Dados da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada hoje pelo
IBGE, indicaram queda de 0,5% das vendas do varejo restrito e
de 1,5% no varejo ampliado (inclui os segmentos de veículos
e autopeças e material de construção) entre
agosto e setembro, a partir de dados dessazonalizados. Frente
a setembro de 2014, as variações foram de -6,2%
e -11,5%, respectivamente. No acumulado do ano, a variação
foi negativa para ambos os grupos: -3,3% para o restrito e -7,4%
para o ampliado.
Para a indústria,
que tem uma parte significativa de sua produção
voltada para o consumo das famílias, esses resultados não
são bons pois informam recuos adicionais do mercado consumidor
interno.
Tendo transcorrido
três trimestres no ano, vamos fazer um balanço parcial
do varejo em 2015. A nossa avaliação é negativa,
mas alguns pontos podem se revelar positivos. Para o varejo restrito,
é clara a sequência de dados que sinalizam que o
processo de queda, cada vez maior em meses anteriores, cedeu lugar
a uma estabilização da taxa com que o segmento está
declinando. O principal indicativo de que há uma tendência
de estabilização do quadro negativo é a sequência
da variação mês após mês com
ajuste sazonal desde julho, que foi sucessivamente amenizada:
-1,5%, -0,9% e -0,5%, respectivamente nos meses de julho, agosto
e setembro. Mantendo-se este quadro até o final do ano,
deve-se confirmar o virtual estancamento da piora do setor, com
declínio acumulado na faixa de 4% no ano, contra uma redução
de 3,3% até setembro.
Quem ainda
apresenta flagrante tendência de aceleração
da queda é o comércio varejista ampliado. Suas taxas
mensais de retrocesso ainda são muito altas: -1,5% em setembro
com relação a agosto e -11,5% na comparação
com o mesmo mês do ano anterior, após um recuo de
9,6% em agosto e 7,0% em julho. A escala ascendente da recessão
neste caso deve levar a taxa de variação real no
ano de -7,4%, apurado no período de janeiro a setembro,
para níveis que podem superar 9,0% para o ano de 2015 como
um todo.
Nos ramos
do segmento varejista é possível detectar tendências
de piora continuada de resultado, como no caso de tecidos, vestuário
e calçados, cuja redução em setembro último,
relativamente ao mês anterior, foi de 1,4% e de -12,9% na
comparação com o mesmo mês de 2014. Os dados
não mostram perspectiva de que o setor tenha encontrado
o seu “fundo do poço”. O mesmo pode ser dito
para o segmento de móveis e eletrodomésticos, sobretudo
para móveis. Aqui, porém, a variação
nula em setembro com relação a agosto, pode ser
indicativo de que o rápido aprofundamento da crise neste
segmento pode estar dando seus primeiros sinais de estancamento.
A persistência
da tendência de agravamento da redução de
vendas reais no setor alcança ramos que, até há
pouco tempo, resistiam ao quadro geral negativo. Esses são
os casos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos
e de perfumaria, que ainda acusa variação positiva
de vendas reais de 3,6% no ano e de outros artigos de uso pessoal
e doméstico, que também teve variação
positiva de 1,5% no período de janeiro-setembro de 2015.
Assim, por exemplo, no primeiro caso, setembro registrou recuo
de 0,8% na comparação com agosto e retrocesso de
1,1% com relação a setembro do ano passado. No segundo
caso, estas mesmas variações foram de, respectivamente,
-3,8% e -7,0%.
Percorrem
caminhos semelhantes três outros segmentos: equipamentos
e material para escritório, informática e comunicação,
cuja redução com relação a agosto
foi de 1,6% e com relação a setembro do ano passado,
próxima a 15%; veículos e motos, partes e peças,
com quedas, respectivamente, de 4% e 21,8% e material de construção,
com variações negativas de 1,5% e 12,8%.
Nesse quadro
pouco favorável, há um resultado positivo. Trata-se
da interrupção de queda na comparação
mensal do setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo nos meses de agosto e setembro e na apuração
de um declínio menor no último mês com relação
ao mesmo mês do ano passado (-2,2%) do que foi registrado
em agosto (-4,8%). Em outras palavras, esse segmento, pelo menos,
por enquanto, “parou de piorar”. Como este é
o segmento de maior peso no varejo nacional, a confirmação
da sinalização de menos declínio é
muito positiva.
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