14 de outubro de 2015

Comércio Varejista
O agravamento da retração


   

 
Os últimos dados das vendas do comércio varejista são reveladores de como será notabilizado o ano de 2015 para esse setor. A pesquisa do IBGE divulgada hoje para agosto apurou no conceito de varejo restrito queda de 0,9% em relação a julho com ajuste sazonal e recuo de 2% no conceito de varejo ampliado, o qual inclui, além dos ramos tradicionais do varejo (alimentos, vestuário, calçados, móveis e eletrodomésticos, etc.), os segmentos de veículos e autopeças e material de construção.

A mesma pesquisa registrou declínio na comparação com agosto do ano passado de 6,9% e de 9,6%, respectivamente no primeiro e no segundo conceito. A esses resultados globais devemos agregar dois outros comentários que se destacam no presente ano.

O primeiro é que a atual fase de declínio do setor, além de ser a primeira desde 2003, tem caráter generalizado. Ilustrando com números do resultado de agosto relativamente a julho, com ajuste sazonal, houve redução em 22 dos 27 estados e em 8 dos 10 grupos de setores (equipamentos e materiais para escritórios e artigos farmacêuticos registraram avanço de 1,0% e 0,6%, respectivamente).

É digno de registro também que ocorreram quedas muito expressivas, tais como em livros, jornais e papelaria (-2,6%), móveis e eletrodomésticos (-2,0%) e tecidos, vestuário e calçados (-1,7%). No varejo ampliado, a queda mensal observada em veículos foi de 5,2% e de 2,3% para os materiais de construção, descontando a sazonalidade.

O segundo comentário diz respeito a um ponto ainda mais grave: a crise do varejo parece estar ainda em processo. Em outras palavras, o varejo cai e a queda tende a se aprofundar. Se o “fundo do poço” ainda não foi alcançado, é provável que a redução de vendas reais em 2015 ultrapasse 4% no conceito restrito e 8% no conceito ampliado (-3% e -6,9% no acumulado jan-ago/15, respectivamente).

Os resultados e tendências acima resumidos sugerem que a indústria brasileira de bens de consumo poderá assistir nos meses finais de 2015 a momentos ainda mais difíceis do que vem atravessando até agora, incluindo tanto os ramos de bens de consumo duráveis (neste caso, mais intensamente), como os ramos de produção de bens de consumo não-duráveis. Não custa observar que no corrente ano até agosto a produção industrial de duráveis caiu 14,3% e a de bens não-duráveis recuou 7,2%.

Leia aqui o texto completo desta Análise.