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Os dados divulgados pela Pesquisa Mensal do Comércio do
IBGE para julho mostram mais um mês de queda do volume de
vendas do varejo brasileiro, o que certamente está refletindo
o declínio do consumo familiar de bens industriais e bens
primários. A variação frente ao mesmo mês
do ano anterior foi negativa em 3,5% no conceito de varejo restrito,
repetindo o que vem sendo observado nos três últimos
meses.Para
o varejo ampliado, conceito que inclui automóveis e materiais
de construção, a contração que se
arrasta desde junho de 2014 é ainda mais expressiva (-6,8%).
Comparado ao mês anterior, o varejo restrito anotou queda
de 1,0% e o ampliado cresceu 0,6%, descontados os efeitos sazonais.
Esses dados
mostram que após um resultado negativo no primeiro semestre
(-2,2% comparado ao primeiro semestre de 2014), o segundo semestre
de 2015 se inicia com dados também desfavoráveis.
Além disso, o retrocesso se mostra disseminado entre os
ramos, em um sintoma a mais de que o segundo semestre pode repetir
ou mesmo suplantar o revés dos primeiros seis meses do
ano.
De fato, com
exceção do grupo de Outros artigos de uso pessoal
e doméstico que se manteve estável, os sete demais
ramos do varejo restrito tiveram variações negativas
de vendas reais na comparação com o mês anterior,
após os ajustes para sazonalidade. Já os números
do varejo ampliado foram impulsionados pelo crescimento das vendas
de veículos de 5,1%.
A comparação
anual (mês contra o mesmo mês do ano anterior) também
é reveladora de como está se generalizando o retrocesso
do comércio. Nos oito grupos do varejo restrito, cinco
deles vem acusando quedas consecutivas há pelo menos seis
meses. Mesmo em artigos farmacêuticos que desde o início
da pesquisa de comércio do IBGE jamais apresentara taxa
negativa, uma marcada desaceleração em seu crescimento
se apresenta, de modo que o desempenho neste caso tende para zero.
No varejo ampliado, a queda no setor de veículos se prolonga
por 17 meses, chegando a alcançar dois dígitos em
cinco observações de 2015.
O setor varejista,
considerado um dos símbolos do crescimento econômico
brasileiro da última década, ostentou elevadas taxas
anuais positivas desde 2004. Todavia, os últimos anos já
mostravam sinais de que o longo ciclo de expansão esmorecera:
8,4% foi a evolução real em 2012, 4,3% em 2013 e
2,2% em 2014. O resultado de 2015 prolonga e aprofunda este cenário.
Dadas as presentes
tendências de agravamento do declínio de vendas é
possível que o varejo brasileiro (no conceito de varejo
restrito) encerre 2015 com uma variação negativa
de 3%, indicando que o setor também já cedeu à
recessão que toma conta do país.
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De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio para o mês
de julho divulgadas hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas
do comércio varejista apresentou queda de 1,0% frente a junho (comparando
os números livres de efeitos sazonais). Frente a julho de 2014,
a retração foi de 3,5%. Os primeiros sete meses do ano apresentaram
desempenho 2,4% menor do que o observado no mesmo período do ano
passado.
Os dados para o comércio
varejista ampliado, que incluem as vendas reais de veículos, motos,
partes e peças e material de construção, indicaram
crescimento de 0,6% sobre junho, expurgados os efeitos sazonais. Sobre
o mesmo mês do ano passado, o indicador se retraiu em 6,8% e no
acumulado do ano (janeiro a julho), em relação ao mesmo
intervalo em 2014, foi 4,9% inferior.
A partir dos dados
dessazonalizados, nenhum dos oito grupos pesquisados registrou aumento
frente ao mês passado. O grupo de outros artigos de uso pessoal
e doméstico permaneceu estável enquanto que os outros retraíram,
destacando-se equipamentos e materiais para escritório, informática
e comunicação (-5,5%), móveis e eletrodomésticos
(-1,7%) e livros, jornais e papelaria (-1,3%). No varejo ampliado, enquanto
o grupo de veículos, motos, partes e peças registrou elevação
de 5,1%, o setor de material de construção anotou contração
de 2,4%.
Na comparação
com o mesmo mês do ano anterior, apenas os ramos de artigos farmacêuticos,
medicinais, ortopédicos e de perfumaria (1,6%) e outros artigos
de uso pessoal e doméstico (0,3%) registraram variações
positivas. As maiores quedas foram observadas em móveis e eletrodomésticos
(-12,8%), livros, jornais e papelaria (-9,2%) e tecidos, vestuário
e calçados (-8,1%). No varejo ampliado, tanto a venda de material
de construção quanto a de veículos e motos, partes
e peças tiveram variações negativas: -7,1% e -13,3%,
respectivamente.
Entre os estados
da federação, apenas cinco deles lograram aumento do volume
de vendas no varejo, na comparação com o mesmo mês
do ano anterior. Responderam pelas quedas mais expressivas os estados
de Amapá (-17,4%), Alagoas (-11,7%), e Goiás (-8,8%) enquanto
que os maiores crescimentos ficaram por conta de Roraima (6,7%) e Sergipe
(5,2%,).
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