19 de agosto de 2015

Emprego Industrial
Evoluindo a taxas mais negativas


   

 
A comparação com 2009 é inevitável. Naquele ano, quando a economia brasileira era arrastada pela onda da crise global, a atividade industrial doméstica encolhia e o emprego do setor recuou 4,8% no primeiro semestre. Nos seis primeiros meses deste ano a queda foi maior: 5,2%, segundo números do IBGE.

O que parece ser hoje tão ruim quanto em 2009 é, em verdade, pior. A retração do emprego industrial em 2015 ocorre após três anos consecutivos de resultados adversos (–1,4% em 2012, –1,1% em 2013 e –3,2% em 2014).

O quadro é mais grave pois, em 2009, a crise “vinha” de fora. Hoje, a economia global anda fraca e efetivamente tem afetado a indústria nacional. Mas, o desempenho pífio da economia brasileira em 2015, num cenário de forte ajuste das contas do governo e num ambiente de expectativas nada positivas – muito em decorrência das incertezas políticas –, tem levado à indústria nacional a amargar uma crise que não é observada em sua história recente.

No ano passado, a produção industrial caiu 3,1% e, neste ano, a taxa em doze meses é de -5,0%. A projeção para o número de ocupados na indústria é de retrocesso de mais de 4,5% em 2015.

Ao longo deste ano, a crise do emprego industrial vem se aprofundando: –0,7% no primeiro trimestre e –2,4% no segundo, ao se comparar trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal; e –4,6% e –5,8%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano se a comparação é feita com iguais trimestres de 2014.

E mais: ela é geral, ou seja, ocorre em todos os ramos da indústria. Em alguns segmentos, a queda do emprego é elevadíssima nos seis primeiros meses deste ano, como, por exemplo, em máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–12,5%), produtos de metal (–10,2%), meios de transporte (–9,9%) e outros produtos da indústria de transformação (–8,7%).

Mas ela também é severa em segmentos tradicionais da economia brasileira: vestuário (–5,4%), calçados e couro (–7,5%), metalurgia básica (–6,5%), papel e gráfica (–3,3%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,3%), indústrias extrativas (-4,6%) e produtos têxteis (–2,9%).

No segundo semestre, poderá haver algum abrandamento da escalada da crise do emprego industrial, já que os ajustes mais duros, ao que parece, foram feitos no primeiro semestre. O número de horas pagas, que recuara 0,3%, 1,2% e 1,3%, nessa ordem, em março, abril e maio, caiu menos em junho (-0,6%); um possível sinal de que o sangramento no mercado de trabalho da indústria nacional pode estar começando a ser estancado.

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