17 de dezembro de 2015

Emprego
Más perspectivas para as vendas
da indústria e dos serviço


   

 
Uma surpresa muito negativa esse final de 2015 reservou para as perspectivas de compras de bens do varejo e de serviços. Como se sabe, tais compras seguem uma combinação de dois principais determinantes: a evolução do crédito e da massa real de rendimentos da população. O primeiro deles vem tendo uma regressão acentuada em função do medo por parte dos financiadores da inadimplência dos consumidores, os quais também relutam em assumir compromissos para o futuro temendo o desemprego. No caso do segundo determinante, o processo vem assumindo tal deterioração nos últimos meses que é digno de registro.

A massa de rendimento médio real habitual das pessoas ocupadas foi estimada em quase R$ 50 bilhões para novembro último nas seis principais regiões metropolitanas do país. O fato preocupante é que esta soma, se comparada à sua correspondente para o mês de novembro de 2014,, revela uma queda de nada menos que 12,2%. Pior ainda: este último índice parece ser uma mera escala de uma deterioração que se verifica ao longo do ano.

Basta observar que na média dos meses de 2014 o aumento da massa de rendimento real habitual foi de 2,5% positivos. É também revelador de uma forte aceleração a comparação do último resultado para a evolução da massa de rendimentos – vale dizer, referente ao mês novembro – com a média de crescimento ao longo de 2015, -5%.

Vamos encerrar 2015, portanto, com uma grande diminuição do poder de compra agregado da população das grandes metrópoles, o que deverá influir significativamente na compra de bens e serviços na entrada de 2016, a menos que uma súbita e grande transformação econômica, que não está no radar, venha a ocorrer. Sofrerão em especial aqueles ramos que mais têm relação com a renda das pessoas, como, por exemplo, alimentos in natura e processados e bebidas e, no caso de serviços, os serviços prestados às famílias, como alimentação fora de casa, telefonia e comunicação. Menor consumo irá se traduzir em produção ainda menor na indústria e em serviços, retraindo o emprego e a capacidade de aumento de rendimentos do trabalho, ocasionando renovadas quedas na massa de rendimentos, em um círculo vicioso de reprodução da recessão da economia.

A região metropolitana de São Paulo liderou a queda da massa real de rendimentos, -13,4% em novembro com relação ao mesmo mês do ano anterior, seguida por Salvador, -13,3%, Belo Horizonte, -11,7%, Rio de Janeiro, -11,1%, Porto Alegre, -10,9%, e Recife, -10,7%. Assim, a contração da base de renda da população não poupou nenhuma das grandes regiões metropolitanas, acenando que a queda do consumo atingirá todas as grandes cidades do país.

A pesquisa mensal de emprego do IBGE também apurou que a taxa de desocupação atingiu 7,5% no conjunto das regiões metropolitanas monitoradas, com variação de 2,7 pontos percentuais sobre a taxa de 4,8% correspondente a novembro de 2014. No período, o número de desocupados aumentou 53,8%, ou o equivalente a 642 mil pessoas.

O número de pessoas ocupadas caiu 3,7%, ou 858 mil pessoas, devido, principalmente, ao desemprego entre as pessoas com carteira assinada (-540 mil ou -4,6%). Do ponto de vista setorial, foi a indústria o mais importante ramo que levou ao aumento da desocupação, -515 mil pessoas entre novembro do ano passado e novembro deste ano, ou -8,8%. A crise do emprego atinge todas as categorias de trabalhos e todos os segmentos econômicos, mas ela está mais associada ao trabalho formal e ao setor industrial. Devido a isso, é também da indústria o recorde do declínio do rendimento médio das pessoas ocupadas, -12,5%, muito embora vários outros setores tenham acusado reduções muito elevadas, entre 8% e 12%.
  

 
Resultados Gerais. Os dados de outubro da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE apontaram uma retração da taxa de desocupação, que alcançou 7,5% nas principais regiões metropolitanas do país. A redução, de 0,4 p.p. em relação ao mês de outubro, representou também uma elevação de 2,7 p.p. frente ao mesmo mês de 2014. A média de 2015 até novembro ficou em 6,9% enquanto que a taxa média dos últimos 12 meses alcançou 6,7%.

PD, PO e PEA. Em novembro, o número de pessoas desocupadas alcançou de 1,833 milhão, -4,2% inferior ao mês de outubro e 53,8% maior que novembro de 2014. A população ocupada, de 22,525 milhões de pessoas, avançou 0,3% em relação a outubro e retraiu 3,7% ante o mesmo mês do ano anterior. A população economicamente ativa (PEA), por sua vez, manteve-se estável frente ao mês de outubro e apresentou pequena retração frente a novembro do ano passado (-0,9%).

Regiões. Dentre as metrópoles pesquisadas, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre apresentaram decréscimo da taxa de desocupação de 0,5 p.p., 0,5 p.p., 0,1 p.p., 0,7 p.p. e 0,1 p.p., respectivamente, na passagem de outubro para novembro, atingindo taxas de 12,3%, 6,1%, 5,9%, 7,4% e 6,7%, respectivamente. Em sentido oposto, Recife (10,8%) teve aumento da taxa de desocupação de 1,0 p.p.

Com relação ao mesmo mês do ano de 2014, o aumento da taxa de desocupação foi generalizado entre as regiões pesquisadas, com destaque para Recife (+4,0 p.p.), Salvador (+2,7 p.p.), São Paulo (+2,7 p.p.), Belo Horizonte (+2,4 p.p.), Rio de Janeiro (+ 2,3 p.p.) e Porto Alegre (+2,5 p.p.).

 

 
O
cupação por posição na ocupação. Em novembro, os 22,5 milhões de ocupados concentraram-se majoritariamente no grupo de trabalhadores com carteira assinada (12,2 milhões), trabalhadores por conta própria (4,5 milhões) e empregados sem carteira assinada (2,9 milhões). Em relação a outubro, houve aumento nos seguintes grupos: empregados com carteira assinada (0,3%), sem carteira assinada (2,1%) e trabalhadores não remunerados, membro da unidade domiciliar (9,1%). Enquanto que os demais grupos apresentaram retração: trabalhadores por conta própria (-0,2%) e empregadores (-1,7%)

Na comparação sobre o mesmo mês do ano anterior, o número de trabalhadores por conta própria registrou expansão de 0,9%, enquanto que os demais grupos apresentaram retração: com carteira assinada (-4,7%), sem carteira assinada (-4,8%), empregadores (-9,5%) e trabalhadores não remunerados, membro de unidade domiciliar (-7,7%).

Setores. Dentre os grupamentos de atividades, em relação a novembro de 2014, todos apresentaram retração no número de pessoas ocupadas, capitaneados pelo setor de indústria extrativa e de transformação e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (-8,8%), construção (-1,4%), outras atividades (-5,9%), intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à empresa (-3,7%), administração pública defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (-1,8%), serviços domésticos (-0,6%) e comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos (-3,2%).

Rendimento médio real. O rendimento médio real dos trabalhadores apresentou retração de 8,8% frente ao mês de novembro de 2014 e registrou o valor de R$ 2.177,20. Todas as regiões metropolitanas pesquisadas tiveram variações negativas, puxadas por Rio de Janeiro (-10,0%), São Paulo (-9,5%), Salvador (-8,0%), Recife (-7,8%), Belo Horizonte (-7,7%) e Porto Alegre (-6,3%).

A massa de rendimentos real de todos os trabalhos, calculada a partir do rendimento médio real atingiu em novembro R$ 49,041 bilhões, valor 12,2% inferior ao valor de novembro de 2014. Nesta mesma comparação, todas as regiões pesquisadas apresentaram forte retração, como São Paulo (-13,4%), Salvador (-13,2%), Belo Horizonte (-11,7%), Rio de Janeiro (-11,1%), Porto Alegre (-10,9%) e Recife (-10,7%).

 

 

 

 

 

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