|
|
A balança comercial brasileira continua melhorando. Em
setembro o saldo atingiu US$ 2,9 bilhões, um valor somente
superado em 2015 pelo resultado de junho (US$ 4,5 bilhões).
No acumulado do ano até setembro o saldo soma US$ 10,2
bilhões, após amargar um resultado deficitário
no mesmo período de -US$ 683,0 milhões.
Infelizmente,
tais melhoras ocorrem pelos piores motivos, pois tanto as exportações
quanto as importações vêm caindo vigorosamente,
com a diferença de que as compras do exterior declinam
bem mais (-23% no acumulado do ano) do que as vendas para o estrangeiro
(-16,8% no acumulado do ano).
Queda de exportações
é sintoma de falta de competitividade do produto brasileiro
(no caso de manufaturados) e de fase negra de preços internacionais
que agora se abate nossas commodities. Já o tombo das importações
reflete, além de preços mais baixos de combustíveis,
o colapso do investimento, da produção e do consumo
na economia brasileira que atravessa dramática recessão.
A análise
das exportações no corrente ano de 2015 deve sublinhar
o retrocesso das exportações de produtos básicos,
devido ao contexto de preços internacionais, e de produtos
manufaturados, em decorrência, principalmente, de nossa
incapacidade de aproveitar com presteza o atrativo da moeda desvalorizada.
As variações negativas em um caso e no outro, calculadas
segundo o valor médio por dia útil no acumulado
dos nove meses iniciais deste ano, foram respectivamente de -22%
e de -10,8%.
O quadro é
ainda pior se levarmos em conta que em ambos os casos a marcha
à ré das exportações parece estar
em processo de aceleração. É o que denota
o cotejo entre as taxas acima mencionadas e as que vigoraram para
produtos básicos e produtos manufaturados no primeiro semestre
do ano (21,6% e 8%, respectivamente), as primeiras superiores
a estas últimas.
Para a indústria,
o quadro negro das vendas externas de manufaturados é ruim
porque impede que a recessão do mercado doméstico
seja em alguma medida compensada pela exportação.
Esperamos que as últimas rodadas de desvalorização
do Real sirvam de incentivo para que nosso parque industrial se
volte mais (como já foi no passado) para o mercado externo.
Este canal poderá auxiliar em dar fim à recessão
e abrir caminho à recuperação econômica.
O mesmo ocorre
com as categorias de importação: estão em
franca majoração as taxas de variação
negativa das compras de bens de capital (-15,8% e -17%, respectivamente
no primeiro semestre do ano e nos nove primeiros meses de 2015)
e de matérias primas e bens intermediários (-15,1%
e -18,7%, respectivamente no primeiro semestre do ano e nos nove
primeiros meses de 2015). A sugestão desses dados é
que o investimento e a produção na economia brasileira
aprofundaram suas quedas no terceiro trimestre do ano.
|
De acordo com dados divulgados hoje pelo MDIC, a balança comercial
brasileira apresentou em setembro saldo de US$ 2,944 bilhões, no
sentido oposto do déficit de US$ 939 milhões observado no
mesmo mês de 2014. As exportações somaram US$ 16,148
bilhões, valor 17,7% menor que o observado em setembro de 2014,
enquanto que as importações atingiram US$ 13,204 bilhões,
35,8% inferior ao referido mês. Na comparação entre
o acumulado de 2015 com o mesmo período de 2014, as exportações
e importações apresentaram desempenho 16,8% e 23,0% menor,
respectivamente. O saldo acumulado no ano foi de US$ 10,246 bilhões,
frente a um déficit acumulado em setembro do ano passado de US$
683,0 milhões.
Em setembro, a média
diária (medida por dia útil) das exportações
alcançou US$ 769,0 milhões, uma redução de
13,8% comparado ao mesmo mês do ano passado. O valor médio
diário das importações registrou US$ 628,8 milhões
(redução de 32,7% em relação a setembro de
2014).
Em referência
às exportações, os produtos básicos responderam
por 44,4% (US$ 7,163 bilhões), enquanto que os grupos de semimanufaturados
(US$ 2,277 bilhões), manufaturados (US$ 6,330 bilhões) e
operações especiais (US$ 378,0 milhões) registraram
participações de 14,1%, 39,2% e 2,3%, respectivamente. No
acumulado do ano, o valor exportado pelo grupo de produtos básicos
apresentou desempenho 22,3% menor que o mesmo período do ano passado.
Os semimanufaturados e manufaturados tiveram redução de
8,4% e 11,2%, respectivamente, na mesma base de comparação.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a média
por dia útil de exportação dos produtos básicos
variou -19,6%, dos semimanufaturados -12,2% e dos manufaturados -4,6%.
A importação
de matérias-primas e intermediários (US$ 6,469 bilhões)
representou 49,0% das entradas, enquanto que os grupos de bens de capital
(US$ 2,815 bilhões), bens de consumo duráveis (US$ 1,195
bilhão) e bens de consumo não-duráveis (US$ 1,293
bilhão) responderam por 21,3%, 9,1% e 9,8%, respectivamente. Na
comparação do desempenho acumulado do ano (janeiro-setembro)
com o mesmo período do ano passado, todas as categorias tiveram
variação negativa: matérias-primas e intermediários
(-19,1%), bens de capital (-17,5%), bens de consumo duráveis (-21,6%)
e não-duráveis (-9,7%). A média diária de
importações (por dia útil), em relação
a setembro do ano passado mantem a tendência negativa, com retrações
de 27,4% dos bens de capital, 26,0% de matérias-primas e intermediários,
25,6% dos bens de consumo duráveis e 21,1% e dos não-duráveis.
|
|