|
|
Os dados de crédito, divulgados nesta sexta-feira pelo
Banco Central, confirmam a tendência de contração
das concessões que marca o ano de 2015. Em outubro, as
concessões totais de crédito foram, em termos reais,
4,6% menores que em setembro. No acumulado de janeiro a outubro
a queda chega a 10,7%.
Trata-se de
uma retração forte do crédito, que, de um
lado, reflete a baixa demanda de recursos por parte de investidores
e consumidores. Por outro, espelha também a resistências
dos financiadores em colocar à disposição
do público fundos em condições razoáveis
de financiamento, o que aprofunda a recessão da economia.
Esse movimento
tem sido liderado pelo crédito às empresas, às
quais demandam menos recursos do sistema bancário diante
do quadro recessivo da economia. Esse fator, aliado à aversão
a riscos dos bancos já salientada, produziu, no ano, uma
queda real de 12,8% das concessões totais às empresas.
Para as famílias, a queda foi de 8,9% na mesma comparação.
Dois aspectos
adicionais devem ser enfatizados. O primeiro deles é o
crescimento moderado, mas persistente da inadimplência.
No ano de 2015 temos visto uma reversão da trajetória
de queda da inadimplência que ocorria desde o último
trimestre de 2012. No entanto, entre janeiro e outubro a inadimplência
total do crédito bancário foi progredindo paulatinamente
partindo de 2,8% até chegar a 3,2% no mês passado.
Aqui, novamente, o ritmo de deterioração dos empréstimos
às empresas é quem lidera, subindo de 2% para 2,5%
nesse período. Ainda que as famílias apresentem
um nível mais elevado de inadimplência, esta cresceu
um pouco menos, de 3,7% para 4,1%, em 2015.
É possível
que uma alta mais expressiva da inadimplência das famílias
esteja sendo gestada. A queda real dos rendimentos, o maior desemprego
e o recuo do crédito têm empurrado famílias
em pior situação financeira para modalidades de
empréstimo com taxas de juros mais altas. E o pior é
que essas taxas estão em elevação. É
o caso das concessões para cheque especial e cartão
de crédito que, em outubro frente a setembro, cresceram
1% e 2,7%, em termos reais, respectivamente.
O segundo
aspecto a ser destacado diz respeito à escalada dos juros.
Em outubro, os juros médios cobrados no crédito
bancário chegaram a 30,5% ao ano, em termos nominais, o
maior patamar da série iniciada em março de 2011
e, em termos reais, o maior desde junho de 2012. A alta tem ocorrido
tanto para as empresas como para as famílias. No ano aumento
tem sido expressivo para as taxas de juros do cheque especial
(60 p.p., em termos reais), cartão de crédito (+23,4
p.p.) e, inclusive, do crédito renegociado (+12 p.p.).
Esses dados constituem outra indicação de que as
famílias poderão enfrentar problemas ainda maiores
no futuro próximo.
|
Os dados de crédito do Brasil divulgados hoje pelo Banco Central
indicaram que a participação do crédito no PIB alcançou
54,7% em outubro, uma retração de 0,3 p.p. frente a setembro
e aumento de 1,3 p.p. sobre outubro 2014. Do saldo total, 28,9% referem-se
às operações realizadas junto a pessoas jurídicas
e 25,8% a pessoas físicas.
O saldo de crédito
concedido por instituições financeiras públicas chegou
a 30,5% do PIB, aumentando sua participação em aproximadamente
4,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já
as instituições financeiras privadas atingiram 24,2% do
PIB, sendo 16,3% de instituições nacionais e 7,9% de instituições
estrangeiras.
No mês de outubro foram concedidos R$ 294,1 milhões em novas
operações de crédito, frente a R$ 330,0 milhões
no mesmo mês do ano passado, o que representa uma variação
real negativa de 19,0%. Em relação ao mês de setembro,
a variação real foi de -4,6%. Na comparação
entre 2014 e 2015 do desempenho acumulado (entre janeiro e outubro) das
novas concessões apresentou declínio real de 10,7%.
A participação
das operações junto a pessoas jurídicas representou
46,9% das novas operações de crédito (aumento de
1,1 p.p. em relação a outubro de 2014 e queda de 1,3 p.p.
em relação a setembro de 2015), ao passo que participação
das operações junto a pessoas físicas atingiu 53,1%
(redução de 1,1 p.p. frente a outubro de 2014 e retração
de 0,8 p.p. frente a setembro de 2105).
A inadimplência
total de setembro registrou pequena variação de 0,1 p.p.,
alcançando 3,2%. Nas operações ligadas a pessoas
físicas, a taxa média de inadimplência subiu para
4,1% (variação de 0,2 p.p), sendo 2,1% para operações
com recursos direcionados e 5,8% com recursos livres (eram 1,9% e 5,7%,
respectivamente, em setembro de 2015). Para operações junto
a pessoas jurídicas, a taxa se manteve em 2,5% (0,1 p.p. maior
que o mês anterio, sendo 0,8% nos empréstimos com recursos
direcionados e 4,3% naqueles com recursos livres (0,7% e 4,1% em setembro,
respectivamente).
As taxas médias
anuais dos contratos, em juros nominais, atingiram 21,5% e 38,7% para
pessoas jurídicas e físicas, respectivamente. Em setembro,
estas mesmas taxas alcançaram 20,4% a.a. e 37,4% a.a. Para pessoas
jurídicas, as taxas médias de juros praticadas nas operações
com recursos livres e recursos direcionados foram de 30,2% a.a. e 11,1%
a.a. respectivamente. Para as pessoas físicas as taxas médias
foram de 64,8% a.a. para operações recursos livres e 9,9%
para operações com recursos direcionados.
|
|