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Uma surpresa muito negativa esse final de 2015 reservou para as
perspectivas de compras de bens do varejo e de serviços.
Como se sabe, tais compras seguem uma combinação
de dois principais determinantes: a evolução do
crédito e da massa real de rendimentos da população.
O primeiro deles vem tendo uma regressão acentuada em função
do medo por parte dos financiadores da inadimplência dos
consumidores, os quais também relutam em assumir compromissos
para o futuro temendo o desemprego. No caso do segundo determinante,
o processo vem assumindo tal deterioração nos últimos
meses que é digno de registro.
A massa de
rendimento médio real habitual das pessoas ocupadas foi
estimada em quase R$ 50 bilhões para novembro último
nas seis principais regiões metropolitanas do país.
O fato preocupante é que esta soma, se comparada à
sua correspondente para o mês de novembro de 2014,, revela
uma queda de nada menos que 12,2%. Pior ainda: este último
índice parece ser uma mera escala de uma deterioração
que se verifica ao longo do ano.
Basta observar
que na média dos meses de 2014 o aumento da massa de rendimento
real habitual foi de 2,5% positivos. É também revelador
de uma forte aceleração a comparação
do último resultado para a evolução da massa
de rendimentos – vale dizer, referente ao mês novembro
– com a média de crescimento ao longo de 2015, -5%.
Vamos encerrar
2015, portanto, com uma grande diminuição do poder
de compra agregado da população das grandes metrópoles,
o que deverá influir significativamente na compra de bens
e serviços na entrada de 2016, a menos que uma súbita
e grande transformação econômica, que não
está no radar, venha a ocorrer. Sofrerão em especial
aqueles ramos que mais têm relação com a renda
das pessoas, como, por exemplo, alimentos in natura e processados
e bebidas e, no caso de serviços, os serviços prestados
às famílias, como alimentação fora
de casa, telefonia e comunicação. Menor consumo
irá se traduzir em produção ainda menor na
indústria e em serviços, retraindo o emprego e a
capacidade de aumento de rendimentos do trabalho, ocasionando
renovadas quedas na massa de rendimentos, em um círculo
vicioso de reprodução da recessão da economia.
A região
metropolitana de São Paulo liderou a queda da massa real
de rendimentos, -13,4% em novembro com relação ao
mesmo mês do ano anterior, seguida por Salvador, -13,3%,
Belo Horizonte, -11,7%, Rio de Janeiro, -11,1%, Porto Alegre,
-10,9%, e Recife, -10,7%. Assim, a contração da
base de renda da população não poupou nenhuma
das grandes regiões metropolitanas, acenando que a queda
do consumo atingirá todas as grandes cidades do país.
A pesquisa
mensal de emprego do IBGE também apurou que a taxa de desocupação
atingiu 7,5% no conjunto das regiões metropolitanas monitoradas,
com variação de 2,7 pontos percentuais sobre a taxa
de 4,8% correspondente a novembro de 2014. No período,
o número de desocupados aumentou 53,8%, ou o equivalente
a 642 mil pessoas.
O número
de pessoas ocupadas caiu 3,7%, ou 858 mil pessoas, devido, principalmente,
ao desemprego entre as pessoas com carteira assinada (-540 mil
ou -4,6%). Do ponto de vista setorial, foi a indústria
o mais importante ramo que levou ao aumento da desocupação,
-515 mil pessoas entre novembro do ano passado e novembro deste
ano, ou -8,8%. A crise do emprego atinge todas as categorias de
trabalhos e todos os segmentos econômicos, mas ela está
mais associada ao trabalho formal e ao setor industrial. Devido
a isso, é também da indústria o recorde do
declínio do rendimento médio das pessoas ocupadas,
-12,5%, muito embora vários outros setores tenham acusado
reduções muito elevadas, entre 8% e 12%.
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Resultados Gerais. Os dados de outubro da Pesquisa Mensal
do Emprego do IBGE apontaram uma retração da taxa de desocupação,
que alcançou 7,5% nas principais regiões metropolitanas
do país. A redução, de 0,4 p.p. em relação
ao mês de outubro, representou também uma elevação
de 2,7 p.p. frente ao mesmo mês de 2014. A média de 2015
até novembro ficou em 6,9% enquanto que a taxa média dos
últimos 12 meses alcançou 6,7%.
PD, PO e PEA.
Em novembro, o número de pessoas desocupadas alcançou de
1,833 milhão, -4,2% inferior ao mês de outubro e 53,8% maior
que novembro de 2014. A população ocupada, de 22,525 milhões
de pessoas, avançou 0,3% em relação a outubro e retraiu
3,7% ante o mesmo mês do ano anterior. A população
economicamente ativa (PEA), por sua vez, manteve-se estável frente
ao mês de outubro e apresentou pequena retração frente
a novembro do ano passado (-0,9%).
Regiões.
Dentre as metrópoles pesquisadas, Salvador, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre apresentaram decréscimo
da taxa de desocupação de 0,5 p.p., 0,5 p.p., 0,1 p.p.,
0,7 p.p. e 0,1 p.p., respectivamente, na passagem de outubro para novembro,
atingindo taxas de 12,3%, 6,1%, 5,9%, 7,4% e 6,7%, respectivamente. Em
sentido oposto, Recife (10,8%) teve aumento da taxa de desocupação
de 1,0 p.p.
Com relação
ao mesmo mês do ano de 2014, o aumento da taxa de desocupação
foi generalizado entre as regiões pesquisadas, com destaque para
Recife (+4,0 p.p.), Salvador (+2,7 p.p.), São Paulo (+2,7 p.p.),
Belo Horizonte (+2,4 p.p.), Rio de Janeiro (+ 2,3 p.p.) e Porto Alegre
(+2,5 p.p.).
Ocupação
por posição na ocupação. Em novembro,
os 22,5 milhões de ocupados concentraram-se majoritariamente no
grupo de trabalhadores com carteira assinada (12,2 milhões), trabalhadores
por conta própria (4,5 milhões) e empregados sem carteira
assinada (2,9 milhões). Em relação a outubro, houve
aumento nos seguintes grupos: empregados com carteira assinada (0,3%),
sem carteira assinada (2,1%) e trabalhadores não remunerados, membro
da unidade domiciliar (9,1%). Enquanto que os demais grupos apresentaram
retração: trabalhadores por conta própria (-0,2%)
e empregadores (-1,7%)
Na comparação
sobre o mesmo mês do ano anterior, o número de trabalhadores
por conta própria registrou expansão de 0,9%, enquanto que
os demais grupos apresentaram retração: com carteira assinada
(-4,7%), sem carteira assinada (-4,8%), empregadores (-9,5%) e trabalhadores
não remunerados, membro de unidade domiciliar (-7,7%).
Setores. Dentre
os grupamentos de atividades, em relação a novembro de 2014,
todos apresentaram retração no número de pessoas
ocupadas, capitaneados pelo setor de indústria extrativa e de transformação
e produção e distribuição de eletricidade,
gás e água (-8,8%), construção (-1,4%), outras
atividades (-5,9%), intermediação financeira e atividades
imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à
empresa (-3,7%), administração pública defesa, seguridade
social, educação, saúde e serviços sociais
(-1,8%), serviços domésticos (-0,6%) e comércio,
reparação de veículos automotores e de objetos pessoais
e domésticos (-3,2%).
Rendimento
médio real. O rendimento médio real dos trabalhadores
apresentou retração de 8,8% frente ao mês de novembro
de 2014 e registrou o valor de R$ 2.177,20. Todas as regiões metropolitanas
pesquisadas tiveram variações negativas, puxadas por Rio
de Janeiro (-10,0%), São Paulo (-9,5%), Salvador (-8,0%), Recife
(-7,8%), Belo Horizonte (-7,7%) e Porto Alegre (-6,3%).
A massa de rendimentos
real de todos os trabalhos, calculada a partir do rendimento médio
real atingiu em novembro R$ 49,041 bilhões, valor 12,2% inferior
ao valor de novembro de 2014. Nesta mesma comparação, todas
as regiões pesquisadas apresentaram forte retração,
como São Paulo (-13,4%), Salvador (-13,2%), Belo Horizonte (-11,7%),
Rio de Janeiro (-11,1%), Porto Alegre (-10,9%) e Recife (-10,7%).
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