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Os dados do comércio varejista de outubro, divulgados hoje
pelo IBGE, mostram um crescimento de 0,6% em relação
a setembro, com ajuste sazonal, do volume de vendas do comércio
restrito – isto é, não consideradas as vendas
de automóveis e materiais de construção.
Essa foi a primeira variação positiva do ano depois
de janeiro. Em relação a outubro de 2014, por sua
vez, o comércio restrito segue em queda, -5,6%, mas um
pouco menos intensa do que aquela dos meses de agosto e setembro.
Já o comércio ampliado teve queda de 0,1% em relação
a setembro, livre de efeitos sazonais, e de 11,8% frente ao mesmo
mês de 2014.
Não
vamos ter dúvidas de que o quadro do comércio é
de retração intensa no ano, a despeito do resultado
positivo na margem para o comércio restrito. A queda do
volume de vendas acumuladas nos dez meses de 2015 chegou a 3,6%
no comércio restrito e a 7,9% no comércio ampliado.
Esses níveis de retração se revelam graves
quando nos lembramos que no ano de 2014 o comércio restrito
acumulou alta de 2,2% e a queda do ampliado foi de 1,7%. Isto
é, a despeito dos problemas da economia brasileira desde
2011, só agora o comércio passa a amargar variações
negativas importantes. Este não foi o caso da indústria,
cuja produção já apresentava oscilações
negativas desde o início desse período.
Além
do patamar expressivo de contração do volume vendas,
outra característica de 2015 é que a cada mês
que passa o resultado acumulado no ano fica pior tanto para o
comércio restrito como para o ampliado. No conceito restrito
as quedas tinham sido de 3% e de 3,3%, em agosto e setembro, respectivamente,
e agora de 3,6%. No conceito ampliado, essas variações
tinham sido de -6,9% e -7,4% e, agora, 7,9%.
Existem, porém,
movimentos que estão acontecendo, para os quais vale chamar
atenção. Os dados de ponta do mês de outubro
sugerem que os segmentos de comércio podem estar evoluindo
em duas velocidades distintas.
Em uma velocidade
está o volume de vendas de bens essenciais, mais estreitamente
relacionados ao rendimento salarial e ao emprego. Depois de um
período de forte contenção nos meses anteriores,
devido à escalada dos preços administrados e dos
preços de alimentos que retiraram poder de compra das famílias
e determinaram mudanças em seus orçamentos, as vendas
desses bens parecem dar sinais de acomodação.
O volume de
vendas de hipermercados e supermercados, em outubro, foi 1,4%
maior do que no mês anterior (com ajuste sazonal), depois
de quedas sucessivas entre maio e agosto e baixo crescimento em
setembro. As vendas de tecidos, vestuário e calçados,
por sua vez, aumentaram 1,9%, revertendo a trajetória de
contração dos meses anteriores. Em relação
ao mesmo mês de 2014, houve queda de apenas 0,3% em hipermercados
e supermercados (-2,1% em setembro) e de 9,7% em tecidos, vestuário
e calçados (-12,9% em setembro).
Em queda acelerada
continuam as vendas de bens que dependem do mercado de crédito.
O volume de vendas de produtos de informática, comunicação
e de escritório caiu 25,9% frente a outubro de 2014, o
de veículos e peças, 23,9% e de material de construção,
15,7%. Frente a setembro, com ajuste sazonal, essas variações
foram de -9,2%, -2,9% e -0,9%, respectivamente. O desempenho de
móveis e eletrodomésticos foi positivo frente a
setembro, +0,6%, e marginalmente menos negativo em relação
a outubro de 2014, -16,1%.
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Em outubro, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro,
de acordo com o IBGE, registrou avanço de 0,6% com relação
ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal.
Frente a outubro de 2014, as vendas no varejo recuaram 5,6%. No ano, as
vendas até outubro caíram 3,6% comparadas ao mesmo período
do ano passado. No acumulado dos 12 meses frente a igual período
imediatamente anterior, o decréscimo do volume de vendas foi de
2,7%.
Setores. Em outubro,
frente ao mês anterior, com ajuste sazonal, cinco das oito atividades
registraram variações positivas em termos de volume de vendas
e uma teve variação negativa. Os resultados foram: hipermercados,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,0%), tecidos,
vestuário e calçados (1,9%), artigos farmacêuticos,
médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
(1,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,7%), móveis e
eletrodomésticos (0,6%), equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação (-9,2%), combustíveis
e lubrificantes (-2,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico
(-0,6%). No comércio varejista ampliado, houve relativa estabilidade
(-0,1%) nessa comparação, com queda de veículos e
motos, partes e peças (-0,9%) e de material de construção
(-2,9%).
Em comparação
com outubro de 2014, todas as atividades do varejo apresentaram resultados
negativos: móveis e eletrodomésticos (-16,1%), combustíveis
e lubrificantes (-11,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico
(-9,0%), tecidos, vestuário e calçados (-9,7%), livros,
jornais, revistas e papelaria, (-9,5%), hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%), equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação
(-25,9%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
de perfumaria e cosméticos (-0,4%). As atividades do comércio
ampliado também sofreram queda: veículos, motos, partes
e peças (-23,9%) e material de construção (-15,7%).
No acumulado de 2015
até outubro houve recuo na maioria dos setores, em comparação
ao mesmo período de 2014. Destacaram-se, entre os resultados negativos:
veículos e motos, partes e peças (-16,9%), móveis
e eletrodomésticos (-13,3%), equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação (-9,6%), %), tecidos, vestuário
e calçados (-7,5%) e material de construção (-7,4%).
Por sua vez, as influências positivas para o resultado global foram:
artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria
e cosméticos (3,1%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%)
e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,3%).
Regiões. Na
passagem de setembro para outubro de 2015, série com ajuste sazonal,
as vendas no varejo foram positivas para 21 das 27 Unidades da Federação,
com destaque para: Ceará (3,5%) e no Rio Grande do Norte (2,1%).
Por outro lado, Tocantins e Espírito Santo (ambos com variação
de -0,8%), foram os estados com recuos mais acentuados nessa comparação.
Frente a outubro de 2014, o comércio varejista registrou queda
em todos os estados, com destaque em termos de magnitude para Amapá
(20,9%) e Paraíba (17,9%). No comércio varejista ampliado,
todas as unidades da federação apresentaram variações
negativas na comparação com outubro do ano passado. Em termos
de volume de vendas, destacaram-se Tocantins com 27,2%, Maranhão
(-23,5%), Espírito Santo (-23,3%) e Goiás (-23,2%). O estado
com maior impacto negativo foi Rio de Janeiro (-13,9%).
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