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Quem acompanha a história recente da indústria brasileira
não viu o que se vê nos dias de hoje. A crise industrial
é extremante severa, estende-se por um longo período
e atinge todos seus segmentos e ramos.
Ela reflete
o colapso da demanda na economia brasileira no último ano,
dado pelo encolhimento dos investimentos públicos e privados,
pelo recuo dos negócios da Petrobras, pelas expectativas
empresariais negativas, pelo ajuste fiscal do governo, pela escalada
de preços de produtos essenciais, pelo aumento das taxas
de juros do Banco Central, pelo aperto do crédito e pelo
crescimento do desemprego e consequente retração
dos rendimentos da população.
Ou seja, muitos
fatores sobrepostos explicam a aceleração da recessão
da atividade industrial ao longo dos dois primeiros trimestres
deste ano e início do terceiro. Segundo números
do IBGE, a produção industrial, que caíra
5,8% e 6,5%, respectivamente, no primeiro e no segundo trimestres,
iniciou o terceiro trimestre com queda mais acentuada: -8,9% em
julho (todas as variações calculadas com relação
a igual período do ano anterior).
Isso é
indicativo de aceleração da crise industrial. De
fato, os números de julho da indústria nacional
divulgados hoje pelo IBGE dão vários sinais nesta
direção. As variações na produção
de bens intermediários (-2,7%, -3,3% e -5,6%, sempre na
mesma ordem – primeiro trimestre, segundo trimestre e o
mês de julho – e na mesma base de comparação,
ou seja, igual período do ano anterior) indica que a crise
está em uma escalada de progressão.
Ela também
já se espraiou fortemente pelos diferentes setores industriais.
Em bens de consumo, seja duráveis (-15,6%, -12,8% e -13,7%)
ou semi e não duráveis (-5,7%, -7,5% e -9,2%), a
aceleração da queda da atividade produtiva também
se encontra presente. Já o forte recuo da produção
de bens de capital (-17,7%, -21,9% e -27,8%) é reflexo
do forte revés do investimento na economia e é um
sinal de que haverá comprometimento significativamente
do nível de produção do País e de
sua produtividade no futuro.
Deve-se observar
ainda que o aumento das exportações, inegavelmente
algo positivo para a indústria, não pode ser considerado
por enquanto uma via de escape relevante para minimizar o impacto
da redução da demanda doméstica. Em termos
de quantum, as exportações de manufaturados voltaram
a recuar fortemente em julho (-5,9%). O total exportado em volume
neste mesmo mês cresceu 2,4%, porém como decorrência
do aumento da venda de produtos básicos ao exterior e não
como resultado de mais alta exportação de manufaturados.
Pelo lado
das importações, a queda expressiva (também
em quantum) no mês de julho (-13,8%) apresenta até
esse momento pouca relação com a substituição
do bem importado pelo bem produzido domesticamente. Ela decorre
da baixa atividade da economia brasileira.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial
apontou variação negativa de 1,5% frente ao mês imediatamente
anterior em julho de 2015. Frente a igual mês do ano anterior, o
setor industrial mostrou queda na produção (-8,9%), 17ª
taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. O índice
acumulado nos últimos sete meses do ano registrou queda de 6,6%.
Nos últimos 12 meses, a taxa recuou 5,3%, mantendo a trajetória
descendente.
Entre as categorias
de uso na comparação com o mês imediatamente anterior,
bens de consumo semi e não-duráveis foi a categoria com
recuo mais acentuado (-3,4%), seguido pelos setores produtores de bens
intermediários (-2,1%) e de bens de capital (-1,9%). Por outro
lado, o segmento de bens de consumo duráveis foi o único
a registrar alta, avançando 9,6%.
No confronto com igual
mês do ano anterior, bens de capital (-27,8%) e bens de consumo
duráveis (-13,7%) assinalaram as reduções mais acentuadas.
O bens de consumo semi e não-duráveis (-9,2%) e intermediários
(-5,6%) também mostraram resultados negativos nesse mês.
Dentre os setores produtores de bens de capital, podemos destacar a queda
de bens de capital para equipamentos de transporte (-31,8%), bens de capital
de uso misto (-34,1%), para construção (-56,9%), agrícola
(-26,4%) e para energia elétrica (-17,0%), enquanto bens de capital
para fins industriais (0,6%) apontou o único resultado positivo.
No acumulado dos sete
primeiros meses de 2015, os bens de capital (-20,9%) e bens de consumo
duráveis (-14,2%) foram os destaques negativos pressionadas pela
redução na fabricação de bens de capital para
equipamentos de transporte na primeira, e de automóveis na segunda.
Os segmentos de bens de consumo semi e não-duráveis (-7,0%)
e de bens intermediários (-3,4%) também assinalaram taxas
negativas no índice acumulado no ano.
A queda de 1,5% da atividade industrial na passagem de junho para julho
alcançou 14 dos 24 ramos pesquisados. Entre as atividades, as principais
influências negativas foram registradas por produtos alimentícios
(-6,2%), bebidas (-6,2%), coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (-1,7%) e indústrias extrativas (-1,5%).
Por outro lado, entre os dez ramos que ampliaram a produção
nesse mês, o desempenho de maior importância foi registrado
por máquinas e equipamentos (+6,5%), seguido pelos setores de veículos
automotores, reboques e carrocerias (1,4%) e de equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (3,2%).
Na comparação
com igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda
em julho de 2015 (-8,9%), com recuo em 23 dos 26 setores. O setor produtor
de veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,1%) e produtos
alimentícios (-7,2%) exerceram as maiores influências negativas.
Outras contribuições negativas relevantes vieram de equipamentos
de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,8%),
de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis
(-6,2%), de máquinas e equipamentos (-15,1%), de produtos de metal
(-13,0%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,7%),
de metalurgia (-7,9%), de outros produtos químicos (-6,4%), de
produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,3%), de bebidas
(-10,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-9,0%)
e de produtos têxteis (-18,6%). Entre as três atividades que
aumentaram a produção, o principal impacto foi em indústrias
extrativas (2,9%).
No índice acumulado
para os sete meses de 2015, frente a igual período do ano anterior,
o setor industrial mostrou queda de 6,6%, impulsionado pelo desemprenho
principalmente dos setores produtores de veículos automotores,
reboques e carrocerias (-20,2%), equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-29,0%), coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (-6,0%), máquinas e
equipamentos (-11,4%), produtos alimentícios (-3,8%), metalurgia
(-7,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,5%),
produtos de metal (-9,2%), bebidas (-7,6%), produtos de borracha e material
plástico (-6,5%), confecção de artigos do vestuário
e acessórios (-10,5%) e produtos de minerais não-metálicos
(-5,4%).
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