16 de setembro de 2015

Comércio Varejista
Retração renovada e aprofundada


   

 
Os dados divulgados pela Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE para julho mostram mais um mês de queda do volume de vendas do varejo brasileiro, o que certamente está refletindo o declínio do consumo familiar de bens industriais e bens primários. A variação frente ao mesmo mês do ano anterior foi negativa em 3,5% no conceito de varejo restrito, repetindo o que vem sendo observado nos três últimos meses.
Para o varejo ampliado, conceito que inclui automóveis e materiais de construção, a contração que se arrasta desde junho de 2014 é ainda mais expressiva (-6,8%). Comparado ao mês anterior, o varejo restrito anotou queda de 1,0% e o ampliado cresceu 0,6%, descontados os efeitos sazonais.

Esses dados mostram que após um resultado negativo no primeiro semestre (-2,2% comparado ao primeiro semestre de 2014), o segundo semestre de 2015 se inicia com dados também desfavoráveis. Além disso, o retrocesso se mostra disseminado entre os ramos, em um sintoma a mais de que o segundo semestre pode repetir ou mesmo suplantar o revés dos primeiros seis meses do ano.

De fato, com exceção do grupo de Outros artigos de uso pessoal e doméstico que se manteve estável, os sete demais ramos do varejo restrito tiveram variações negativas de vendas reais na comparação com o mês anterior, após os ajustes para sazonalidade. Já os números do varejo ampliado foram impulsionados pelo crescimento das vendas de veículos de 5,1%.

A comparação anual (mês contra o mesmo mês do ano anterior) também é reveladora de como está se generalizando o retrocesso do comércio. Nos oito grupos do varejo restrito, cinco deles vem acusando quedas consecutivas há pelo menos seis meses. Mesmo em artigos farmacêuticos que desde o início da pesquisa de comércio do IBGE jamais apresentara taxa negativa, uma marcada desaceleração em seu crescimento se apresenta, de modo que o desempenho neste caso tende para zero. No varejo ampliado, a queda no setor de veículos se prolonga por 17 meses, chegando a alcançar dois dígitos em cinco observações de 2015.

O setor varejista, considerado um dos símbolos do crescimento econômico brasileiro da última década, ostentou elevadas taxas anuais positivas desde 2004. Todavia, os últimos anos já mostravam sinais de que o longo ciclo de expansão esmorecera: 8,4% foi a evolução real em 2012, 4,3% em 2013 e 2,2% em 2014. O resultado de 2015 prolonga e aprofunda este cenário.

Dadas as presentes tendências de agravamento do declínio de vendas é possível que o varejo brasileiro (no conceito de varejo restrito) encerre 2015 com uma variação negativa de 3%, indicando que o setor também já cedeu à recessão que toma conta do país.
  

 
De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio para o mês de julho divulgadas hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista apresentou queda de 1,0% frente a junho (comparando os números livres de efeitos sazonais). Frente a julho de 2014, a retração foi de 3,5%. Os primeiros sete meses do ano apresentaram desempenho 2,4% menor do que o observado no mesmo período do ano passado.

Os dados para o comércio varejista ampliado, que incluem as vendas reais de veículos, motos, partes e peças e material de construção, indicaram crescimento de 0,6% sobre junho, expurgados os efeitos sazonais. Sobre o mesmo mês do ano passado, o indicador se retraiu em 6,8% e no acumulado do ano (janeiro a julho), em relação ao mesmo intervalo em 2014, foi 4,9% inferior.

 

 
A partir dos dados dessazonalizados, nenhum dos oito grupos pesquisados registrou aumento frente ao mês passado. O grupo de outros artigos de uso pessoal e doméstico permaneceu estável enquanto que os outros retraíram, destacando-se equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-5,5%), móveis e eletrodomésticos (-1,7%) e livros, jornais e papelaria (-1,3%). No varejo ampliado, enquanto o grupo de veículos, motos, partes e peças registrou elevação de 5,1%, o setor de material de construção anotou contração de 2,4%.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apenas os ramos de artigos farmacêuticos, medicinais, ortopédicos e de perfumaria (1,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,3%) registraram variações positivas. As maiores quedas foram observadas em móveis e eletrodomésticos (-12,8%), livros, jornais e papelaria (-9,2%) e tecidos, vestuário e calçados (-8,1%). No varejo ampliado, tanto a venda de material de construção quanto a de veículos e motos, partes e peças tiveram variações negativas: -7,1% e -13,3%, respectivamente.

Entre os estados da federação, apenas cinco deles lograram aumento do volume de vendas no varejo, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Responderam pelas quedas mais expressivas os estados de Amapá (-17,4%), Alagoas (-11,7%), e Goiás (-8,8%) enquanto que os maiores crescimentos ficaram por conta de Roraima (6,7%) e Sergipe (5,2%,).

 

 

 

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