11 de dezembro de 2015

Indústria
Promoção industrial, a versão indiana


  

 
O IEDI publica na edição de hoje de sua Carta IEDI uma síntese da política de desenvolvimento industrial que o governo indiano adotou em 2011, a National Manufacturing Policy, com o objetivo de acelerar o crescimento da indústria manufatureira, de maneira a elevar a participação da indústria no PIB dos então 16% para 25% até 2022, aumentar o valor adicionado nacional, incentivar o desenvolvimento tecnológico e tornar a indústria mais competitiva. Procura, ainda, gerar empregos diretos e indiretos e dar qualificação profissional aos migrantes rurais e à população urbana pobre, de forma a tornar o crescimento econômico inclusivo, e garantir a sustentabilidade do crescimento, por meio da eficiência energética, otimização do uso de recursos naturais e a recuperação de ecossistemas degradados.

A National Manufacturing Policy consistiu no reconhecimento da relevância da indústria para o desenvolvimento econômico do país e para a geração de empregos formais e de qualidade, sendo resultado de prolongadas consultas e debates entre diferentes esferas do governo, empresários e especialistas em indústria e tecnologia.

Em 2014, o Programa Make in India (Faça na Índia, ou ainda, Produza na Índia) buscou reforçar o compromisso nacional com o desenvolvimento industrial, bem como adotar medidas complementares à National Manufacturing Policy. As medidas tomadas no âmbito do programa podem ser reunidas em quatro blocos de ações:

  • Simplificação de processos e regulamentações para a melhora do ambiente de negócios, como a criação de uma interface online (E-Biz) que centralizasse todos os procedimentos e processos regulamentares necessários para a realização de investimentos, ou, então, a melhoria das regras associadas aos direitos de propriedade intelectual.
     
  • Abertura de determinados setores ao capital estrangeiro, com a elevação de limites impostos à participação estrangeira ou a extinção deles, com a intenção de atrair investimentos em setores como os de defesa, construção e rodovias.
     
  • Criação de nova infraestrutura que facilite o investimento, com o estabelecimento de clusters industriais e de smart cities interligados por vias de transporte de alta velocidade, formando corredores onde a infraestrutura de qualidade suportará o desenvolvimento industrial.
     
  • Desenvolvimento de uma nova mentalidade em que governo e setor privado se vejam e se comportem como parceiros.

O IEDI considera acertado o reconhecimento pelo governo indiano da indústria como um dos indutores do desenvolvimento econômico e acredita que o esforço a ser executado por meio da National Manufacturing Policy e do Programa Make in India é um exemplo para o Brasil. Daí o título da nossa Carta que será publicada hoje: "Faça como a Índia".

A despeito disso, não cabe negligenciar as dificuldades e desafios a serem suplantados ao longo do processo de desenvolvimento industrial, sobretudo, quando ocorre em uma conjuntura internacional pouco favorável, como aquela que se tem visto nos últimos anos. É com isso em mente que devem ser lidos os indicadores industriais da Índia aqui reunidos.

Desde 2007, o dinamismo da economia indiana tem sido relevante para a economia mundial, ficando, inclusive, acima do crescimento do PIB do agregado das economias emergentes (exceto em 2012, por uma pequena diferença). Entre 2013 e 2015, a produção industrial tem se acelerado, passando de 0,9% para 3,4% no acumulado dos sete primeiros meses de cada ano. E os Investimentos Diretos Externos acumulam alta de 73,4% entre janeiro e julho de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014. Apesar disso, a participação da indústria manufatureira no PIB nacional tem caído (de 16,3% no ano fiscal de 2011-2012 para 14,9% em 2013-2014). É esse processo que o governo indiano se propõe reverter.
   

 

 

 

 

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