em dezembro, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 762,9 milhões, 4,0% inferior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 795,0 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa maior, de 38,7%, ao atingir US$ 479,2 milhões, frente a US$ 781,5 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 283,6 milhões enquanto em dezembro passado, foi registrado saldo médio diário de US$ 13,5 milhões.


  


Exportações por fator agregado. As exportações em dezembro atingiram US$ 16,783 bilhões. Deste valor, US$ 5,864 bilhões (38,6%) dizem respeito a exportação de produtos básicos, US$ 2,016 bilhões (14,7%) a produtos semimanufaturados e US$ 5,572 bilhões (44,6%) a produtos manufaturados.


Em relação ao mês de dezembro de 2014, as exportações registraram queda de 4,0%. As maiores variações negativas vieram de operações especiais (-21,4%), produtos básicos (-15,2%), manufaturados (-8,6%), industrializados (-5,8%) e semimanufaturados (-1,8%).


Importações por categoria de uso. As importações totais em dezembro somaram US$ 10,543 bilhões, dos quais US$ 2,554 bilhões (24,2%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 4,945 bilhões (46,9%) a matérias-primas e intermediários, US$ 1,013 bilhão (9,6%) a bens de consumo não-duráveis, US$ 705 milhões (6,7%) a bens de consumo duráveis e US$ 1,326 bilhão (13,0%) a combustíveis.


Frente ao mesmo mês do ano anterior, as importações caíram 38,6%, puxadas por bens de capital (-29,3%), matérias-primas e intermediários (-31,6%), bens de consumo não duráveis (-39,9%), bens de consumo duráveis (-49,2,6%) e combustíveis (-61,9%).

   

 

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