8 de dezembro de 2015

Indústria Regional
Casos extremos


   

 
Poucos são os sobreviventes. É assim que podem ser resumidos os dados da produção industrial regional divulgados hoje pelo IBGE. Em outubro, houve retração em 10 das 14 localidades pesquisadas em relação a setembro, na série livre de efeitos sazonais. Frente ao mesmo mês do ano anterior, dois dias úteis a menos em outubro de 2015 contribuíram para a queda em 12 localidades. O elevado grau de disseminação geográfica da crise industrial marca, de fato, o ano de 2015, afetando 13 das localidades pesquisadas no acumulado dos dez primeiros meses do ano.

Nesse quadro geral, saltam aos olhos os casos extremos, isto é, aquelas localidades que sofreram as maiores quedas na produção e aquelas que ainda não foram inteiramente dragadas pela crise.

Comecemos por aqueles mais dramáticos. No acumulado entre janeiro e outubro de 2015, os estados do Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo viram sua produção industrial encolher 15,1%, 11,8% e 10,5%, respectivamente. Com isso, cresce a capacidade ociosa da indústria e torna cada vez mais difícil qualquer recuperação da economia brasileira, em geral, e desses estados, em específico, por meio dos investimentos.

A comparação com o mesmo período de 2014, mostra que a trajetória de queda desses estados não revela ainda nenhum sinal de reversão. Em outubro de 2015 frente a outubro de 2014, Amazonas teve queda de nada menos do que 20,6%, puxada principalmente por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-37,5%) e outros equipamentos de transporte (-27,4%). No caso do Rio Grande do Sul a retração foi de 16,6%, sob influência de veículos automotores, reboques e carrocerias (-39,8%) e máquinas e equipamentos (-29,6%). Já em São Paulo a queda foi de 12,9%, com contribuição importante de veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,9%).

O desempenho de São Paulo chama atenção porque se trata do parque industrial mais avançado e diversificado do país. Todos os fatores que têm minado o dinamismo da economia brasileira, como a perda de confiança dos empresários, a elevação dos juros e contração do crédito, a queda do investimento público e da construção pesada, em função do envolvimento de empresas na operação Lava-Jato, entre outros, afetam de forma mais intensa a economia paulista além de economias regionais importantes, como o Rio de Janeiro. O patamar de queda de São Paulo releva, assim, a gravidade da crise industrial que assola o país.

Nosso comentário sobre aquelas localidades cuja produção industrial ainda cresce tampouco é encorajador. Se, no acumulado do ano, Espírito Santo, Pará e Mato Grosso apresentam variações de 9,5%, 5,9% e 3,4%, respectivamente, isso se deve a pouquíssimas atividades de grande peso nessas economias mais especializadas – em geral, indústria extrativa. De todas as atividades pesquisadas pelo IBGE em cada um destes estados, 60% acumulam queda em 2015 no Espírito Santo, 57% no Pará e 50% no Mato Grosso. Na comparação com outubro de 2014, esse quadro pouco muda, exceto pelo fato de Espírito Santo ter tido contração de 5,2%, com queda em 80% das atividades pesquisadas. Em resumo, a crise se alastra também nesses estados, eclipsada pelo desempenho positivo de alguns poucos setores.
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de setembro para outubro a produção industrial brasileira assinalou estabilidade, com recuo em 10 locais pesquisados. As variações negativas mais intensas foram registrados nos estados: Pará (-6,0%), Paraná (-5,7%), Espírito Santo (-5,1%) e Amazonas (-4,9%). Os demais recuos ocorreram Goiás (-2,2%), Rio de Janeiro (-0,9%), Rio Grande do Sul (-0,8%), Região Nordeste (-0,5%), São Paulo (-0,4%) e Minas Gerais (-0,1%). Bahia (2,2%), Ceará (0,9%), Pernambuco (0,3%) e Santa Catarina (0,2%) assinalaram os resultados positivos.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 13 dos 15 estados mostraram recuo na produção em outubro. As maiores variações negativas podem ser observadas nos estados do Amazonas (-20,6%), Rio Grande do Sul (-16,6%), Paraná (-14,3%) e São Paulo (-12,9%). Santa Catarina (-11,1%), Rio de Janeiro (-11,1%), Ceará (-9,3%), Bahia (-8,9%), Goiás (-7,8%), Minas Gerais (-7,7%), Região Nordeste (-6,4%), Espírito Santo (-5,2%) e Pernambuco (-4,2%) também apontaram resultados negativos, porém menos acentuados do que a média nacional (-11,2%). Por outro lado, Mato Grosso (4,6%) e Pará (3,5%) assinalaram os avanços.

A produção industrial acumulada nos dez primeiros meses de 2015 caiu em doze das quinze localidades, com seis recuando acima da média nacional (-7,8%): Amazonas (-15,1%), Rio Grande do Sul (-11,8%), São Paulo (-10,5%), Ceará (-9,4%), Paraná (-8,5%) e Santa Catarina (-8,0%). Os demais resultados negativos foram: Minas Gerais (-7,3%), Bahia (-6,4%), Rio de Janeiro (-6,3%), Região Nordeste (-4,5%), Pernambuco (-3,4%) e Goiás (-1,8%). Os dois avanços nessa base de comparação, por sua vez ocorreram no Espírito Santo (9,5%), Pará (5,9%) e Mato Grosso (3,4%).

 

 
A produção industrial acumulada nos últimos doze meses apresentou queda em 12 das 15 localidades, acentuando a trajetória descendente da produção industrial brasileiras. As localidades que se destacaram negativamente entre setembro e outubro de 2015 foram: Goiás (de 0,7% para -1,1%), Espírito Santo (de 11,5% para 9,9%), Bahia (de -4,0% para -5,5%), Rio Grande do Sul (de -9,3% para -10,4%), Amazonas (de -13,5% para -14,5%) e Região Nordeste (de -3,0% para -3,9%).

Mato Grosso. Em outubro de 2015, frente ao mesmo mês de 2014, a produção industrial deste estado apresentou alta de 4,6%, a quinta taxa positiva consecutiva. Este resultado deveu-se ao desempenho dos setores de produtos alimentícios (2,6%), de produtos de madeira (18,6%), de outros produtos químicos (53,8%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,1%), enquanto a única influência negativa veio da atividade de produtos de minerais não-metálicos (-20,8%). No acumulado no ano de 2015, a produção industrial avançou 3,4%, com destaque para o setor de produtos alimentícios (5,1%), seguido pelos setores produtores de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (8,9%). Por outro lado, os setores de produtos de minerais não metálicos (-18,1%), de produtos de madeira (-4,9%) e de outros produtos químicos (-4,6%) foram as principais influências negativas.

São Paulo. Em outubro, a indústria paulista apresentou queda de 0,4% na comparação com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 12,9%, taxa impulsionada pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,9%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,1%), de produtos de metal (-21,3%), de máquinas e equipamentos (-11,4%), de produtos de borracha e de material plástico (-14,6%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,1%), de produtos têxteis (-25,8%), de metalurgia (-13,2%), outros produtos químicos (-4,8%) e de celulose, papel e produtos de papel (-8,2%). Por outro lado, o único resultado positivo foi assinalado pelo setor de bebidas (2,2%). No acumulado do ano de 2015 até outubro, a produção industrial recuou 10,5%, com a queda de todos os 18 setores analisados. Os destaques negativos ficaram para os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-21,9%), produtos alimentícios (-8,6%), de máquinas e equipamentos (-12,9%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-25,2%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,8%), de metalurgia (-13,0%), de produtos de borracha e de material plástico (-8,4%), de outros produtos químicos (-5,8%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,2%).

Bahia. Em outubro, frente setembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial baiana apresentou alta de 2,2%. No confronto com outubro de 2014, constatou-se recuo de 8,9%, devido a queda nos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-24,2%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,9%). Por outro lado, o setor de metalurgia (4,6%) exerceu a principal contribuição positiva. Entre janeiro e outubro de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, observa-se queda de 6,4% do índice de produção industrial, pressionado pela queda de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,7%), metalurgia (-14,1%), de outros produtos químicos (-4,8%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-54,9%).

 

 

 

 

 

 

 

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