No cenário em que não houve mudanças significativas
da inadimplência e que os juros dos empréstimos continuam
influenciados pelo aperto da política monetária,
o grande fator a destacar na evolução do crédito
bancário é a contração das concessões,
que está em aceleração, segundo os dados
de ponta. As concessões de crédito bancário
em setembro totalizaram R$ 305,3 milhões, de acordo com
os dados divulgados hoje pelo Banco Central, apresentando, em
termos reais, uma queda de 15,1%, em relação a setembro
de 2014, e de 9,8% no acumulado do ano. Com isso, o estoque de
créditos totais chegou a R$ 3,16 bilhões no nono
mês de 2015, com contração real de 0,4% frente
ao mesmo mês do ano anterior e de 2,7% no ano.
Essa evolução
está intimamente relacionada ao cenário de crise
da atividade econômica. No ano, as contrações
reais têm sido mais fortes para as concessões de
crédito às empresas (-12,3%) do que para aquelas
às famílias (-7,4%), afetando sobretudo o crédito
direcionado, justamente a modalidade que deveria apresentar um
comportamento mais anticíclico. A queda real das concessões
de crédito direcionado já chega a 23,4% em 2015,
contra 7,6% das concessões de crédito livre (ou
seja, das modalidades em que as condições dos empréstimos
são livremente pactuadas entre credores e tomadores). Esse
quadro ainda se encontra em deterioração, conforme
sugerem as variações em setembro de 2015 frente
a setembro de 2014: -15,4% para as concessões às
empresas e -28% para as concessões de crédito direcionado.
A análise
da composição do crédito direcionado mostra,
ainda, que aquelas modalidades associadas às decisões
de investimento que amargam fortes quedas. As concessões
totais do BNDES às empresas decresceram, em termos reais,
34% no acumulado do ano (-48,2% frente a setembro de 2014), com
as linhas do banco ao investimento contraindo 33,4% (-46% frente
ao mesmo mês de 2014).
Outra modalidade
importante de crédito direcionado, aquele ao setor imobiliário,
também têm apresentado contração. Esse
comportamento tem sido condicionado tanto pela perda de atratividade
das cadernetas de poupança (funding do sistema) em um cenário
de elevação das taxas de juros, como pelo impacto
da crise sobre a renda das famílias, obrigando-as a sacar
recursos de suas cadernetas ou a deixar de realizar depósitos.
As concessões de crédito imobiliário a famílias
já acumulam queda de 19% no ano (-40,5% na comparação
com setembro de 2014) e a empresas, de 32% (mesma variação
na comparação mensal).
Setorialmente,
o estoque de crédito à indústria apresentou
contração de 2,3% frente a setembro de 2014, acumulando
queda de 3,4% no ano, em termos reais. Esse movimento tem sido
condicionado pela indústria de transformação,
que testemunha uma queda de operações de crédito
de 4,1% no ano (-3,8% frente a setembro de 2014), e principalmente
pela construção civil, cujos financiamentos estão
9% menores em 2015 (-9,6% frente a setembro de 2014). Em sentido
oposto, o crédito à indústria extrativa continua
em expansão (alta de 10,9% no acumulado do ano e de 17,4%
em comparação com setembro de 2014).
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