|
|
Os dados de produção industrial de outubro mostram
que a crise da economia continua estrangulando a indústria.
Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a contração
da indústria de transformação foi de 0,3%,
em outubro, frente a setembro, já descontados os efeitos
sazonais, resultado de quedas em todas as grandes categorias econômicas.
Nem a indústria extrativa se salvou no último mês,
apresentando variação de -2%. Com isso, o desempenho
da indústria geral foi de -0,7%.
Além
da crise generalizada da produção, chama atenção
o tamanho das variações negativas, mesmo na comparação
com ajuste sazonal, em relação ao mês de setembro.
Vejamos a produção de bens de consumo duráveis
que, em apenas um mês, caiu 5,6%; ou então, a de
bens de capital, com queda de 1,9%. Já bens intermediários,
só tem apresentado variações negativas desde
o mês de fevereiro (-0,7% em outubro).
Se levarmos
em conta as variações em relação ao
mesmo mês do ano anterior, ainda que outubro de 2015 tenha
tido dois dias úteis a menos, as quedas são impensáveis,
chegando a 32,6% em bens de capital e 28,7% em bens de consumo
duráveis. O esfacelamento da confiança do empresariado,
diante de um ambiente político e econômico cada vez
mais nebuloso, a elevação dos juros e a contração
do crédito, o grande encolhimento do investimento público,
da Petrobras e do complexo da construção pesada,
além, da baixa disposição de consumir e redução
da renda das famílias, têm produzido um efeito devastador
sobre essas categorias.
Cabe ressaltar
a crise pela qual alguns ramos industriais em particular vêm
passando. Em outubro, dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, 16 ultrapassaram
o patamar queda de 10% frente ao mesmo mês de 2014. Isso
já não é pouca coisa, mas é ainda
pior para alguns deles. A situação foi particularmente
grave na fabricação de equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-35,8%), veículos
automotores, reboques e carrocerias (-34,9%) e em impressão
e reprodução de gravações (-31,9%).
Outros setores não ficaram muito atrás, como produtos
têxteis (21,7%), máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (-20,8%), produtos de metal (-17,1%), outros
equipamentos de transporte (-17%) e calçados (-14,9%).
Vale lembrar
ainda que não foi a primeira vez que esses ramos apresentam
variações dessa magnitude. De fato, a maioria deles
lidera o movimento de contração no acumulado do
ano, contribuindo para o aprofundamento da crise da industrial.
Se esta trajetória se mantiver, e nada indica o contrário,
é muito provável que o presente ano se encerre com
uma contração da ordem de 10% da indústria
de transformação.
|
Em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção
industrial apontou variação negativa de 0,7% frente ao mês
imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais.
No confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria
mostrou queda de 11,2% em outubro de 2015 (20ª taxa negativa consecutiva
nesse tipo de comparação). Assim, para o acumulado dos dez
meses do ano a variação foi de -7,8%. O indicador acumulado
nos últimos doze meses, com o recuo de 7,2%, em outubro de 2015,
manteve a trajetória descendente iniciada em março de 2014,
assinalando o resultado negativo mais intenso desde novembro de 2009 (-9,4%).
Categorias
de Uso. Entre as categorias de uso na comparação
com o mês imediatamente anterior, bens de consumo duráveis
representou o recuo mais acentuado em outubro de 2015, com queda de 5,6%.
A produção de bens de capital (-1,9%) também registrou
queda mais intensa que a média nacional (-0,7%). Os bens intermediários
(-0,7%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0,6%) também
registraram taxas negativas.
No confronto com igual
mês do ano anterior, os setores produtores de bens de capital (-32,6%)
e bens de consumo duráveis (-28,7%) assinalaram as reduções
mais acentuadas. Os setores produtores de bens intermediários (-7,5%)
e de bens de consumo semi e não-duráveis (-7,4%) também
mostraram resultados negativos nesse mês, mas ambos com recuos abaixo
da média nacional (-11,2%).
No acumulado do ano,
bens de capital (-24,5%) e bens de consumo duráveis (-17,2%) assinalaram
perda de dinamismo. Os segmentos de bens de consumo semi e não-duráveis
(-7,2%) e de bens intermediários (-4,5%) também registraram
taxas negativas nesta base de comparação.
Setores. A
estagnação da atividade industrial na passagem de setembro
para outubro de 2015 foi influenciada pelo recuo de 15 dos 24 ramos pesquisados,
especialmente coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis
(-2,7%), indústrias extrativas (-2,0%), veículos automotores,
reboques e carrocerias (-3,0%) e equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-9,4%). Outras contribuições
negativas importantes vieram das atividades de perfumaria, sabões,
produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,4%), de minerais não-metálicos
(-2,1%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,3%), de outros equipamentos
de transporte (-3,4%) e de produtos de madeira (-4,4%). Por outro lado,
entre os oito ramos que ampliaram a produção nesse mês,
a maior contribuição para a média global veio de
produtos alimentícios (1,7%).
Na comparação
com outubro de 2014, o setor industrial mostrou queda de 11,2% em outubro
de 2015, com perfil disseminado de resultados negativos: 24 dos 26 ramos
apontaram redução na produção. Entre as atividades,
podemos destacar: veículos automotores, reboques e carrocerias
(-34,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos
e ópticos (-35,8%), máquinas e equipamentos (-18,6%), coque,
produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,6%),
máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,9%), produtos
de metal (-17,2%), metalurgia (-10,8%), produtos de borracha e de material
plástico (-12,8%), produtos de minerais não-metálicos
(-11,4%), produtos têxteis (-21,7%), impressão e reprodução
de gravações (-31,9%), móveis (-24,6%), outros produtos
químicos (-5,3%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados
(-14,9%), outros equipamentos de transporte (-17,0%) e confecção
de artigos do vestuário e acessórios (-9,3%). Por outro
lado, na mesma comparação, produtos do fumo (10,1%) e bebidas
(0,7%) aumentaram a produção no mês.
No índice acumulado
no ano, houve queda em 25 dos 26 ramos (atingindo 75,5% dos 805 produtos
investigados). Os principais impactos negativos foram observados em veículos
automotores, reboques e carrocerias (-24,6%), equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-29,2%), coque, produtos
derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,3%), máquinas
e equipamentos (-13,6%), metalurgia (-8,5%), produtos alimentícios
(-3,1%), produtos de metal (-11,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(-13,3%), produtos de borracha e de material plástico (-8,4%),
máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,0%), produtos
de minerais não-metálicos (-7,0%), outros produtos químicos
(-4,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios
(-10,1%) e produtos têxteis (-13,7%). A única influência
positiva veio de indústrias extrativas (6,3%).
|
|