12 de novembro de 2015

Comércio Varejista
Balanço do Varejo


   

 
Dados da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada hoje pelo IBGE, indicaram queda de 0,5% das vendas do varejo restrito e de 1,5% no varejo ampliado (inclui os segmentos de veículos e autopeças e material de construção) entre agosto e setembro, a partir de dados dessazonalizados. Frente a setembro de 2014, as variações foram de -6,2% e -11,5%, respectivamente. No acumulado do ano, a variação foi negativa para ambos os grupos: -3,3% para o restrito e -7,4% para o ampliado.

Para a indústria, que tem uma parte significativa de sua produção voltada para o consumo das famílias, esses resultados não são bons pois informam recuos adicionais do mercado consumidor interno.

Tendo transcorrido três trimestres no ano, vamos fazer um balanço parcial do varejo em 2015. A nossa avaliação é negativa, mas alguns pontos podem se revelar positivos. Para o varejo restrito, é clara a sequência de dados que sinalizam que o processo de queda, cada vez maior em meses anteriores, cedeu lugar a uma estabilização da taxa com que o segmento está declinando. O principal indicativo de que há uma tendência de estabilização do quadro negativo é a sequência da variação mês após mês com ajuste sazonal desde julho, que foi sucessivamente amenizada: -1,5%, -0,9% e -0,5%, respectivamente nos meses de julho, agosto e setembro. Mantendo-se este quadro até o final do ano, deve-se confirmar o virtual estancamento da piora do setor, com declínio acumulado na faixa de 4% no ano, contra uma redução de 3,3% até setembro.

Quem ainda apresenta flagrante tendência de aceleração da queda é o comércio varejista ampliado. Suas taxas mensais de retrocesso ainda são muito altas: -1,5% em setembro com relação a agosto e -11,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, após um recuo de 9,6% em agosto e 7,0% em julho. A escala ascendente da recessão neste caso deve levar a taxa de variação real no ano de -7,4%, apurado no período de janeiro a setembro, para níveis que podem superar 9,0% para o ano de 2015 como um todo.

Nos ramos do segmento varejista é possível detectar tendências de piora continuada de resultado, como no caso de tecidos, vestuário e calçados, cuja redução em setembro último, relativamente ao mês anterior, foi de 1,4% e de -12,9% na comparação com o mesmo mês de 2014. Os dados não mostram perspectiva de que o setor tenha encontrado o seu “fundo do poço”. O mesmo pode ser dito para o segmento de móveis e eletrodomésticos, sobretudo para móveis. Aqui, porém, a variação nula em setembro com relação a agosto, pode ser indicativo de que o rápido aprofundamento da crise neste segmento pode estar dando seus primeiros sinais de estancamento.

A persistência da tendência de agravamento da redução de vendas reais no setor alcança ramos que, até há pouco tempo, resistiam ao quadro geral negativo. Esses são os casos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que ainda acusa variação positiva de vendas reais de 3,6% no ano e de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que também teve variação positiva de 1,5% no período de janeiro-setembro de 2015. Assim, por exemplo, no primeiro caso, setembro registrou recuo de 0,8% na comparação com agosto e retrocesso de 1,1% com relação a setembro do ano passado. No segundo caso, estas mesmas variações foram de, respectivamente, -3,8% e -7,0%.

Percorrem caminhos semelhantes três outros segmentos: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, cuja redução com relação a agosto foi de 1,6% e com relação a setembro do ano passado, próxima a 15%; veículos e motos, partes e peças, com quedas, respectivamente, de 4% e 21,8% e material de construção, com variações negativas de 1,5% e 12,8%.

Nesse quadro pouco favorável, há um resultado positivo. Trata-se da interrupção de queda na comparação mensal do setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo nos meses de agosto e setembro e na apuração de um declínio menor no último mês com relação ao mesmo mês do ano passado (-2,2%) do que foi registrado em agosto (-4,8%). Em outras palavras, esse segmento, pelo menos, por enquanto, “parou de piorar”. Como este é o segmento de maior peso no varejo nacional, a confirmação da sinalização de menos declínio é muito positiva.

Leia aqui o texto completo desta Análise.