15 de outubro de 2015

Serviços
A piora do núcleo das atividades
econômicas urbanas do país


  

 
Com a indústria de transformação à frente e liderando amplamente a retração da economia, o fato é que agora as pesquisas do IBGE mostram que três dentre os macrossetores do país encontram-se em franca recessão. No acumulado janeiro-agosto deste ano com relação ao mesmo período do ano passado a queda da produção manufatureira chega a 8,8%; no comércio as vendas reais no mesmo período têm queda de 6,9% no conceito varejo ampliado e, como os dados de hoje da Pesquisa Mensal de Serviços mostra, o volume de serviços teve revés de 2,6%.

Os três indicadores têm outro ponto em comum: todos apresentam traços que permitem assegurar que o curso da recessão está em progresso. Ou seja, ao que parece, em nenhum deles o “fundo do poço” foi alcançado.
Assim, por exemplo, na indústria de transformação no primeiro trimestre do ano o declínio acusava 7,8%, o qual passou para 8,2% no acumulado do ano até junho e daí para 8,8% no período janeiro-agosto de 2015. Nessas mesmas referências, o ritmo com que as vendas reais do varejo caíram foram o seguinte: respectivamente, -5,3%, -6,4% e -6,9%. Para serviços, a receita real do setor registra quedas de 1,5%, 2,1% até chegar a 2,6% no acumulado janeiro-agosto do corrente ano. Em suma, o quadro é negro e está piorando para o núcleo das atividades econômicas urbanas do país.

É muito importante observar que a “virada” no setor de serviços se deu de uma forma sustentada em janeiro de 2015, quando as taxas reais de crescimento na comparação mês/mesmo mês do ano anterior deixaram de ser positivas para se tornarem negativas. Para efeito de comparação, na indústria a mudança ocorreria com mais de um ano de antecedência, em dezembro de 2013, e, no caso do varejo, veio em meados de 2014.

Vale dizer, é possível distinguir uma sucessão de etapas na trajetória da crise econômica brasileira: primeiro vem a crise industrial, na sequência o comércio varejista quem regride e por fim o setor de serviços. O fato de que neste último segmento o campo negativo só tenha sido alcançado no limiar do corrente ano é relevante porque disto decorre uma certa preservação do emprego até o final do ano passado, o que agora já não mais se verifica.

No setor de serviços, o segmento que mais intensamente declinou sua receita em termos reais em 2015 foi o de Outros serviços, queda de 8,2% no acumulado até agosto. Este é um setor que inclui atividades imobiliárias, seguros, atividades financeiras, previdência complementar e manutenção e reparação de veículos e outros bens duráveis de consumo. Grande queda real teve lugar em Serviços de transporte e correio, -5,6%, em função, sobretudo, da queda em Transporte terrestre, devido à forte redução do nível de atividade da economia. Serviços prestados às famílias vem acusando crescente revés, que equivale a -4,8% neste ano.

Dois outros segmentos têm trajetórias algo distintas. Primeiro, em Serviço profissionais e administrativos, onde se inclui grande parte de serviços terceirizados prestados às empresas, a queda de receita real não é tão elástica: -2,5% até agosto deste ano. Em segundo lugar, em Serviços de comunicação e informação, uma modalidade de serviços modernos e altamente dinâmicos do ponto de vista tecnológico e de criação de novos produtos para o consumidor, a crise ainda não chegou. O setor acumula alta em volume de 1,2% no acumulado do ano, muito embora sua trajetória declinante em direção ao crescimento zero e possivelmente a taxas negativas seja patente.
   

 
Dados de agosto divulgados hoje pela Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE mostraram que o volume de serviços prestados (receita nominal dos serviços deflacionados por seus itens correspondentes do IPCA) no país caiu 3,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, a retração atingiu 2,6%.

Em relação a agosto de 2014, o volume dos serviços prestados às famílias caiu -8,2%, enquanto os serviços de informação e informática acusavam variação positiva de 0,2%. O grupo de serviços profissionais, administrativos e complementares caiu em termos reais 5,2%, o de transportes, auxiliares e correios, -4,4%, e o segmento de outros serviços retraiu 0,8% no período em questão.

No acumulado do ano, compreendido entre janeiro e agosto frente ao mesmo período de 2014, o volume de serviços de transportes, auxiliares e correios apresentou a maior variação negativa: -5,6%. Os serviços prestados às famílias retraíram 4,8% e os serviços profissionais, administrativos e complementares oscilou -2,4%. Dois segmentos registraram aumento: serviços de informação e comunicação, de 1,2% e outros serviços, de 0,3%.

 

 
Na análise por estado, apenas 2 das 27 unidades federativas pesquisadas registraram crescimento do volume de serviços em relação a julho de 2014: Rondônia (6,1%) e Tocantins (0,5%). Os estados do Maranhão (-10,3%), Amapá (-10,1%), Mato Grosso (-8,0%), Amazonas (-7,7%), Roraima (-5,5%), Acre (-5,2%), Sergipe (-4,9%), Goiás (-4,9%), Paraíba (-4,8%), Paraná (-4,8%) e Piauí (-4,8%) foram responsáveis pelas maiores oscilações negativas.

 

 

 

 

 

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