4 de novembro de 2015

Indústria
A crise se agrava na
maioria dos setores


  

 
Os dados do IBGE para a produção industrial de setembro mostram que a deterioração do quadro da indústria nacional continua em andamento. No mês, com ajuste sazonal, a queda foi de 1,3% frente a agosto. Na comparação com setembro de 2014, a queda ultrapassou a fronteira dos dois dígitos, chegando a 10,9% para a indústria geral, algo que não ocorria desde 2009, e a 12,5% para a indústria de transformação. A extração mineral continua apresentando taxas positivas, mas cada vez menores (2,5%).

A indústria continua sendo puxada para baixo pelos setores de bens de consumo duráveis e de bens de capital. No caso do primeiro, o quadro se agravou em setembro, cuja queda de 27,8%, frente ao mesmo mês de 2014, foi bastante superior ao mês anterior (-14,3%). Já no caso de bens de capital, a queda apesar de continuar expressiva (31,7%) ficou um pouco abaixo do patamar de -32,9% de agosto. Inclusive, bens de capital foi o único setor da indústria de transformação a ter variação positiva em setembro (1,0%), frente a agosto com ajuste sazonal. É a primeira vez que isso ocorre em 2015 e dá alguma esperança de que a deterioração desse setor, que reflete o nível de investimentos em máquinas e equipamentos da economia, possa estar perdendo intensidade.

O setor de bens intermediários, que responde por parcela relevante da indústria nacional, também está piorando na comparação com mesmo mês de 2014; passou de uma queda de 5,4%, em agosto, para uma de 7,2%, em setembro. Apenas o setor de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis manteve seu patamar de queda nesta comparação (-7,4%).

O desempenho da indústria no terceiro trimestre de 2015, frente ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, foi de -3,2%, demonstrando deterioração frente ao primeiro e segundo trimestres do ano. Nesta comparação, a piora do quadro veio do desempenho de bens intermediários (-2,7%), enquanto a produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis manteve-se no mesmo patamar (-1,7%). Apesar da intensidade da queda, o terceiro trimestre mostra alguma desaceleração desse movimento para a produção de bens de capital (-9,8% contra -10,6% no segundo trimestre) e de bens de consumo duráveis (-3,3% contra -8,5% no segundo trimestre).

Se levarmos em conta a evolução dos 24 setores considerados pelo IBGE fica evidente o quão preocupante é cenário atual. Destes, 10 setores estão piorando seu desempenho, como veículos (-4,8%), móveis (-3,0%), produtos alimentícios (-1,2%), artigos de couro (-1,2%). Outros 5 setores continuam apresentando queda, mas a um ritmo menor, como produtos de metal (-2,1%) e metalurgia (-1,2%), e 7 patinam com variações próximas de zero, como produtos farmacêuticos e farmoquímicos (0,1%), sabões, detergentes e produtos de limpeza (0%), bebidas (-0,1) e papel e celulose (-0,6%). Apenas 2 setores parecem estar melhorando: máquinas e equipamentos (0,9%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2,8%).

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