2 de setembro de 2015

Indústria
Ladeira abaixo


  

 
Quem acompanha a história recente da indústria brasileira não viu o que se vê nos dias de hoje. A crise industrial é extremamente severa, estende-se por um longo período e atinge todos seus segmentos e ramos.

Ela reflete o colapso da demanda na economia brasileira no último ano, dado pelo encolhimento dos investimentos públicos e privados, pelo recuo dos negócios da Petrobras, pelas expectativas empresariais negativas, pelo ajuste fiscal do governo, pela escalada de preços de produtos essenciais, pelo aumento das taxas de juros do Banco Central, pelo aperto do crédito e pelo crescimento do desemprego e consequente retração dos rendimentos da população.

Ou seja, muitos fatores sobrepostos explicam a aceleração da recessão da atividade industrial ao longo dos dois primeiros trimestres deste ano e início do terceiro. Segundo números do IBGE, a produção industrial, que caíra 5,8% e 6,5%, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres, iniciou o terceiro trimestre com queda mais acentuada: -8,9% em julho (todas as variações calculadas com relação a igual período do ano anterior).

Isso é indicativo de aceleração da crise industrial. De fato, os números de julho da indústria nacional divulgados hoje pelo IBGE dão vários sinais nesta direção. As variações na produção de bens intermediários (-2,7%, -3,3% e -5,6%, sempre na mesma ordem – primeiro trimestre, segundo trimestre e o mês de julho – e na mesma base de comparação, ou seja, igual período do ano anterior) indica que a crise está em uma escalada de progressão.

Ela também já se espraiou fortemente pelos diferentes setores industriais. Em bens de consumo, seja duráveis (-15,6%, -12,8% e -13,7%) ou semi e não duráveis (-5,7%, -7,5% e -9,2%), a aceleração da queda da atividade produtiva também se encontra presente. Já o forte recuo da produção de bens de capital (-17,7%, -21,9% e -27,8%) é reflexo do forte revés do investimento na economia e é um sinal de que haverá comprometimento significativamente do nível de produção do País e de sua produtividade no futuro.

Deve-se observar ainda que o aumento das exportações, inegavelmente algo positivo para a indústria, não pode ser considerado por enquanto uma via de escape relevante para minimizar o impacto da redução da demanda doméstica. Em termos de quantum, as exportações de manufaturados voltaram a recuar fortemente em julho (-5,9%). O total exportado em volume neste mesmo mês cresceu 2,4%, porém como decorrência do aumento da venda de produtos básicos ao exterior e não como resultado de mais alta exportação de manufaturados.

Pelo lado das importações, a queda expressiva (também em quantum) no mês de julho (-13,8%) apresenta até esse momento pouca relação com a substituição do bem importado pelo bem produzido domesticamente. Ela decorre da baixa atividade da economia brasileira.

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