|
|
Ainda que tenha se mantido estável a taxa de desemprego
entre agosto e setembro deste ano em 7,6%, na comparação
com o mesmo mês do ano anterior o aumento surpreende pela
velocidade e intensidade. Basta dizer que a taxa de desemprego
em setembro de 2014 foi de 4,9% e, portanto, a variação
até o presente soma 2,7 pontos percentuais.
Outra maneira
de ver o mesmo processo é pela variação do
número de pessoas desocupadas entre setembro do ano passado
e setembro deste ano, no conjunto das seis regiões metropolitanas
pesquisada pelo IBGE. Em setembro último o número
de desocupados chegava a 1,9 milhão de pessoas, superando
em 670 mil o número de desocupados de um ano atrás
(1,2 milhão), o que, em termos percentuais, equivale a
um acréscimo de 56,6%.
Estes números
resumem e refletem a força com que está se dando
a recessão na economia brasileira. Juntamente com a aceleração
inflacionária, os efeitos do maior desemprego também
se revelam no rendimento real das pessoas ocupadas, cuja queda
já é muito acentuada, de 4,3% com relação
a setembro do ano passado. Para se ter uma ideia da aceleração
deste processo, entre janeiro e agosto deste ano, a queda do rendimento
médio real com relação ao mesmo mês
do ano anterior foi de 2,3%.
Tal situação
traz implicações sociais relevantes porque restringe
consideravelmente o padrão de vida das pessoas. Sob o ponto
de vista da economia a repercussão é grave, especialmente
para os setores de comércio e indústria. Com menor
rendimento e menor emprego, o consumo cai, o varejo vende menos
e os setores produtores reduzem a produção. Com
isso se renova a redução do emprego, gerando um
círculo vicioso que, ao que tudo indica, perdurará
no futuro próximo.
Tal diagnóstico
se confirma com a análise da dinâmica da massa real
de rendimentos. Esta apresentou retração média
de 3,2% entre os meses de janeiro e agosto, frente aos respectivos
meses de 2014. Contudo, houve uma forte aceleração
da queda em setembro, registrando variação negativa
de 6,1% frente a setembro do ano passado.
Sendo mantido
tal nível de queda da massa de rendimentos reais, que juntamente
com crédito é a base sobre a qual repousa a capacidade
de compra da população, o recuo do consumo será
expressivo, com consequências muito adversas para o conjunto
da economia.
|
Em setembro, a taxa de desocupação nas seis regiões
metropolitanas analisadas pelo IBGE foi de 7,6% da População
Economicamente Ativa (PEA), não registrando variação
frente ao mês imediatamente anterior. Na comparação
com o mesmo mês do ano anterior a taxa assinalou avanço de
2,7 p.p.. No acumulado dos nove primeiros meses de 2015 frente a igual
período de 2014, a taxa de desocupação registrou
variação positiva de 1,8 p.p., atingindo 6,7% da PEA. No
acumulado dos últimos 12 meses, por sua vez, a taxa de desocupação
média foi de 6,2%, o pior resultado desde julho de 2011.
PD, PO e PEA. Para
o resultado de estabilidade de setembro frente a agosto, houve recuo de
0,2% da população desocupada (1,8 milhão de pessoas),
e da população ocupada (22,7 milhões). Em relação
ao mesmo mês de 2014, o número de desocupados cresceu 56,6%,
enquanto o número de ocupados recuou 1,8%. A População
Economicamente Ativa, que em setembro de 2015 somou 24,5 milhões
de pessoas no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas
pelo IBGE, recuou 0,2% na comparação com o mês imediatamente
anterior e avançou 1,0% frente a igual mês de 2014.
Regiões.
Dentre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo
IBGE, quando comparado com o mesmo mês anterior, o destaque positivo
ficou para São Paulo e Belo Horizonte, que assinalaram recuo de
0,8 p.p. na taxa de desocupação, fechando o mês de
setembro de 2015 em 7,3% e 5,9%, respectivamente. Dentre as regiões
que apresentaram aumento na relação entre desocupados /
PEA, o Rio de Janeiro assinalou a maior variação (+1,2 p.p.),
seguida por Recife e Salvador (ambos com +0,6 p.p.) e Porto Alegre (+0,3
p.p.).
Frente ao mesmo mês de 2014, as regiões que apresentaram
variação acima da média nacional foram Recife (+3,7
p.p., com uma taxa de desocupação de 10,4%), São
Paulo (+2,8 p.p.) e Rio de Janeiro (+2,9 p.p., fechando o mês com
6,3%). Salvador manteve-se como a região com a maior taxa de desocupação
do país (13,0%), assinalando alta igual a média brasileira
(+2,7 p.p.), enquanto Belo Horizonte (+2,1 p.p.) e Porto Alegre (+1,4
p.p.) observaram crescimento menos intenso.
Ocupação
por Posição na Ocupação. No mês
de setembro, os 22,7 milhões de ocupados distribuíram-se
majoritariamente em trabalhadores com carteira assinada (12,3 milhões),
trabalhadores por conta própria (4,4 milhões) e empregados
sem carteira assinada (3,0 milhões). Frente a agosto, dentre essas
categorias, apenas o número de trabalhadores com carteira assinada
assinalou pequeno avanço (+0,1%), enquanto os sem carteira (-1,2%)
e os conta própria (-1,3%) acusaram recuo acima da média.
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior),
a queda de 1,8% da população ocupada em setembro foi influenciado
pelo recuo de 3,9% dos empregados com carteira assinada e de 3,7% dos
sem carteira assinada. Os trabalhadores conta própria, por sua
vez, assinalaram avanço de 2,6%.
Setores. Setorialmente,
a atividade que apresentou alta mais expressiva na passagem de agosto
para setembro foi a construção, com crescimento de 1,7%
no número de ocupados, seguida por outros serviços (0,8%)
e Administração pública (0,7%). Por outro lado, o
comércio registrou a maior queda do mês (-1,7%), seguido
pelo setor de intermediação financeira (-1,0%), indústria
(-0,3%) e serviços domésticos (-0,1%).
Na comparação entre setembro de 2014 e setembro de 2015,
os destaques positivos foram: administração pública
(1,2%) e serviços domésticos (1,9%), enquanto os demais
setores registraram queda na ocupação. A indústria
assinalou recuo de 4,3% nesta base comparativa, assim como intermediação
financeira (-3,8%), outros serviços (3,1%) e construção
(-1,7%).
Rendimento
Médio Real. No mês de setembro, o rendimento médio
real dos trabalhadores ocupados foi de R$ 2.179,80, apresentando variação
negativa (-0,8%) em comparação ao rendimento médio
relativo ao mês anterior. Em relação ao resultado
de setembro de 2014, houve decréscimo de 4,3%. Na análise
regional, em relação a agosto de 2015, o rendimento médio
cresceu nas Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte (5,7%), Recife
(1,9%) e São Paulo (0,8%). Por outro lado, Rio de Janeiro registrou
a maior queda (-5,1%). Frente a setembro de 2014, todas as regiões
metropolitanas analisadas assinalaram recuo do rendimento real médio:
Porto Alegre (-7,7%), Recife (-7,1%), Rio de Janeiro (-5,5%), São
Paulo (-4,4%), Salvador (-1,3%) e Belo Horizonte (-0,1%).
|
|