Esta Análise antecipa a Carta
IEDI que será divulgada nesta sexta feira, sobre os
resultados da indústria de transformação
mundial para o segundo trimestre de 2015, segundo o relatório
trimestral da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization).
O crescimento chegou a 2,5% comparativamente ao mesmo período
de 2014, com queda de 0,2% em relação ao trimestre
imediatamente anterior, janeiro-março de 2015.
Os destaques
negativos no trimestre foram a China, que acusou seu menor crescimento
industrial desde 2005, o Brasil, que atravessa uma crise industrial
já por seis trimestres consecutivos, afetando o desempenho
da América Latina, e o retrocesso da África.
Cabe notar
que os resultados industriais do segundo trimestre de 2015 evidenciam
a continuidade de uma desaceleração do crescimento
industrial mundial em vigor desde o primeiro trimestre de 2014.
Esse processo não poupou nem os países industrializados
nem as economias em desenvolvimento e emergentes.
Os países
industrializados tiveram variação positiva de 0,7%
em abril-junho de 2015 em relação ao mesmo período
do ano anterior. Em relação a janeiro-março
de 2015, descontados os efeitos sazonais, houve queda (-0,2%),
com pequeno avanço na Europa e na América do Norte
e desaceleração do Leste asiático (-0,6%).
Já na comparação com o mesmo trimestre do
ano anterior, a produção da indústria de
transformação cresceu 2% na América do Norte,
1,0% na Europa e -0,7% na Ásia do Leste.
Nos países
emergentes e em desenvolvimento o crescimento alcançou
5,2% no segundo trimestre de 2015 em relação ao
mesmo período de 2014, retrocedendo, porém, na comparação
com o trimestre anterior (-0,2%). Nesse trimestre, intensificou-se
a tendência de desaceleração da indústria
de transformação dos países em desenvolvimento
e emergentes verificada desde o primeiro trimestre de 2014. Em
primeiro lugar, porque a China teve a menor variação
trimestral da produção da indústria de transformação
desde 2005, ainda que seu crescimento tenha sido de 7,1% em relação
a igual período do ano anterior.
Em segundo
lugar, porque a América Latina pressiona para baixo a taxa
de crescimento da produção de manufaturados, devido
em grande parte ao desempenho do Brasil. O documento da UNIDO
destaca a “severa retração” industrial
que se arrasta por seis trimestres no Brasil.
Na comparação
entre abril-junho de 2015 e de 2014, a produção
de manufaturados brasileira caiu 8,5%, sendo observada em todos
os setores, mas especialmente em veículos automotores (-20%).
O informe sublinha ainda a queda na Argentina (-0,8%) e Chile
(-0,7%), no primeiro caso puxada pelo recuo no preço do
petróleo, e no segundo pela redução nas exportações
de metais básicos.
Em terceiro
lugar, na África a indústria de transformação
caiu 5,3% no trimestre abril-junho de 2015 em relação
a abril-junho de 2014. O principal motivo é a retração
da produção de manufaturados no Egito (-17,5%),
com contribuição negativa também da África
do Sul (-0,3%).
Nas economias
industrializadas, metade dos 22 setores estudados assinalaram
variações positivas e a outra metade negativa no
segundo trimestre de 2015 em relação a igual período
de 2014, destacando-se produtos do tabaco (-8,1%) e produtos de
couro e calçados (-6,6%). Por outro lado, nas economias
em desenvolvimento e emergentes, somente um setor não teve
desempenho positivo, publicação e impressão.
Os que apontaram maior crescimento foram químicos (7,3%),
rádio, TV e comunicações (7,3%) e móveis
(8,1%).
Para o ano
de 2015, a UNIDO estima um crescimento do valor adicionado da
indústria de transformação de 3,5%, contando
com a melhoria na indústria das economias industrializadas,
cuja previsão de crescimento é de 2,1%. Tal elevação
sustenta-se pela recuperação da América do
Norte, que contando com a redução dos custos do
petróleo, deverá dobrar a variação
do valor adicionado em produtos manufaturados: passando de 1,8%
em 2014 para 3,5% em 2015.
A Europa tem
também perspectivas melhores, devido principalmente ao
ganho de competitividade associado à desvalorização
do Euro, de forma que a UNIDO prevê um crescimento de 1%
contra 0,6% em 2014. Já as economias em desenvolvimento
e emergentes devem manter em 2015 o ritmo de expansão do
ano passado, 5,2%, contando-se com o crescimento de 7,3% da indústria
de transformação chinesa, a despeito de uma mais
significativa queda na América Latina (de -0,5% em 2014
para -1,7% em 2015), pressionada essencialmente pelo Brasil.
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