28 de agosto de 2015

PIB
Em queda livre


   

 
Nada mais segura a economia brasileira. Esse comentário seria bom se ele estivesse dizendo que a economia brasileira está “bombando”. Mas, não é esse o caso. Se, no primeiro trimestre deste ano, o setor Agropecuário ainda crescia na margem (4,8% em relação ao quarto trimestre de 2014, considerados os ajustes sazonais), no segundo trimestre seu valor agregado caiu 2,7% (na comparação com o trimestre imediatamente anterior, também considerando os ajustes sazonais).

E o recuo da Agropecuária ocorreu porque tudo na economia brasileira ficou pior no segundo trimestre, como mostram os números do IBGE hoje divulgados. A Indústria de Transformação decresceu 3,7%, taxa mais negativa do que a registrada no primeiro trimestre deste ano, que foi de 2,1%. Foi a oitava queda consecutiva na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Ainda nessa comparação, observa-se que o Comércio continuou encolhendo expressivamente no segundo trimestre (–3,3% após queda de 3,0% no primeiro) e a Construção desabou (–8,4%). O Comércio sofre com a queda do consumo das famílias (como se verá abaixo), a qual reflete o aumento do desemprego, o recuo da massa real de salários, o aperto do crédito, a escalada de preços e da taxa de juros. Na Construção, para além de um final de ciclo virtuoso, há também de se considerar os fracos investimentos, as expectativas nada animadoras de empresários e consumidores e a paralisação dos gastos produtivos do Governo.

Passando para o lado das despesas, vê-se que o Consumo das Famílias caiu 2,1% no segundo trimestre (–1,5% no primeiro) e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), 8,1% – essa também foi a oitava queda consecutiva da FBCF registrada na série que compara trimestre com trimestre imediatamente anterior do IBGE. Esse péssimo desempenho da FBCF decorre da queda da produção interna de bens de capital, da retração das importações de máquinas e equipamentos, bem como do menor nível de produção da Construção e do andamento mais moroso ainda dos investimentos públicos.

O pífio desempenho da economia brasileira (queda de 1,9% do PIB no segundo trimestre, após cair 0,7% no primeiro – trimestre contra trimestre anterior, com ajuste sazonal) e a desvalorização do Real inibiram as importações (–8,8%) no segundo trimestre, o que colabora para a Conta Corrente do País. Mas, as exportações, que cresceram 16,2% no primeiro trimestre, avançaram bem menos no segundo trimestre (3,4%). Isso tem a ver com o desempenho fraco do comércio internacional, com o recuo da economia chinesa, com o tombo dos preços das commodities e também com a pouca competitividade dos produtos domésticos.

No acumulado do primeiro semestre deste ano, o PIB brasileiro caiu 2,1% e poderá fechar o ano com queda maior. Indústria de Transformação, Construção e Comércio fecharão 2015 com um dos piores resultados dos últimos vinte anos. Os recuos sistemáticos da taxa de investimento (17,8% no segundo trimestre) apontam para uma recessão mais prolongada. A crise política contribui para esse cenário econômico negativo. Nada está fácil no País.
  

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2015 atingiu os R$1,428 trilhão a preços correntes. O índice trimestral com ajuste sazonal, por sua vez, assinalou frente ao trimestre imediatamente anterior uma queda de 1,85%. Frente ao mesmo trimestre de 2014, o PIB brasileiro assinalou recuo de 2,6%.

Da ótica da oferta, na comparação do índice do 2º com o 1º trimestre de 2015, todos os setores apresentaram queda: Agropecuária (–2,7%), Serviços (–0,7%) e sobretudo a Indústria (–4,3%). Dentre as atividades dos serviços, as maiores quedas foram verificadas no comércio (–3,3%), Transporte, armazenagem e correio (–2,0%), serviços de informação (–1,3%), outros serviços (–1,0%) e intermediação financeira e seguros (–0,2%). Na indústria, a maior queda se deu na construção civil: retração de 8,4%. A indústria de transformação (–3,7%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (–1,5%) também recuaram no segundo trimestre do ano. Apenas a indústria extrativa mineral registrou variação positiva (+0,3%).

Frente ao mesmo trimestre de 2014, o resultado de –2,6 % foi condicionado pela Indústria (–5,2%), seguida por Serviços (–1,4%). Nesta comparação, a Agropecuária ainda apresenta resultado positivo de 1,2%. O desempenho da Indústria, por sua vez, reflete a queda de 8,3% da Indústria de Transformação, influenciada pelo decréscimo da produção de máquinas e equipamentos; da indústria automotiva; produtos eletrônicos e equipamentos de informática; insumos da construção civil e produtos derivados do petróleo. Já nos Serviços, a contração afeta sobretudo o comércio atacadista e varejista (–7,2%) e transporte, armazenagem e correio (–6,0%), puxado pelo decréscimo do transporte e armazenamento de carga. Também apresentou decréscimo a atividade de outros Serviços (–1,9%).

 

 
Da ótica da despesa, o desempenho do segundo trimestre do PIB em 2015 em relação ao trimestre anterior (com ajuste sazonal) foi resultado da queda de 2,1% do consumo das famílias e do decréscimo de 8,1% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF). Dentre os componentes da demanda interna, apenas o Consumo do Governo apresentou variação positiva, ainda que pequena, de +0,7%. No setor externo, as importações de bens e serviços caíram 8,8% no período, enquanto as exportações conseguiram se expandir em 3,4%.

Na comparação com mesmo trimestre de 2014, a queda é generalizada para todos os componentes da demanda interna: FBFK (–11,9%), Consumo das Famílias (–2,7) e Consumo do Governo (–1,1%). As importações (–11,7%) também apresentaram contração nesta comparação, enquanto as exportações (+7,5%) permaneceram como único fator de estímulo positivo à economia nacional.

 

 

 

 

 

 

 

 

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