Poucos analistas vêm se dando conta que os dados divulgados
hoje pelo IBGE na Pesquisa Mensal do Emprego, realizada nas grandes
regiões metropolitanas do país, mostram que o impacto
da crise econômica já é bastante acentuado,
fato perceptível pela observação de alguns
resultados.
O mais geral
dentre eles diz respeito à taxa global de desocupação
que atingiu em agosto último 7,6% da força de trabalho.
Tal percentual equivale exatamente ao índice apurado no
mesmo mês de agosto para o ano de 2008, ou seja, um mês
antes de eclodir a crise da economia global. Desde então
a taxa de desocupação aumentou em 2009, dados os
efeitos da crise, mas logo em seguida caiu sustentadamente até
2014, quando chegou a 5%. A regressão observada em 2015,
portanto, equivale a um retrocesso de sete anos em termos de melhora
do mercado de trabalho.
Outro indicador
da rapidez com que se deteriora o mercado de trabalho na atual
crise da economia é o número de pessoas desocupadas,
que aumentou em 676,0 mil pessoas em um ano (aumento de 52,1%),
ao passar de 1,221 milhão para 1,857 milhão entre
os meses de agosto de 2014 e 2015. Como consequência, a
taxa de desocupação evoluiu na intensidade já
assinalada, de 5,0% em agosto do ano passado, para 7,6% da força
de trabalho em agosto último.
Outra evidência
de contaminação do emprego pela crise econômica
está no rendimento médio das pessoas ocupadas, que
sob o efeito da inflação alta e da retração
do mercado do trabalho, já cai a uma taxa próxima
a 3,5%. Este percentual corresponde ao conjunto da força
de trabalho nas principais regiões metropolitanas do país,
mas se for observada a categoria menos protegida, empregados sem
carteira, por exemplo, a queda do rendimento real já é
muito maior: 12,6%. O mesmo vale para alguns setores da economia,
como construção e comércio, onde a variação
negativa dos rendimentos de seus efetivos já alcança
índices preocupantes, de -6,4% e -5,9%, respectivamente.
As repercussões
dessas rápidas e fortes mudanças se fazem sentir
no cotidiano das pessoas e em seu padrão de vida, afetando
também o desempenho da economia. Com menor emprego e renda,
o consumo cai, o varejo sofre o impacto desse processo reduzindo
suas vendas e a indústria produz menos bens de consumo
de uso corrente da população.
De fato, o
que define o poder de compra da sociedade, vale dizer, a massa
de rendimentos que habitualmente ela usufrui, em um ano já
sofreu redução mensal equivalente a R$ 3,0 bilhões.
A queda, que em termos percentuais é de 5,2%, atinge diretamente
os setores já mencionados, assim como os serviços
prestados às famílias, que é um setor altamente
empregador na economia.
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