22 de dezembro de 2015

Crédito
Construção, comércio e indústria:
setores mais afetados pela crise de crédito


   

 
Os dados de crédito para o mês de novembro, divulgados hoje pelo Banco Central, dão mais uma mostra do arrocho creditício pelo qual passa o país. Assistiu-se a um grande recuo real nas concessões totais, -11,7%, em termos reais, frente a novembro de 2014. No acumulado do ano, a redução real também se revela expressiva: 10,8%.

Quem mais contribuiu para essa evolução foi o crédito às empresas, cujas concessões sofreram redução de 12,7% no acumulado dos onze meses do ano, em termos reais. Já no crédito às famílias, onde os spreads bancários são muito maiores, as concessões caíram 9,1%. Além de mais escasso, o crédito também ficou mais caro, o que ao lado da baixa confiança dos empresários e dos consumidores derrubou a demanda de crédito. Os juros médios cobrados das empresas chegaram a 21,1% a.a. em novembro e aqueles pagos pelas famílias, a nada menos de 38,7% a.a.

A indústria não tem sido o setor que mais sofre com a restrição do crédito, mas não deixou de ter sido expressivamente afetada por este processo. Desde dezembro de 2014, o saldo de crédito à indústria de transformação apresenta, em termos reais, quedas sucessivas na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em relação a novembro de 2014, a queda foi de 5,5% e, no acumulado de 2015, de 6,3%. Uma parte disso se deve à menor demanda de financiamento em função do ambiente recessivo que, como sabemos, atinge duramente a indústria. Mas outra parte também decorre do encarecimento do crédito e de maiores exigências das avaliações de risco dos bancos que excluem muitas empresas do mercado de crédito.

Dois outros setores estão em situação ainda pior que a indústria de transformação. O menor volume de negócios fez com que o saldo de crédito às empresas do comércio, retraísse 9,7% em novembro, frente ao mesmo mês do ano anterior, e acumulasse queda de 10,5% em 2015, em termos reais.

O saldo de crédito à construção teve contração real ainda mais expressiva, de 12,1% em novembro frente ao mesmo mês de 2014 e de 11,1% no acumulado do ano. O setor sofre com o encarecimento das linhas de financiamento habitacional e com a perda de confiança das famílias, que relutam em realizar seus projetos da casa própria.

Faltando apenas um mês para o fechamento do ano, fica clara a tônica do mercado de crédito em 2015: volume de recursos em queda e taxas de juros em alta, atingindo especialmente as empresas da construção, do comércio e da indústria de transformação.
 

 
Os dados de crédito do Brasil divulgados hoje pelo Banco Central indicaram que a participação do crédito no PIB alcançou 53,8% em novembro, uma retração de 0,1 p.p. frente a outubro e aumento de 1,6 p.p. sobre novembro 2014. Do saldo total, 28,4% referem-se às operações realizadas junto a pessoas jurídicas e 25,4% a pessoas físicas.

O saldo de crédito concedido por instituições financeiras públicas chegou a 30,0% do PIB, aumentando sua participação em aproximadamente 6,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as instituições financeiras privadas atingiram 23,8% do PIB, sendo 16,0% de instituições nacionais e 7,8% de instituições estrangeiras.

No mês de novembro foram concedidos R$ 299,9 milhões em novas operações de crédito, frente a R$ 339,6 milhões no mesmo mês do ano passado, o que representa uma variação real negativa de 11,7%. Em relação ao mês de outubro, a variação real foi de 0,9%. Na comparação entre 2014 e 2015 do desempenho acumulado (entre janeiro e novembro) das novas concessões apresentou declínio real de 10,8%.

 

 
A participação das operações junto a pessoas jurídicas representou 46,1% das novas operações de crédito (redução de 0,3 p.p. em relação a novembro de 2014 e queda de 0,8 p.p. em relação a outubro de 2015), ao passo que participação das operações junto a pessoas físicas atingiu 53,9% (aumento de 0,3 p.p. frente a novembro de 2014 e elevação de 0,8 p.p. frente a outubro de 2105).

A inadimplência total de novembro manteve-se estável, registrando pequena variação de 0,1 p.p., alcançando 3,3%. Nas operações ligadas a pessoas físicas, as taxas de inadimplência mantiveram-se estáveis a 4,1%; 2,2% para operações de recursos direcionados e 5,8% de recursos livres (2,10% e 5,80%, respectivamente, em outubro de 2015). Para operações junto a pessoas jurídicas, a taxa apresentou leve variação atingindo 2,6%, 0,1 p.p. maior que o mês anterior; 0,9% nos contratos feitos com recursos direcionados e 4,5% para recursos livres (0,8% e 4,3% em outubro, respectivamente).

As taxas médias anuais dos contratos, em juros nominais, atingiram 21,2% e 38,7% para pessoas jurídicas e físicas, respectivamente. Em outubro, estas mesmas taxas alcançaram 21,5% a.a. e 38,7% a.a. Para pessoas jurídicas, as taxas médias de juros praticadas nas operações com recursos livres e recursos direcionados foram de 32,2% a.a. e 10,6% a.a. respectivamente. Para as pessoas físicas as taxas médias foram de 64,8% a.a. para operações recursos livres e 10,0% para operações com recursos direcionados.

 

 

 

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