16 de outubro de 2015

Emprego Industrial
Espelho da crise industrial


   

 
A situação do emprego industrial continuou se agravando em agosto segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE. Levando em conta os devidos ajustes sazonais, a queda do emprego em agosto foi de 0,8% em relação ao mês julho. Nessa comparação não se viu uma única variação positiva em 2015, fazendo com que, no acumulado do ano, a variação chegasse a -5,6%. Em relação a agosto de 2014, por sua vez, a queda do emprego industrial foi de 6,9%.

É preciso lembrar que a fase negra no mercado de trabalho industrial não é recente. Considerando o dado deste mês de agosto, já são 47 meses consecutivos de queda do emprego industrial na comparação com o mesmo período do ano anterior. O agravante dos dados mais atuais é que a intensidade do declínio tem se ampliado. O patamar de queda correspondente a agosto deste ano, como visto, em torno de -7%, é muito maior do que o seu correspondente de um ano atrás (-3,6% em agosto de 2014). Esses dados espelham a gravidade da crise da indústria nacional e da economia brasileira como um todo.

Em alguns setores, a queda do emprego tem sido de tal magnitude que pode ser aventada a hipótese da existência de um processo de automação em curso. No acumulado do ano, o declínio do emprego tem atingido dois dígitos nos setores de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,1%), produtos de metal (-10,5%) e meios de transporte (-10,4%). Outros setores com quedas expressivas no emprego foram outros produtos da indústria de transformação (-9,2%), calçados e couro (-7,3%), máquinas e equipamentos (-7,2%) e metalurgia básica (-6,8%).

Outro aspecto negativo dos dados de hoje consiste na evolução das horas pagas. Normalmente, o número de horas pagas funciona como um indicador antecedente do emprego, uma vez que os empresários costumam reduzi-las ou aumenta-las antes de iniciar um processo de demissões ou contratações. Assim, a queda de 0,9% verificada em agosto frente a julho (sem efeitos sazonais) e nada menos de 7,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior sugere que o cenário de ajuste do emprego industrial deve ter sequência. Um outro traço digno de registro é que a folha de pagamentos, em termos reais, também está em contração (-1,3% frente a julho e -8,6% frente a agosto de 2014), indicando um enxugamento de custos das empresas. Isso pode levar a crer que esse processo de ajuste está sendo acompanhado de uma recomposição das comprimidas margens do setor industrial.
  

 
Em agosto, o emprego industrial apresentou variação negativa de 0,8% frente a julho, considerando o ajuste sazonal. Na comparação com igual mês do ano anterior, o emprego industrial mostrou queda de 6,9%, 47º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. Com isso, o índice acumulado nos oito meses do ano (-5,6%) também teve recuo, com ritmo mais intenso do que o observado no fechamento do primeiro semestre (-5,2%), ambas as comparações contra iguais períodos do ano anterior. A taxa anualizada, índice acumulado nos últimos 12 meses, ao recuar 5,1% em agosto, manteve a trajetória descendente iniciada em setembro de 2013.

Setores. Setorialmente, o emprego industrial de agosto, confrontado com mesmo mês de 2014, registrou queda em todos os 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de meios de transporte (-12,4%), máquinas e equipamentos (-10,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-14,4%), alimentos e bebidas (-3,3%), produtos de metal (-10,3%), outros produtos da indústria de transformação (-10,7%), borracha e plástico (-7,4%), vestuário (-5,7%), minerais não-metálicos (-6,2%), produtos têxteis (-7,4%), metalurgia básica (-7,8%), calçados e couro (-5,9%), papel e gráfica (-4,0%), madeira (-6,6%) e indústrias extrativas (-4,7%).

No ano, as contribuições negativas foram verificadas novamente em todos os setores pesquisados. As contribuições negativas mais relevantes vieram de meios de transporte (-10,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,1%), produtos de metal (-10,5%), máquinas e equipamentos (-7,2%), alimentos e bebidas (-2,4%), outros produtos da indústria de transformação (-9,2%), vestuário (-5,4%), calçados e couro (-7,3%), metalurgia básica (-6,8%), papel e gráfica (-3,5%), produtos têxteis (-3,8%), borracha e plástico (-2,7%), minerais não-metálicos (-2,9%), indústrias extrativas (-4,6%) e refino de petróleo e produção de álcool (-5,4%).

 

 
Folha de Pagamento Real.
Em agosto, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 1,3% frente ao mês imediatamente anterior, após cair 0,7% no mês anterior. Frente ao mesmo mês de 2014, a variação foi negativa em 8,4%, devido a com resultados negativos nos dezoito ramos investigados, com destaque para meios de transporte (-13,3%), alimentos e bebidas (-5,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,0%), máquinas e equipamentos (-5,8%), metalurgia básica (-11,5%), produtos de metal (-9,3%), borracha e plástico (-9,4%), outros produtos da indústria de transformação (-13,7%), papel e gráfica (-7,2%), produtos têxteis (-12,2%), minerais não-metálicos (-8,0%), produtos químicos (-4,4%), indústrias extrativas (-5,7%), calçados e couro (-11,9%), vestuário (-7,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-6,3%). Já no acumulado do ano, houve variação negativa de 6,5%.

Número de Horas Pagas. O número de horas pagas, indicador de futuras contratações de mão-de-obra na indústria, assinalou decréscimo de 0,9% na passagem de julho de 2015 para agosto (sexta taxa negativa consecutiva), já descontados os efeitos sazonais. Contra agosto de 2014, o número de horas pagas decresceu 7,5%, devido a queda em todos os setores, com destaque para meios de transporte (-14,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-13,9%), máquinas e equipamentos (-9,7%), produtos de metal (-10,5%) e borracha e plástico (-10,5%). No acumulado dos oito primeiros meses de 2015 também houve queda das horas pagas na indústria (-6,2%).

 

 

 

 

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