18 de dezembro de 2015

Emprego
Trajetórias setoriais


   

 
A pesquisa do IBGE sobre o emprego industrial divulgada hoje mostra mais um mês de contração do pessoal ocupado. Para a indústria geral, em outubro, houve queda de 0,7% frente a setembro, já descontados os efeitos sazonais, e de 7,2% em relação ao mesmo mês de 2014. A folha de pagamento real da indústria também seguiu na mesma direção, caindo 0,8% frente a setembro e 10,3% frente a outubro de 2014.

Dois fatos são dignos de registro. O primeiro deles é que em outubro foram completados quatro anos de quedas mensais consecutivas do emprego industrial. O prejuízo que a crise da indústria é capaz de provocar no mercado de trabalho brasileiro é de grande monta, uma vez que o emprego no setor industrial é de melhor qualidade, geralmente com carteira assinada e maior rendimento médio.

O segundo fato é que não há sinal de que esse declínio esteja perdendo força. Pelo contrário. É o que sugere a redução do emprego de 7,2% em outubro de 2015 frente a outubro de 2014 muito mais intensa do que aquela acumulada no ano, de 5,9%. Um outro sintoma dessa trajetória de agravamento é o nível de contração do número de horas pagas, que em outubro chegou a 8,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, superior àquele do emprego. Isso indica que a redução do emprego tende a se ampliar.

Setorialmente, existem duas trajetórias bastante preocupantes. De um lado, encontram-se aqueles setores que há tempos vêm apresentando taxas muito elevadas de queda do emprego, como são os casos de máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações (-15,2% em out15/out14 e -13,5% no acumulado do ano), fabricação de meios de transporte (-13,4% e -10,9%) e produtos de metal (-11,2% e -10,6%). Foi nesses setores que a crise mais destruiu empregos.

De outro lado, estão os setores onde a evolução do emprego piorou de forma mais aguda nos últimos meses. São os casos de têxteis, em que o emprego no acumulado do ano caiu 5% e nada menos de 10,2% em outubro frente ao mesmo mês de 2014; borracha e plástico, com quedas de 4,1% e 11% nas mesmas comparações; e de minerais não metálicos, cujo emprego sofreu retração de 3,8% no ano, mas de 8% em outubro. Nesses setores, o emprego segue ladeira a baixo.
  

 
Resultados Gerais. Em outubro de 2015, o total do pessoal ocupado assalariado na indústria mostrou variação negativa de 0,7% frente ao patamar de setembro, na série livre de influências sazonais, décima taxa negativa consecutiva. Na comparação com outubro de 2014, o emprego industrial mostrou queda de 7,2% (49º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso de toda a série histórica). Com isso, o total do pessoal ocupado assalariado também recuou no índice acumulado dos dez meses do ano (-5,9%) e no acumulado dos últimos 12 meses (-5,6%).

Setores. Na comparação com outubro de 2014, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em todos os 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de meios de transporte (-13,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,2%), máquinas e equipamentos (-10,1%), produtos de metal (-11,2%), borracha e plástico (-11,0%), alimentos e bebidas (-2,2%), outros produtos da indústria de transformação (-10,6%), vestuário (-7,2%), produtos têxteis (-10,2%), minerais não-metálicos (-8,0%), metalurgia básica (-8,3%), calçados e couro (-5,7%), papel e gráfica (-3,3%), indústrias extrativas (-4,9%) e madeira (-5,0%).

 

 
No acumulado dos dez meses de 2015, também houve queda nos 18 setores investigados, sendo as contribuições negativas mais relevantes verificadas em meios de transporte (-10,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,5%), produtos de metal (-10,6%), máquinas e equipamentos (-7,8%), alimentos e bebidas (-2,4%), outros produtos da indústria de transformação (-9,4%), vestuário (-5,7%), calçados e couro (-7,0%), metalurgia básica (-7,1%), borracha e plástico (-4,1%), produtos têxteis (-5,0%), minerais não-metálicos (-3,8%), papel e gráfica (-3,4%) e indústrias extrativas (-4,6%).

Folha de Pagamento Real. Em outubro de 2015, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 0,8% frente ao mês imediatamente anterior, a quarta variação negativa consecutiva. Na comparação com outubro de 2014, o valor da folha de pagamento real recuou 10,3%, 17ª taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto. Com isso, o valor da folha de pagamento real assinalou variações negativas de 7,1% no índice acumulado dos dez meses do ano e de -6,6% no acumulado em 12 meses.

Número de Horas Pagas. Em outubro de 2015, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, já descontadas as influências sazonais, recuou 0,9% frente ao mês imediatamente anterior (sexta taxa negativa consecutiva). Na comparação com outubro de 2014, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria recuou 8,1%, a queda mais intensa da série histórica. No índice acumulado dos dez meses do ano, houve redução de 6,5% frente a igual período do ano anterior. A taxa anualizada, índice acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de -5,4% em setembro para -5,6% em outubro de 2015, manteve a trajetória descendente iniciada em setembro de 2014.

 

 

 

 

 

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