22 de setembro de 2015

Indústria Mundial
Produção da indústria de transformação mundial: desaceleração chinesa no
segundo trimestre de 2015


   

 
Esta Análise antecipa a Carta IEDI que será divulgada nesta sexta feira, sobre os resultados da indústria de transformação mundial para o segundo trimestre de 2015, segundo o relatório trimestral da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). O crescimento chegou a 2,5% comparativamente ao mesmo período de 2014, com queda de 0,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, janeiro-março de 2015.

Os destaques negativos no trimestre foram a China, que acusou seu menor crescimento industrial desde 2005, o Brasil, que atravessa uma crise industrial já por seis trimestres consecutivos, afetando o desempenho da América Latina, e o retrocesso da África.

Cabe notar que os resultados industriais do segundo trimestre de 2015 evidenciam a continuidade de uma desaceleração do crescimento industrial mundial em vigor desde o primeiro trimestre de 2014. Esse processo não poupou nem os países industrializados nem as economias em desenvolvimento e emergentes.

Os países industrializados tiveram variação positiva de 0,7% em abril-junho de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação a janeiro-março de 2015, descontados os efeitos sazonais, houve queda (-0,2%), com pequeno avanço na Europa e na América do Norte e desaceleração do Leste asiático (-0,6%). Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a produção da indústria de transformação cresceu 2% na América do Norte, 1,0% na Europa e -0,7% na Ásia do Leste.

Nos países emergentes e em desenvolvimento o crescimento alcançou 5,2% no segundo trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, retrocedendo, porém, na comparação com o trimestre anterior (-0,2%). Nesse trimestre, intensificou-se a tendência de desaceleração da indústria de transformação dos países em desenvolvimento e emergentes verificada desde o primeiro trimestre de 2014. Em primeiro lugar, porque a China teve a menor variação trimestral da produção da indústria de transformação desde 2005, ainda que seu crescimento tenha sido de 7,1% em relação a igual período do ano anterior.

Em segundo lugar, porque a América Latina pressiona para baixo a taxa de crescimento da produção de manufaturados, devido em grande parte ao desempenho do Brasil. O documento da UNIDO destaca a “severa retração” industrial que se arrasta por seis trimestres no Brasil.

Na comparação entre abril-junho de 2015 e de 2014, a produção de manufaturados brasileira caiu 8,5%, sendo observada em todos os setores, mas especialmente em veículos automotores (-20%). O informe sublinha ainda a queda na Argentina (-0,8%) e Chile (-0,7%), no primeiro caso puxada pelo recuo no preço do petróleo, e no segundo pela redução nas exportações de metais básicos.

Em terceiro lugar, na África a indústria de transformação caiu 5,3% no trimestre abril-junho de 2015 em relação a abril-junho de 2014. O principal motivo é a retração da produção de manufaturados no Egito (-17,5%), com contribuição negativa também da África do Sul (-0,3%).

Nas economias industrializadas, metade dos 22 setores estudados assinalaram variações positivas e a outra metade negativa no segundo trimestre de 2015 em relação a igual período de 2014, destacando-se produtos do tabaco (-8,1%) e produtos de couro e calçados (-6,6%). Por outro lado, nas economias em desenvolvimento e emergentes, somente um setor não teve desempenho positivo, publicação e impressão. Os que apontaram maior crescimento foram químicos (7,3%), rádio, TV e comunicações (7,3%) e móveis (8,1%).

Para o ano de 2015, a UNIDO estima um crescimento do valor adicionado da indústria de transformação de 3,5%, contando com a melhoria na indústria das economias industrializadas, cuja previsão de crescimento é de 2,1%. Tal elevação sustenta-se pela recuperação da América do Norte, que contando com a redução dos custos do petróleo, deverá dobrar a variação do valor adicionado em produtos manufaturados: passando de 1,8% em 2014 para 3,5% em 2015.

A Europa tem também perspectivas melhores, devido principalmente ao ganho de competitividade associado à desvalorização do Euro, de forma que a UNIDO prevê um crescimento de 1% contra 0,6% em 2014. Já as economias em desenvolvimento e emergentes devem manter em 2015 o ritmo de expansão do ano passado, 5,2%, contando-se com o crescimento de 7,3% da indústria de transformação chinesa, a despeito de uma mais significativa queda na América Latina (de -0,5% em 2014 para -1,7% em 2015), pressionada essencialmente pelo Brasil.

Leia aqui o texto completo desta Análise.