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Nada mais segura a economia brasileira. Esse comentário
seria bom se ele estivesse dizendo que a economia brasileira está
“bombando”. Mas, não é esse o caso.
Se, no primeiro trimestre deste ano, o setor Agropecuário
ainda crescia na margem (4,8% em relação ao quarto
trimestre de 2014, considerados os ajustes sazonais), no segundo
trimestre seu valor agregado caiu 2,7% (na comparação
com o trimestre imediatamente anterior, também considerando
os ajustes sazonais).
E o recuo
da Agropecuária ocorreu porque tudo na economia brasileira
ficou pior no segundo trimestre, como mostram os números
do IBGE hoje divulgados. A Indústria de Transformação
decresceu 3,7%, taxa mais negativa do que a registrada no primeiro
trimestre deste ano, que foi de 2,1%. Foi a oitava queda consecutiva
na comparação trimestre contra trimestre imediatamente
anterior, com ajuste sazonal.
Ainda nessa
comparação, observa-se que o Comércio continuou
encolhendo expressivamente no segundo trimestre (–3,3% após
queda de 3,0% no primeiro) e a Construção desabou
(–8,4%). O Comércio sofre com a queda do consumo
das famílias (como se verá abaixo), a qual reflete
o aumento do desemprego, o recuo da massa real de salários,
o aperto do crédito, a escalada de preços e da taxa
de juros. Na Construção, para além de um
final de ciclo virtuoso, há também de se considerar
os fracos investimentos, as expectativas nada animadoras de empresários
e consumidores e a paralisação dos gastos produtivos
do Governo.
Passando para
o lado das despesas, vê-se que o Consumo das Famílias
caiu 2,1% no segundo trimestre (–1,5% no primeiro) e a Formação
Bruta de Capital Fixo (FBCF), 8,1% – essa também
foi a oitava queda consecutiva da FBCF registrada na série
que compara trimestre com trimestre imediatamente anterior do
IBGE. Esse péssimo desempenho da FBCF decorre da queda
da produção interna de bens de capital, da retração
das importações de máquinas e equipamentos,
bem como do menor nível de produção da Construção
e do andamento mais moroso ainda dos investimentos públicos.
O pífio
desempenho da economia brasileira (queda de 1,9% do PIB no segundo
trimestre, após cair 0,7% no primeiro – trimestre
contra trimestre anterior, com ajuste sazonal) e a desvalorização
do Real inibiram as importações (–8,8%) no
segundo trimestre, o que colabora para a Conta Corrente do País.
Mas, as exportações, que cresceram 16,2% no primeiro
trimestre, avançaram bem menos no segundo trimestre (3,4%).
Isso tem a ver com o desempenho fraco do comércio internacional,
com o recuo da economia chinesa, com o tombo dos preços
das commodities e também com a pouca competitividade dos
produtos domésticos.
No acumulado
do primeiro semestre deste ano, o PIB brasileiro caiu 2,1% e poderá
fechar o ano com queda maior. Indústria de Transformação,
Construção e Comércio fecharão 2015
com um dos piores resultados dos últimos vinte anos. Os
recuos sistemáticos da taxa de investimento (17,8% no segundo
trimestre) apontam para uma recessão mais prolongada. A
crise política contribui para esse cenário econômico
negativo. Nada está fácil no País.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo
trimestre de 2015 atingiu os R$1,428 trilhão a preços correntes.
O índice trimestral com ajuste sazonal, por sua vez, assinalou
frente ao trimestre imediatamente anterior uma queda de 1,85%. Frente
ao mesmo trimestre de 2014, o PIB brasileiro assinalou recuo de 2,6%.
Da ótica da
oferta, na comparação do índice do 2º com o
1º trimestre de 2015, todos os setores apresentaram queda: Agropecuária
(–2,7%), Serviços (–0,7%) e sobretudo a Indústria
(–4,3%). Dentre as atividades dos serviços, as maiores quedas
foram verificadas no comércio (–3,3%), Transporte, armazenagem
e correio (–2,0%), serviços de informação (–1,3%),
outros serviços (–1,0%) e intermediação financeira
e seguros (–0,2%). Na indústria, a maior queda se deu na
construção civil: retração de 8,4%. A indústria
de transformação (–3,7%) e a atividade de eletricidade
e gás, água, esgoto e limpeza urbana (–1,5%) também
recuaram no segundo trimestre do ano. Apenas a indústria extrativa
mineral registrou variação positiva (+0,3%).
Frente ao mesmo trimestre
de 2014, o resultado de –2,6 % foi condicionado pela Indústria
(–5,2%), seguida por Serviços (–1,4%). Nesta comparação,
a Agropecuária ainda apresenta resultado positivo de 1,2%. O desempenho
da Indústria, por sua vez, reflete a queda de 8,3% da Indústria
de Transformação, influenciada pelo decréscimo da
produção de máquinas e equipamentos; da indústria
automotiva; produtos eletrônicos e equipamentos de informática;
insumos da construção civil e produtos derivados do petróleo.
Já nos Serviços, a contração afeta sobretudo
o comércio atacadista e varejista (–7,2%) e transporte, armazenagem
e correio (–6,0%), puxado pelo decréscimo do transporte e
armazenamento de carga. Também apresentou decréscimo a atividade
de outros Serviços (–1,9%).
Da ótica da
despesa, o desempenho do segundo trimestre do PIB em 2015 em relação
ao trimestre anterior (com ajuste sazonal) foi resultado da queda de 2,1%
do consumo das famílias e do decréscimo de 8,1% da Formação
Bruta de Capital Fixo (FBKF). Dentre os componentes da demanda interna,
apenas o Consumo do Governo apresentou variação positiva,
ainda que pequena, de +0,7%. No setor externo, as importações
de bens e serviços caíram 8,8% no período, enquanto
as exportações conseguiram se expandir em 3,4%.
Na comparação
com mesmo trimestre de 2014, a queda é generalizada para todos
os componentes da demanda interna: FBFK (–11,9%), Consumo das Famílias
(–2,7) e Consumo do Governo (–1,1%). As importações
(–11,7%) também apresentaram contração nesta
comparação, enquanto as exportações (+7,5%)
permaneceram como único fator de estímulo positivo à
economia nacional.
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