22 de outubro de 2015

Emprego
As perspectivas ainda são de
agravamento do desemprego


   

 
Ainda que tenha se mantido estável a taxa de desemprego entre agosto e setembro deste ano em 7,6%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior o aumento surpreende pela velocidade e intensidade. Basta dizer que a taxa de desemprego em setembro de 2014 foi de 4,9% e, portanto, a variação até o presente soma 2,7 pontos percentuais.

Outra maneira de ver o mesmo processo é pela variação do número de pessoas desocupadas entre setembro do ano passado e setembro deste ano, no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisada pelo IBGE. Em setembro último o número de desocupados chegava a 1,9 milhão de pessoas, superando em 670 mil o número de desocupados de um ano atrás (1,2 milhão), o que, em termos percentuais, equivale a um acréscimo de 56,6%.

Estes números resumem e refletem a força com que está se dando a recessão na economia brasileira. Juntamente com a aceleração inflacionária, os efeitos do maior desemprego também se revelam no rendimento real das pessoas ocupadas, cuja queda já é muito acentuada, de 4,3% com relação a setembro do ano passado. Para se ter uma ideia da aceleração deste processo, entre janeiro e agosto deste ano, a queda do rendimento médio real com relação ao mesmo mês do ano anterior foi de 2,3%.

Tal situação traz implicações sociais relevantes porque restringe consideravelmente o padrão de vida das pessoas. Sob o ponto de vista da economia a repercussão é grave, especialmente para os setores de comércio e indústria. Com menor rendimento e menor emprego, o consumo cai, o varejo vende menos e os setores produtores reduzem a produção. Com isso se renova a redução do emprego, gerando um círculo vicioso que, ao que tudo indica, perdurará no futuro próximo.

Tal diagnóstico se confirma com a análise da dinâmica da massa real de rendimentos. Esta apresentou retração média de 3,2% entre os meses de janeiro e agosto, frente aos respectivos meses de 2014. Contudo, houve uma forte aceleração da queda em setembro, registrando variação negativa de 6,1% frente a setembro do ano passado.

Sendo mantido tal nível de queda da massa de rendimentos reais, que juntamente com crédito é a base sobre a qual repousa a capacidade de compra da população, o recuo do consumo será expressivo, com consequências muito adversas para o conjunto da economia.
  

 
Em setembro, a taxa de desocupação nas seis regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE foi de 7,6% da População Economicamente Ativa (PEA), não registrando variação frente ao mês imediatamente anterior. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior a taxa assinalou avanço de 2,7 p.p.. No acumulado dos nove primeiros meses de 2015 frente a igual período de 2014, a taxa de desocupação registrou variação positiva de 1,8 p.p., atingindo 6,7% da PEA. No acumulado dos últimos 12 meses, por sua vez, a taxa de desocupação média foi de 6,2%, o pior resultado desde julho de 2011.

PD, PO e PEA. Para o resultado de estabilidade de setembro frente a agosto, houve recuo de 0,2% da população desocupada (1,8 milhão de pessoas), e da população ocupada (22,7 milhões). Em relação ao mesmo mês de 2014, o número de desocupados cresceu 56,6%, enquanto o número de ocupados recuou 1,8%. A População Economicamente Ativa, que em setembro de 2015 somou 24,5 milhões de pessoas no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, recuou 0,2% na comparação com o mês imediatamente anterior e avançou 1,0% frente a igual mês de 2014.

 

 
R
egiões. Dentre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, quando comparado com o mesmo mês anterior, o destaque positivo ficou para São Paulo e Belo Horizonte, que assinalaram recuo de 0,8 p.p. na taxa de desocupação, fechando o mês de setembro de 2015 em 7,3% e 5,9%, respectivamente. Dentre as regiões que apresentaram aumento na relação entre desocupados / PEA, o Rio de Janeiro assinalou a maior variação (+1,2 p.p.), seguida por Recife e Salvador (ambos com +0,6 p.p.) e Porto Alegre (+0,3 p.p.).
Frente ao mesmo mês de 2014, as regiões que apresentaram variação acima da média nacional foram Recife (+3,7 p.p., com uma taxa de desocupação de 10,4%), São Paulo (+2,8 p.p.) e Rio de Janeiro (+2,9 p.p., fechando o mês com 6,3%). Salvador manteve-se como a região com a maior taxa de desocupação do país (13,0%), assinalando alta igual a média brasileira (+2,7 p.p.), enquanto Belo Horizonte (+2,1 p.p.) e Porto Alegre (+1,4 p.p.) observaram crescimento menos intenso.

Ocupação por Posição na Ocupação. No mês de setembro, os 22,7 milhões de ocupados distribuíram-se majoritariamente em trabalhadores com carteira assinada (12,3 milhões), trabalhadores por conta própria (4,4 milhões) e empregados sem carteira assinada (3,0 milhões). Frente a agosto, dentre essas categorias, apenas o número de trabalhadores com carteira assinada assinalou pequeno avanço (+0,1%), enquanto os sem carteira (-1,2%) e os conta própria (-1,3%) acusaram recuo acima da média.
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), a queda de 1,8% da população ocupada em setembro foi influenciado pelo recuo de 3,9% dos empregados com carteira assinada e de 3,7% dos sem carteira assinada. Os trabalhadores conta própria, por sua vez, assinalaram avanço de 2,6%.

Setores. Setorialmente, a atividade que apresentou alta mais expressiva na passagem de agosto para setembro foi a construção, com crescimento de 1,7% no número de ocupados, seguida por outros serviços (0,8%) e Administração pública (0,7%). Por outro lado, o comércio registrou a maior queda do mês (-1,7%), seguido pelo setor de intermediação financeira (-1,0%), indústria (-0,3%) e serviços domésticos (-0,1%).
Na comparação entre setembro de 2014 e setembro de 2015, os destaques positivos foram: administração pública (1,2%) e serviços domésticos (1,9%), enquanto os demais setores registraram queda na ocupação. A indústria assinalou recuo de 4,3% nesta base comparativa, assim como intermediação financeira (-3,8%), outros serviços (3,1%) e construção (-1,7%).

Rendimento Médio Real. No mês de setembro, o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados foi de R$ 2.179,80, apresentando variação negativa (-0,8%) em comparação ao rendimento médio relativo ao mês anterior. Em relação ao resultado de setembro de 2014, houve decréscimo de 4,3%. Na análise regional, em relação a agosto de 2015, o rendimento médio cresceu nas Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte (5,7%), Recife (1,9%) e São Paulo (0,8%). Por outro lado, Rio de Janeiro registrou a maior queda (-5,1%). Frente a setembro de 2014, todas as regiões metropolitanas analisadas assinalaram recuo do rendimento real médio: Porto Alegre (-7,7%), Recife (-7,1%), Rio de Janeiro (-5,5%), São Paulo (-4,4%), Salvador (-1,3%) e Belo Horizonte (-0,1%).

 

 

 

 

 

 

 

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