17 de novembro de 2015

Serviços
Cada vez pior


  

 
O setor de serviços no Brasil tem peso preponderante no PIB e no emprego, razão pela qual se este setor se depara com uma fase adversa, não deve restar dúvida que a adversidade não ficará restrita ao setor, mas tomará conta da economia como um todo. O PIB brasileiro sofrerá e o emprego e a renda da população também declinarão. Neste contexto, comércio e indústria sofrerão e serão irremediavelmente prejudicados.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, este setor, juntamente com o varejo, entrou em recessão posteriormente à indústria – que, de uma fase de franca desaceleração entre 2011 e 2013, passa a ter retrocesso já em 2014. A crise industrial, e possivelmente a recessão do comércio varejista, precedem o revés que o ano de 2015 viria a registrar para serviços; mas agora passam a refletir também os resultados negativos deste que é o macro setor de maior peso no país.

Os dados divulgados hoje pelo IBGE referente a setembro registram queda em volume da receita de serviços de 2,8% no acumulado dos nove primeiros meses do ano. Cabe ressaltar que no ano passado o faturamento do setor ainda ostentava variação positiva de 2,5%. Do ano passado para o corrente ano, portanto, os serviços entram em recessão. A pior notícia não é essa. E, sim, que os últimos resultados, vale dizer, referentes ao mês de setembro, dão indicação de que está em curso um processo de aceleração da queda. Naquele mês, frente a setembro de 2014, o declínio real de receitas de serviços foi de 4,8%.

A indicação de que o agravamento da queda ainda está em curso é dado por todos os principais setores em que se desdobra a atividade de serviços. Em Serviços prestados às famílias, onde se destacam alojamento e alimentação fora de casa, o mês de setembro registrou recuo de 6,7%, um índice inferior aos 5% de redução no acumulado no ano. Em Serviços de informação e comunicação – onde a intensidade de mudanças tecnológicas é muito grande e, por isso mesmo, é o único ramo que ainda acusa variação positiva no acumulado do ano, de 1% - o mês de setembro indica que também aí há mudança de sinal, com diminuição de receita de 0,7%.

Em Serviços profissionais, administrativos e complementares, um segmento que vinha resistindo à queda e que no ano passado teve aumento simbólico de 0,2%, no corrente ano já acumula redução de 3,1%, tendo registrado em setembro, com relação a setembro de 2014, uma queda tão expressiva quanto 8%.

Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio declinou a uma taxa mais elevada no acumulado do ano, -5,7%, indicando ainda estar em progressiva piora, já que a taxa de setembro foi negativa em 6,4%. Finalmente, o item Outros serviços acusou o maior revés dentre todos os segmentos, -8,4% no acumulado do ano e -9,9% no mês de setembro.

É possível que entremos em 2016 com o setor de serviços ainda em um processo de aprofundamento da piora em seu desempenho.
   

 
Os dados de setembro da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE apontaram retração do volume de serviços prestados no Brasil em 4,8% em relação ao mesmo mês de 2014. O desempenho do setor entre os meses de janeiro e setembro de 2015 frente ao mesmo período de 2014 foi 2,8% inferior.

Em comparação ao mesmo mês do ano anterior, todos os grupos pesquisados apresentaram retração no volume dos serviços prestados. O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares registrou retração de 8,1%, enquanto no grupo dos serviços prestados às famílias a queda foi de 6,7% e em transportes, serviços auxiliares dos transportes, de 6,4%. O volume de outros serviços, por sua vez, retraiu 9,9% na mesma comparação e aqueles relacionados a informação e comunicação, 0,7%.

 

 
No acumulado do ano, de janeiro a setembro, frente ao mesmo período de 2014, o setor de outros serviços apresentou a maior queda (-8,4%), seguido por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-5,7%), serviços prestados às famílias (-5,0%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,1%). Apenas o grupo de serviços de informação e comunicação oscilou positivamente, com expansão de 1,0% no período.

Na análise por estado, apenas 3 das 27 unidades federativas pesquisadas registraram crescimento do volume de serviços na comparação do acumulado do ano de 2015 e o mesmo período de 2014. O desempenho positivo foi registrado por Rondônia (6,1%), Mato Grosso (0,2%) e Tocantins (0,1%). Em direção oposta, os estados de Maranhão (-10,6%), Amapá (-10,4%), Amazonas (-8,4%), Mato Grosso (-6,6%), Paraíba (-5,3%), Espírito Santo (-5,0%), Acre (-4,9%) e Sergipe (-4,8%) foram responsáveis pelas maiores oscilações negativas.

 

 

 

 

 

 

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