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Não é segredo para os analistas do comércio
e da indústria que um dos fatores mais determinantes do
consumo das famílias é o rendimento real médio
ou a massa real de rendimentos do trabalho. A renda familiar é
a base da compra de bens de consumo mais essenciais e também
daqueles de valor unitário não tão elevado.
O comércio
e a indústria de alimentos, remédios, vestuário
e calçados, dentre outros ramos têm seu dinamismo
vinculado a este fator, o qual também afeta uma faixa de
consumo mais diferenciado, por exemplo, produtos de limpeza, cosméticos
e utensílios para o lar.
A renda real
é ainda a referência sobre a qual o crédito
é capaz de multiplicar o poder de compra da população.
Quanto maior é a renda e quanto mais alta é a perspectiva
de seu crescimento, menor é o risco de inadimplência
e maior a disposição dos bancos em ampliar o crédito
pessoal e o crédito ao consumo.
Os dados da
pesquisa mensal de emprego referentes a outubro de 2015 dão
conta de uma situação cada vez mais adversa para
o quadro do rendimento do trabalho e da massa real de rendimentos
da população. E, portanto, também para as
perspectivas de crescimento do varejo e da indústria de
bens de consumo nesse final do ano e nos meses iniciais de 2016.
O rendimento médio real nas seis principais regiões
metropolitanas do país teve queda de 7% relativamente a
outubro de 2014.
Este índice
é, em si, um fator de apreensão, porque informa
uma queda preocupante da renda da população, dada
a inflação elevada que vem se impondo ao longo do
ano. Ademais, o mês de outubro também registra um
forte revés no número de pessoas ocupadas, da ordem
de -3,5% com relação ao mesmo mês de 2014.
Daí a queda percentual recorde nos últimos doze
anos para a massa real de rendimentos (-10,3%), já que
esta nada mais é do que o resultado da multiplicação
do número de pessoas ocupadas pelo seu rendimento real
médio.
Não
é somente o nível – que já se revela
muito elevado – de declínio do rendimento médio
e da massa de rendimentos que chama atenção. Sua
rapidíssima involução é digna de registro.
Tomemos a massa de rendimento habitual, cujo declínio em
outubro último frente ao mesmo mês de 2014 chegou
a 10,3%, como já foi registrado. Pois bem, em dezembro
do ano passado este percentual era positivo em 1,1%, progredindo
em seguida para -4,1% em junho e -6,1% em setembro. Trata-se de
uma deterioração rápida e que, aparentemente,
encontra-se ainda em processo, razão pela qual não
devem ser nada favoráveis as expectativas para a evolução
do varejo e da indústria de bens de consumo na entrada
de 2016.
Outros números
da última PME devem também ser sublinhados. A taxa
de desocupação alcançou 7,9% (4,7% em outubro
de 2014). Aqui também se tratou de uma evolução
meteórica, que em um ano fez retroceder a taxa de desemprego
em seis anos. Vale dizer, a nossa taxa de desemprego equivalia
em outubro último à do ano crítico de 2009.
Uma segunda
observação, a queda do emprego de 3,5% teve como
destacado líder a indústria, onde o retrocesso no
número de pessoas ocupadas chegou a 8,7%. Em seguida, vieram
construção, -5,2%, intermediação financeira,
-3,7%, serviços domésticos, -2,1%, e comércio,
-1,5%.
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Resultados Gerais. Os dados de outubro da Pesquisa Mensal
do Emprego do IBGE apontaram uma elevação da taxa de desocupação,
que alcançou 7,9% nas principais regiões metropolitanas
do país. O aumento foi de 0,3 p.p. em relação ao
mês de setembro e de 3,2 p.p. frente ao mesmo mês do ano anterior.
A média acumulada do ano, de janeiro a outubro, ficou em 6,8% enquanto
que a taxa média dos últimos 12 meses alcançou 6,4%.
PD, PO e PEA.
Em outubro, o número de pessoas desocupadas foi de 1,913
milhão, 3,2% superior ao mês de setembro e 67,5% maior que
outubro de 2014. A população ocupada, de 22,453 milhões
de pessoas, retraiu 1,0% em relação a setembro e 3,5% ante
o mesmo mês do ano anterior. A população economicamente
ativa (PEA), por sua vez, manteve-se praticamente estável, tanto
frente ao mês de setembro quanto a outubro, com variações
de -0,7% e -0,2%, respectivamente.
Regiões.
Dentre
as metrópoles pesquisadas, Recife, Salvador e Rio de Janeiro apresentaram
decréscimo da taxa de desocupação de 0,6 p.p., 0,2
p.p. e 0,3 p.p. na passagem de setembro para outubro, atingindo taxas
de 9,8%, 12,8% e 6,0%, respectivamente. Em sentido oposto, São
Paulo (8,1%), Porto Alegre (6,8%) e Belo Horizonte (6,6%) tiveram aumento
da taxa de desocupação de 0,8 p.p., 0,5 p.p. e 0,7 p.p.,
respectivamente.
Com relação ao mesmo mês do ano de 2014, o aumento
da taxa de desocupação foi generalizado entre as regiões
pesquisadas, com destaque para Salvador (+4,3 p.p.), São Paulo
(+3,7 p.p.), Recife (+3,1 p.p.), Belo Horizonte (+3,1 p.p.), Rio de Janeiro
(+ 2,2 p.p.) e Porto Alegre (+2,2 p.p.).
Ocupação
por posição na ocupação. Em outubro,
os 22,4 milhões de ocupados concentraram-se majoritariamente no
grupo de trabalhadores com carteira assinada (12,2 milhões), trabalhadores
por conta própria (4,5 milhões) e empregados sem carteira
assinada (2,9 milhões). Em relação a setembro, o
número de trabalhadores por conta própria aumentou 1,0%
enquanto os demais grupos apresentaram retração: com carteira
assinada (-0,8%), sem carteira assinada (-3,3%) empregadores (-1,6%) e
trabalhadores não remunerados, membro da unidade domiciliar (-15,4%).
Na comparação sobre o mesmo mês do ano anterior, o
número de trabalhadores por conta própria manteve-se praticamente
estável (expansão de 0,6%), enquanto que os demais grupos
apresentaram retração: com carteira assinada (-4,5%), sem
carteira assinada (-6,3%), empregadores (-4,9%) e trabalhadores não
remunerados, membro de unidade domiciliar (-19,1%).
Setores. Dentre
os grupamentos de atividades, em relação a outubro de 2014,
todos apresentaram retração no número de pessoas
ocupadas, puxados por indústria extrativa e de transformação
e produção e distribuição de eletricidade,
gás e água (-8,7%) e construção (-5,2%) e
outras atividades (-16,0%). Outros grupos apresentaram variações
negativas menores, como: intermediação financeira e atividades
imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à
empresa (-3,7%), administração pública (-1,1%), defesa,
seguridade social, educação, saúde e serviços
sociais (-1,1%), serviços domésticos (-2,9%), comércio,
reparação de veículos automotores e de objetos pessoais
e domésticos (-1,5%).
Rendimento
médio real. O rendimento médio real dos trabalhadores
apresentou retração de 7,0% frente ao mês de outubro
de 2014 e registrou o valor de R$ 2.182. Todas as regiões metropolitanas
pesquisadas tiveram variações negativas, puxadas por: Salvador
(-10,1%), Recife (-8,8%), Belo Horizonte (-7,8%), Rio de Janeiro (-7,2%),
São Paulo (-6,8%) e Porto Alegre (-5,8%).
A massa de rendimentos calculada a partir do rendimento médio real
atingiu em outubro R$ 48,995 bilhões, valor 10,3% inferior ao valor
de outubro de 2014. Nesta mesma comparação, todas as regiões
pesquisadas apresentaram forte retração, como Salvador (-16,5%),
Recife (-13,0%), Belo Horizonte (-12,3%), São Paulo (-10,5%), Porto
Alegre (-9,1%) e Rio de Janeiro (-7,9%).
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