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A situação do emprego industrial continuou se agravando
em agosto segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE. Levando
em conta os devidos ajustes sazonais, a queda do emprego em agosto
foi de 0,8% em relação ao mês julho. Nessa
comparação não se viu uma única variação
positiva em 2015, fazendo com que, no acumulado do ano, a variação
chegasse a -5,6%. Em relação a agosto de 2014, por
sua vez, a queda do emprego industrial foi de 6,9%.
É preciso
lembrar que a fase negra no mercado de trabalho industrial não
é recente. Considerando o dado deste mês de agosto,
já são 47 meses consecutivos de queda do emprego
industrial na comparação com o mesmo período
do ano anterior. O agravante dos dados mais atuais é que
a intensidade do declínio tem se ampliado. O patamar de
queda correspondente a agosto deste ano, como visto, em torno
de -7%, é muito maior do que o seu correspondente de um
ano atrás (-3,6% em agosto de 2014). Esses dados espelham
a gravidade da crise da indústria nacional e da economia
brasileira como um todo.
Em alguns
setores, a queda do emprego tem sido de tal magnitude que pode
ser aventada a hipótese da existência de um processo
de automação em curso. No acumulado do ano, o declínio
do emprego tem atingido dois dígitos nos setores de máquinas
e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(-13,1%), produtos de metal (-10,5%) e meios de transporte (-10,4%).
Outros setores com quedas expressivas no emprego foram outros
produtos da indústria de transformação (-9,2%),
calçados e couro (-7,3%), máquinas e equipamentos
(-7,2%) e metalurgia básica (-6,8%).
Outro aspecto
negativo dos dados de hoje consiste na evolução
das horas pagas. Normalmente, o número de horas pagas funciona
como um indicador antecedente do emprego, uma vez que os empresários
costumam reduzi-las ou aumenta-las antes de iniciar um processo
de demissões ou contratações. Assim, a queda
de 0,9% verificada em agosto frente a julho (sem efeitos sazonais)
e nada menos de 7,5% em relação ao mesmo mês
do ano anterior sugere que o cenário de ajuste do emprego
industrial deve ter sequência. Um outro traço digno
de registro é que a folha de pagamentos, em termos reais,
também está em contração (-1,3% frente
a julho e -8,6% frente a agosto de 2014), indicando um enxugamento
de custos das empresas. Isso pode levar a crer que esse processo
de ajuste está sendo acompanhado de uma recomposição
das comprimidas margens do setor industrial.
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Em agosto, o emprego industrial apresentou variação negativa
de 0,8% frente a julho, considerando o ajuste sazonal. Na comparação
com igual mês do ano anterior, o emprego industrial mostrou queda
de 6,9%, 47º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto.
Com isso, o índice acumulado nos oito meses do ano (-5,6%) também
teve recuo, com ritmo mais intenso do que o observado no fechamento do
primeiro semestre (-5,2%), ambas as comparações contra iguais
períodos do ano anterior. A taxa anualizada, índice acumulado
nos últimos 12 meses, ao recuar 5,1% em agosto, manteve a trajetória
descendente iniciada em setembro de 2013.
Setores. Setorialmente,
o emprego industrial de agosto, confrontado com mesmo mês de 2014,
registrou queda em todos os 18 ramos pesquisados, com destaque para as
pressões negativas vindas de meios de transporte (-12,4%), máquinas
e equipamentos (-10,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (-14,4%), alimentos e bebidas (-3,3%),
produtos de metal (-10,3%), outros produtos da indústria de transformação
(-10,7%), borracha e plástico (-7,4%), vestuário (-5,7%),
minerais não-metálicos (-6,2%), produtos têxteis (-7,4%),
metalurgia básica (-7,8%), calçados e couro (-5,9%), papel
e gráfica (-4,0%), madeira (-6,6%) e indústrias extrativas
(-4,7%).
No ano, as contribuições
negativas foram verificadas novamente em todos os setores pesquisados.
As contribuições negativas mais relevantes vieram de meios
de transporte (-10,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (-13,1%), produtos de metal (-10,5%),
máquinas e equipamentos (-7,2%), alimentos e bebidas (-2,4%), outros
produtos da indústria de transformação (-9,2%), vestuário
(-5,4%), calçados e couro (-7,3%), metalurgia básica (-6,8%),
papel e gráfica (-3,5%), produtos têxteis (-3,8%), borracha
e plástico (-2,7%), minerais não-metálicos (-2,9%),
indústrias extrativas (-4,6%) e refino de petróleo e produção
de álcool (-5,4%).
Folha de Pagamento Real. Em agosto, o valor da folha de pagamento
real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou
1,3% frente ao mês imediatamente anterior, após cair 0,7%
no mês anterior. Frente ao mesmo mês de 2014, a variação
foi negativa em 8,4%, devido a com resultados negativos nos dezoito ramos
investigados, com destaque para meios de transporte (-13,3%), alimentos
e bebidas (-5,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (-12,0%), máquinas e equipamentos
(-5,8%), metalurgia básica (-11,5%), produtos de metal (-9,3%),
borracha e plástico (-9,4%), outros produtos da indústria
de transformação (-13,7%), papel e gráfica (-7,2%),
produtos têxteis (-12,2%), minerais não-metálicos
(-8,0%), produtos químicos (-4,4%), indústrias extrativas
(-5,7%), calçados e couro (-11,9%), vestuário (-7,3%) e
refino de petróleo e produção de álcool (-6,3%).
Já no acumulado do ano, houve variação negativa de
6,5%.
Número
de Horas Pagas. O número de horas pagas, indicador de
futuras contratações de mão-de-obra na indústria,
assinalou decréscimo de 0,9% na passagem de julho de 2015 para
agosto (sexta taxa negativa consecutiva), já descontados os efeitos
sazonais. Contra agosto de 2014, o número de horas pagas decresceu
7,5%, devido a queda em todos os setores, com destaque para meios de transporte
(-14,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(-13,9%), máquinas e equipamentos (-9,7%), produtos de metal (-10,5%)
e borracha e plástico (-10,5%). No acumulado dos oito primeiros
meses de 2015 também houve queda das horas pagas na indústria
(-6,2%).
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