18 de novembro de 2015

Exportações
A posição brasileira nas exportações mundiais de manufaturados


   

 
O Brasil segue perdendo posições no ranking dos maiores exportadores mundiais de bens manufaturados: era o 29º em 2012, o 30º em 2013 e o 32º em 2014, segundo dados divulgados pela OMC. A participação brasileira nas exportações mundiais de bens manufaturados em 2014 foi de 0,61%, uma perda significativa em relação a dez anos atrás, que era de 0,85%. Nesse ano o país foi o 26º colocado no ranking. Ou seja, em termos de exportações mundiais de manufaturados, o Brasil trilha uma rota de progressivo encolhimento no cenário mundial.

No caso das importações, em 2014 o Brasil perdeu duas posições em relação a 2013, passando a ser o 20º maior importador mundial, com parcela de 1,28% - mas ainda mantendo uma colocação bem mais relevante para o comércio mundial do que no caso das exportações.

Somando as vendas externas de bens primários às de produtos manufaturados, isto é, considerando-se as exportações totais, o Brasil despencou três posições na passagem de 2013 para 2014, do 22º lugar para o 25º. Assim, a parcela brasileira nas exportações mundiais caiu de 1,3% em 2013 para 1,2% em 2014. A ultrapassagem se deu por economias muito menores que a brasileira: Suíça, Malásia e Tailândia. Por sua vez, no ranking das importações totais, o Brasil ficou na 22ª posição, tal como apontado em 2013, mantendo a parcela de 1,3% sobre as importações mundiais de bens registrada por quatro anos consecutivos.

O melhor momento do país nas exportações internacionais desde 2005 foi o ano de 2011, quando o Brasil ocupou a 22ª posição no ranking e respondeu por 1,4% do total. Mesmo assim, esse percentual é desproporcional ao tamanho da economia brasileira, uma das dez maiores do mundo.

Em suma, para padrões internacionais o Brasil importa pouco e exporta menos ainda. Tal característica é mais acentuada quando se trata de importações e, sobretudo, exportações de manufaturados.

A variação real do comércio mundial em 2014 foi 2,5%, tal qual 2013. Segundo o relatório de comércio mundial da OMC (World Trade Report, WTR), os principais motivos para esse fraco crescimento foram a desaceleração da atividade produtiva em países emergentes, como a China, a recuperação desigual e lenta das economias desenvolvidas, tensões geopolíticas (conflitos na Ucrânia/ Rússia, e no Oriente Médio, principalmente) e a queda do preço de diversas commodities, fazendo com que seus exportadores também reduzissem importações.

Os cinco maiores exportadores mundiais permaneceram os mesmos, China, EUA, Alemanha, Japão e Holanda – sendo que a China ampliou a sua parcela sobre o total, de 11,7% para 12,4% entre 2013 e 2014. Isso porque enquanto as exportações mundiais cresceram apenas 0,6% em termos de valor, de 2013 para 2014, as da China se elevaram 6%. Na contramão, a variação das exportações brasileiras foi de -7%, sendo este, juntamente com o Reino Unido, o resultado mais adverso do grupo dos 30 maiores exportadores mundiais.

Em termos dos setores industriais, houve uma alta contínua e expressiva das exportações globais de aço e ferro entre o segundo trimestre de 2013 e o terceiro de 2014, cuja tendência se inverteu no último período do ano passado. Diferentemente, o ritmo de expansão das exportações de produtos automotivos desacelerou ao longo de 2014, até tornar-se negativo no último trimestre. Aliás, no ano passado a variação também foi negativa em químicos, têxteis e vestuário e maquinário industrial. Somente equipamentos de escritório e telecomunicações assinalaram tendência contínua de alta ao longo de 2014, ainda que a taxas modestas, revertendo a retração entre o último trimestre de 2012 e o primeiro de 2014.

Para interpretar a divergência entre as colocações do Brasil nos rankings das exportações totais versus exportações de bens manufaturados, é preciso lembrar que em dez anos a parcela dos produtos manufaturados nas exportações brasileiras regrediu de 53% para 34%, em benefício da maior participação de combustíveis e minérios e de produtos agrícolas – que passaram a ser o principal grupo de bens com 40% de participação em 2014. Houve também no mundo uma perda relativa de parcela das manufaturas sobre as exportações, porém de magnitude bem inferior do que a registrada no Brasil: passou de 73% para 69% entre 2005 e 2014. Nas importações, a pauta brasileira permaneceu bastante estável, concentrada em manufaturas (72% das importações totais de bens do país em valor), enquanto no mundo houve uma ligeira queda desse grupo.

Concluindo, o comércio exterior brasileiro em 2014 exibiu um desempenho pior do que o da média mundial em termos das exportações totais de bens e, em especial, de manufaturas. Portanto a indústria do país continua perdendo competitividade no cenário internacional e doméstico, o que contribui para agravar a restrição externa ao crescimento e é parte explicativa da recessão econômica vivida pelo país.
  

 
 

 

 

 

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