24 de novembro de 2015

Emprego
Da indústria e da construção
para a informalidade


   

 
Segundo os dados da PNAD Contínua, divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação no país chegou a 8,9% no terceiro trimestre de 2015, o maior patamar da série iniciada em janeiro de 2012. Essa taxa resultou, principalmente, do maior número de pessoas procurando empregos. Foram 2,1 milhões de indivíduos adicionais a entrar na força de trabalho que, frente ao mesmo trimestre de 2014, registrou crescimento de 2,1%.

Em menor medida, contribuiu a queda de 0,2% da população ocupada, nesta mesma comparação, ou seja, 179 mil pessoas que perderam seus empregos. Essa evolução geral esconde, entretanto, quedas mais intensas em algumas posições, como no trabalho privado com e sem carteira, que apresentaram variações de -3,4% e -0,8% frente ao terceiro trimestre de 2014. É, então, no trabalho assalariado que a crise está instalada, atingindo sobretudo sua parcela formal. Por isso, a contração da população ocupada seria muito maior não fosse a expansão verificada no trabalho por conta própria (3,5%) e em empregadores (7,9%). É bom ressaltar que parte desse aumento de empregadores deve refletir mais estratégias de fuga do desemprego do que o avanço do empreendedorismo no país.

Esse processo de absorção da população ocupada por posições possivelmente mais precárias vem geralmente acompanhado de renda menor e mais volátil. Efeito disso é que indivíduos até então fora da força de trabalho são chamados a contribuir para o rendimento familiar e, consequentemente, a engrossar o contingente à procura de emprego no mercado de trabalho.

Setor líderes da crise do trabalho assalariado são a Construção, com queda de 4% da população ocupada, frente ao terceiro trimestre de 2014, e a Indústria, onde predomina o trabalho com carteira assinada, com queda de 3,9% na mesma comparação. Em seguida estão os Serviços prestados principalmente às empresas (-1,2%) e a Agropecuária (1,4%). Por sua vez, funcionaram como um colchão amortecedor aqueles setores onde costuma haver maior participação de trabalho informal, tal como Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,1%), Alojamento e alimentação (3,2%) e Transporte, armazenagem e correios (3,4%). Em menor medida, também houve alta em Administração pública, defesa, educação saúde e serviços sociais (2%).

Outro aspecto a ser ressaltado é a trajetória do rendimento real médio habitualmente recebido, cujo crescimento frente ao mesmo trimestre do ano anterior vem sendo cada vez menor e, no terceiro trimestre de 2015, chegou à estagnação (-0,2%). O mesmo ocorreu com a massa desses rendimentos, que apresentou variação de -0,1% na mesma comparação. Assim, enquanto a PME mostrou forte declínio do rendimento e da massa salarial, os dados da PNAD indicam que esse movimento atinge sobretudo as regiões metropolitanas, sendo que no Brasil o cenário ainda é de estagnação.
  

 
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação atingiu 8,9% no terceiro trimestre de 2015, a mais alta registrada pela pesquisa, que teve início no primeiro trimestre de 2012.

A população em idade de trabalho cresceu 1,3% em relação ao 3º trimestre de 2014, movimento no mesmo sentido da população na força de trabalho, que se elevou em 2,1% na mesma comparação. O número de desocupados, por sua vez, aumentou 33,9%, enquanto que o de ocupados apresentou retração de 0,2%, ambos em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Dentre as posições de ocupação, quatro registraram variações positivas em relação terceiro trimestre de 2014: empregador (7,9%), trabalhador por conta própria (3,5%), trabalhador familiar auxiliar (2,3%) e trabalhador doméstico (0,6%). As demais apresentaram diminuição do número de pessoas ocupadas na mesma base de comparação: setor público (-0,1%), trabalhador privado com carteira (-0,8%) e sem carteira (-3,4%).

 

 
Dentre os setores da economia que apresentaram maior aumento da ocupação entre os 3º trimestres de 2015 e 2014, destacam-se transporte, armazenagem e correios (3,4%), alojamento e alimentação (3,2%) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,1%). Por outro lado, os setores com as maiores reduções na população ocupada no período foram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-1,4%), indústria (-3,9%) e construção (-4,0%).

O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.889, praticamente estável (-0,2%) em relação ao terceiro trimestre do ano passado. A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou R$ 168,6 milhões, também próxima da estabilidade (-0,1%) quando confrontada com o mesmo período de 2014.

 

 

 

 

 

 

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