24 de setembro de 2015

Emprego
O retrocesso equivale a sete anos


   

 
Poucos analistas vêm se dando conta que os dados divulgados hoje pelo IBGE na Pesquisa Mensal do Emprego, realizada nas grandes regiões metropolitanas do país, mostram que o impacto da crise econômica já é bastante acentuado, fato perceptível pela observação de alguns resultados.

O mais geral dentre eles diz respeito à taxa global de desocupação que atingiu em agosto último 7,6% da força de trabalho. Tal percentual equivale exatamente ao índice apurado no mesmo mês de agosto para o ano de 2008, ou seja, um mês antes de eclodir a crise da economia global. Desde então a taxa de desocupação aumentou em 2009, dados os efeitos da crise, mas logo em seguida caiu sustentadamente até 2014, quando chegou a 5%. A regressão observada em 2015, portanto, equivale a um retrocesso de sete anos em termos de melhora do mercado de trabalho.

Outro indicador da rapidez com que se deteriora o mercado de trabalho na atual crise da economia é o número de pessoas desocupadas, que aumentou em 676,0 mil pessoas em um ano (aumento de 52,1%), ao passar de 1,221 milhão para 1,857 milhão entre os meses de agosto de 2014 e 2015. Como consequência, a taxa de desocupação evoluiu na intensidade já assinalada, de 5,0% em agosto do ano passado, para 7,6% da força de trabalho em agosto último.

Outra evidência de contaminação do emprego pela crise econômica está no rendimento médio das pessoas ocupadas, que sob o efeito da inflação alta e da retração do mercado do trabalho, já cai a uma taxa próxima a 3,5%. Este percentual corresponde ao conjunto da força de trabalho nas principais regiões metropolitanas do país, mas se for observada a categoria menos protegida, empregados sem carteira, por exemplo, a queda do rendimento real já é muito maior: 12,6%. O mesmo vale para alguns setores da economia, como construção e comércio, onde a variação negativa dos rendimentos de seus efetivos já alcança índices preocupantes, de -6,4% e -5,9%, respectivamente.

As repercussões dessas rápidas e fortes mudanças se fazem sentir no cotidiano das pessoas e em seu padrão de vida, afetando também o desempenho da economia. Com menor emprego e renda, o consumo cai, o varejo sofre o impacto desse processo reduzindo suas vendas e a indústria produz menos bens de consumo de uso corrente da população.

De fato, o que define o poder de compra da sociedade, vale dizer, a massa de rendimentos que habitualmente ela usufrui, em um ano já sofreu redução mensal equivalente a R$ 3,0 bilhões. A queda, que em termos percentuais é de 5,2%, atinge diretamente os setores já mencionados, assim como os serviços prestados às famílias, que é um setor altamente empregador na economia.

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