10 de novembro de 2015

Indústria Regional
Recessão industrial em andamento,
mas com alguma esperança


   

 
Como tem ocorrido nos meses anteriores, o desempenho da indústria tem sido ruim na maioria das localidades pesquisadas pelo IBGE. Segundo os dados divulgados hoje, para o mês de setembro, houve queda da produção em 10 das 14 localidades na comparação com o mês de agosto, desconsiderados os efeitos sazonais. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o recuo da indústria nacional foi impulsionado por um movimento de contração ainda mais disseminado, atingindo doze dos quinze locais pesquisados. Em vista desse quadro geral, selecionamos dois aspectos que podem indicar tendências futuras.

Para quem, como nós, está à procura de dados que possam nos dar alguma expectativa de melhora do quadro da indústria, chama atenção o desempenho de setembro de São Paulo e Amazonas, dois estados que amargam forte contração no acumulado de 2015 (-10,2% e -14,5%, respectivamente). Em setembro, frente a agosto com ajuste sazonal, a produção industrial de São Paulo teve queda de apenas 0,2%, depois das contrações de 1,8% e 1,5%, em julho e agosto, respectivamente. O desempenho de Amazonas chegou a ser positivo nesta comparação, 0,1%, revertendo as quedas sucessivas de 1,8%, 1,5% e 2,3% em junho, julho e agosto de 2015, respectivamente.

Nosso segundo comentário, entretanto, é pessimista. A pesquisa recente do IBGE também traz evidências que suportam a tese do aprofundamento da crise da indústria em algumas localidades importantes. Se tomarmos as variações trimestrais, em relação ao mesmo período do ano anterior, verifica-se que a produção industrial nessas localidades selecionadas sofre declínio crescente desde o terceiro trimestre de 2013. Os dados do terceiro de trimestre de 2015 confirmam o prosseguimento dessa tendência de piora progressiva. Esta é a situação dos três maiores estados do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), mas também inclui o Rio Grande do Sul e a Região Nordeste.

O último comentário aponta para a conclusão de que ainda não chegamos ao fundo do poço da crise industrial, mas que poderá ser atingido em breve se os indícios contidos no nosso primeiro comentário vierem a se confirmar. A ver.
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de agosto para setembro a produção industrial recuou em 10 dos 14 locais pesquisados. As variações negativas mais intensas foram registradas nos estados da Bahia (-7,6%), Rio de Janeiro (-6,6%), Região Nordeste (-3,3%), Ceará (-2,7%) e Minas Gerais (-2,3%). Rio Grande do Sul (-1,0%), Santa Catarina (-0,7%), Goiás (-0,6%), Pernambuco (-0,4%) e São Paulo (-0,2%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em setembro de 2015. Por outro lado, os avanços foram observados no Pará (12,6%), Paraná (5,1%), Espírito Santo (1,3%) e Amazonas (0,1%).

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, o recuo de 10,9% da indústria nacional foi impulsionado pela queda de doze dos quinze locais pesquisados. Os recuos mais intensos ocorreram no Rio Grande do Sul (-19,7%), Amazonas (-13,1%), São Paulo (-12,8%), Ceará (-11,9%), Santa Catarina (-11,6%), Rio de Janeiro (-11,2%) e Minas Gerais (-11,1%). Bahia (-9,0%), Paraná (-7,8%), Região Nordeste (-7,4%), Pernambuco (-7,2%) e Goiás (-4,7%) também assinalaram recuo, porém de menor intensidade que a média nacional. Por outro lado, Mato Grosso (18,3%), Pará (12,3%) e Espírito Santo (0,1%) assinalaram os avanços do mês.

A comparação entre o terceiro trimestre de 2015/2014 evidencia a diminuição no ritmo da produção industrial produtivo se comparados ao resultado do segundo trimestre do ano, com perda de dinamismo em onze dos quinze locais pesquisados, com destaque para: Espírito Santo (de 13,9% para 1,5%), Paraná (de -2,3% para -10,5%), Rio de Janeiro (de -3,2% para -7,8%), Santa Catarina (de -5,5% para -9,6%), Amazonas (de -11,3% para -15,0%) e Rio Grande do Sul (de -9,5% para -12,5%).

 

 
A produção industrial acumulada nos nove primeiros meses de 2015 recuou em doze dos quinze locais pesquisados, com destaque para os estados: Amazonas (-14,5%), Rio Grande do Sul (-11,1%), São Paulo (-10,2%), Ceará (-9,5%) e Paraná (-7,8%), enquanto Espírito Santo (11,3%), Pará (6,2%) e Mato Grosso (3,2%) assinalaram os avanços no índice acumulado no ano.

A produção industrial acumulada nos últimos doze meses manteve a trajetória descendente iniciada em março de 2014, com onze dos quinze locais pesquisados apresentando taxas negativas. A perda de dinamismo frente ao resultado de agosto/15 foi mais acentuada nos estados: Rio Grande do Sul (de -7,4% para -9,3%), Espírito Santo (de 13,1% para 11,5%), Goiás (de 2,0% para 0,5%), Santa Catarina (de -5,2% para -6,4%), Pernambuco (de -2,6% para -3,8%) e Ceará (de -7,3% para -8,4%), enquanto Mato Grosso (de 2,5% para 3,9%) mostrou o maior ganho.

Paraná. Em setembro, frente a agosto, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paranaense apresentou avanço de 5,1%. No confronto com setembro de 2014, constatou-se variação negativa de 7,8%, taxa influenciada principalmente pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-37,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-23,5%), de móveis (-29,4%), de produtos de minerais não-metálicos (-17,6%), de produtos de metal (-15,6%). Em sentido contrário, os setores de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (6,5%), de outros produtos químicos (13,0%) e de máquinas e equipamentos (7,9%) apontaram os avanços nesta base de comparação. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, a indústria deste estado assinalou queda de 7,8%, devido a contribuição negativa de veículos automotores, reboques e carrocerias (-30,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,4%), de produtos de minerais não-metálicos (-19,0%), de móveis (-14,4%) e de produtos de metal (-8,2%). A influência positiva, por sua vez, foi o setor de celulose, papel e produtos de papel (8,6%).

São Paulo. Na comparação de setembro e agosto de 2015, na série com ajuste sazonal, a indústria paulista apresentou recuo de 0,2%. No confronto com setembro de 2014, constatou-se queda de 12,8%, com recuo de 15 das 18 atividades investigadas. As maiores pressões negativas ocorreram nos setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (-31,9%), máquinas e equipamentos (-18,0%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,1%), de produtos alimentícios (-5,4%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-19,4%), de produtos de borracha e de material plástico (-15,9%), de produtos de metal (-16,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,8%), de produtos têxteis (-24,8%), de celulose, papel e produtos de papel (-11,5%) e de metalurgia (-13,6%). Em sentido oposto, o setor de aparelhos e materiais elétricos (-15,8%), de produtos têxteis (-24,8%), de celulose, papel e produtos de papel (-11,5%) e de metalurgia (-13,6%) apontou o principal impacto positivo. No ano, a produção industrial de São Paulo apresentou retração de 10,2%, pressionada pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,5%), produtos alimentícios (-9,8%), de máquinas e equipamentos (-13,2%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-24,3%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,8%), de metalurgia (-13,0%), de outros produtos químicos (-5,9%), de produtos de borracha e de material plástico (-7,7%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,6%).

Pará. Em setembro, a indústria paraense apresentou avanço de 12,6% na comparação com agosto com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou alta de 12,3%, taxa impulsionada pelo setor extrativo (17,0%), celulose, papel e produtos de papel (158,3%) e de metalurgia (1,1%). No índice acumulado de 2015 até setembro, a indústria do estado apontou expansão de 6,2%, com aumento de três dos sete setores investigados, com destaque para indústria extrativa (8,6%), produtos alimentícios (1,3%) e de celulose, papel e produtos de papel (115,4%).

 

 

 

 

 

 

 

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