Com a indústria de transformação à
frente e liderando amplamente a retração da economia,
o fato é que agora as pesquisas do IBGE mostram que três
dentre os macrossetores do país encontram-se em franca
recessão. No acumulado janeiro-agosto deste ano com relação
ao mesmo período do ano passado a queda da produção
manufatureira chega a 8,8%; no comércio as vendas reais
no mesmo período têm queda de 6,9% no conceito varejo
ampliado e, como os dados de hoje da Pesquisa Mensal de Serviços
mostra, o volume de serviços teve revés de 2,6%.
Os três
indicadores têm outro ponto em comum: todos apresentam traços
que permitem assegurar que o curso da recessão está
em progresso. Ou seja, ao que parece, em nenhum deles o “fundo
do poço” foi alcançado.
Assim, por
exemplo, na indústria de transformação no
primeiro trimestre do ano o declínio acusava 7,8%, o qual
passou para 8,2% no acumulado do ano até junho e daí
para 8,8% no período janeiro-agosto de 2015. Nessas mesmas
referências, o ritmo com que as vendas reais do varejo caíram
foram o seguinte: respectivamente, -5,3%, -6,4% e -6,9%. Para
serviços, a receita real do setor registra quedas de 1,5%,
2,1% até chegar a 2,6% no acumulado janeiro-agosto do corrente
ano. Em suma, o quadro é negro e está piorando para
o núcleo das atividades econômicas urbanas do país.
É muito
importante observar que a “virada” no setor de serviços
se deu de uma forma sustentada em janeiro de 2015, quando as taxas
reais de crescimento na comparação mês/mesmo
mês do ano anterior deixaram de ser positivas para se tornarem
negativas. Para efeito de comparação, na indústria
a mudança ocorreria com mais de um ano de antecedência,
em dezembro de 2013, e, no caso do varejo, veio em meados de 2014.
Vale dizer,
é possível distinguir uma sucessão de etapas
na trajetória da crise econômica brasileira: primeiro
vem a crise industrial, na sequência o comércio varejista
quem regride e por fim o setor de serviços. O fato de que
neste último segmento o campo negativo só tenha
sido alcançado no limiar do corrente ano é relevante
porque disto decorre uma certa preservação do emprego
até o final do ano passado, o que agora já não
mais se verifica.
No setor de
serviços, o segmento que mais intensamente declinou sua
receita em termos reais em 2015 foi o de Outros serviços,
queda de 8,2% no acumulado até agosto. Este é um
setor que inclui atividades imobiliárias, seguros, atividades
financeiras, previdência complementar e manutenção
e reparação de veículos e outros bens duráveis
de consumo. Grande queda real teve lugar em Serviços de
transporte e correio, -5,6%, em função, sobretudo,
da queda em Transporte terrestre, devido à forte redução
do nível de atividade da economia. Serviços prestados
às famílias vem acusando crescente revés,
que equivale a -4,8% neste ano.
Dois outros
segmentos têm trajetórias algo distintas. Primeiro,
em Serviço profissionais e administrativos, onde se inclui
grande parte de serviços terceirizados prestados às
empresas, a queda de receita real não é tão
elástica: -2,5% até agosto deste ano. Em segundo
lugar, em Serviços de comunicação e informação,
uma modalidade de serviços modernos e altamente dinâmicos
do ponto de vista tecnológico e de criação
de novos produtos para o consumidor, a crise ainda não
chegou. O setor acumula alta em volume de 1,2% no acumulado do
ano, muito embora sua trajetória declinante em direção
ao crescimento zero e possivelmente a taxas negativas seja patente.
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