16 de dezembro de 2015

Comércio Varejista
Em duas velocidades


   

 
Os dados do comércio varejista de outubro, divulgados hoje pelo IBGE, mostram um crescimento de 0,6% em relação a setembro, com ajuste sazonal, do volume de vendas do comércio restrito – isto é, não consideradas as vendas de automóveis e materiais de construção. Essa foi a primeira variação positiva do ano depois de janeiro. Em relação a outubro de 2014, por sua vez, o comércio restrito segue em queda, -5,6%, mas um pouco menos intensa do que aquela dos meses de agosto e setembro. Já o comércio ampliado teve queda de 0,1% em relação a setembro, livre de efeitos sazonais, e de 11,8% frente ao mesmo mês de 2014.

Não vamos ter dúvidas de que o quadro do comércio é de retração intensa no ano, a despeito do resultado positivo na margem para o comércio restrito. A queda do volume de vendas acumuladas nos dez meses de 2015 chegou a 3,6% no comércio restrito e a 7,9% no comércio ampliado. Esses níveis de retração se revelam graves quando nos lembramos que no ano de 2014 o comércio restrito acumulou alta de 2,2% e a queda do ampliado foi de 1,7%. Isto é, a despeito dos problemas da economia brasileira desde 2011, só agora o comércio passa a amargar variações negativas importantes. Este não foi o caso da indústria, cuja produção já apresentava oscilações negativas desde o início desse período.

Além do patamar expressivo de contração do volume vendas, outra característica de 2015 é que a cada mês que passa o resultado acumulado no ano fica pior tanto para o comércio restrito como para o ampliado. No conceito restrito as quedas tinham sido de 3% e de 3,3%, em agosto e setembro, respectivamente, e agora de 3,6%. No conceito ampliado, essas variações tinham sido de -6,9% e -7,4% e, agora, 7,9%.

Existem, porém, movimentos que estão acontecendo, para os quais vale chamar atenção. Os dados de ponta do mês de outubro sugerem que os segmentos de comércio podem estar evoluindo em duas velocidades distintas.

Em uma velocidade está o volume de vendas de bens essenciais, mais estreitamente relacionados ao rendimento salarial e ao emprego. Depois de um período de forte contenção nos meses anteriores, devido à escalada dos preços administrados e dos preços de alimentos que retiraram poder de compra das famílias e determinaram mudanças em seus orçamentos, as vendas desses bens parecem dar sinais de acomodação.

O volume de vendas de hipermercados e supermercados, em outubro, foi 1,4% maior do que no mês anterior (com ajuste sazonal), depois de quedas sucessivas entre maio e agosto e baixo crescimento em setembro. As vendas de tecidos, vestuário e calçados, por sua vez, aumentaram 1,9%, revertendo a trajetória de contração dos meses anteriores. Em relação ao mesmo mês de 2014, houve queda de apenas 0,3% em hipermercados e supermercados (-2,1% em setembro) e de 9,7% em tecidos, vestuário e calçados (-12,9% em setembro).

Em queda acelerada continuam as vendas de bens que dependem do mercado de crédito. O volume de vendas de produtos de informática, comunicação e de escritório caiu 25,9% frente a outubro de 2014, o de veículos e peças, 23,9% e de material de construção, 15,7%. Frente a setembro, com ajuste sazonal, essas variações foram de -9,2%, -2,9% e -0,9%, respectivamente. O desempenho de móveis e eletrodomésticos foi positivo frente a setembro, +0,6%, e marginalmente menos negativo em relação a outubro de 2014, -16,1%.
  

 
Em outubro, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro, de acordo com o IBGE, registrou avanço de 0,6% com relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Frente a outubro de 2014, as vendas no varejo recuaram 5,6%. No ano, as vendas até outubro caíram 3,6% comparadas ao mesmo período do ano passado. No acumulado dos 12 meses frente a igual período imediatamente anterior, o decréscimo do volume de vendas foi de 2,7%.

Setores. Em outubro, frente ao mês anterior, com ajuste sazonal, cinco das oito atividades registraram variações positivas em termos de volume de vendas e uma teve variação negativa. Os resultados foram: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,0%), tecidos, vestuário e calçados (1,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,7%), móveis e eletrodomésticos (0,6%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-9,2%), combustíveis e lubrificantes (-2,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%). No comércio varejista ampliado, houve relativa estabilidade (-0,1%) nessa comparação, com queda de veículos e motos, partes e peças (-0,9%) e de material de construção (-2,9%).

Em comparação com outubro de 2014, todas as atividades do varejo apresentaram resultados negativos: móveis e eletrodomésticos (-16,1%), combustíveis e lubrificantes (-11,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9,0%), tecidos, vestuário e calçados (-9,7%), livros, jornais, revistas e papelaria, (-9,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-25,9%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,4%). As atividades do comércio ampliado também sofreram queda: veículos, motos, partes e peças (-23,9%) e material de construção (-15,7%).

 

 
No acumulado de 2015 até outubro houve recuo na maioria dos setores, em comparação ao mesmo período de 2014. Destacaram-se, entre os resultados negativos: veículos e motos, partes e peças (-16,9%), móveis e eletrodomésticos (-13,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-9,6%), %), tecidos, vestuário e calçados (-7,5%) e material de construção (-7,4%). Por sua vez, as influências positivas para o resultado global foram: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3,1%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,3%).

Regiões. Na passagem de setembro para outubro de 2015, série com ajuste sazonal, as vendas no varejo foram positivas para 21 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Ceará (3,5%) e no Rio Grande do Norte (2,1%). Por outro lado, Tocantins e Espírito Santo (ambos com variação de -0,8%), foram os estados com recuos mais acentuados nessa comparação. Frente a outubro de 2014, o comércio varejista registrou queda em todos os estados, com destaque em termos de magnitude para Amapá (20,9%) e Paraíba (17,9%). No comércio varejista ampliado, todas as unidades da federação apresentaram variações negativas na comparação com outubro do ano passado. Em termos de volume de vendas, destacaram-se Tocantins com 27,2%, Maranhão (-23,5%), Espírito Santo (-23,3%) e Goiás (-23,2%). O estado com maior impacto negativo foi Rio de Janeiro (-13,9%).

 

 

 

 

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