14 de agosto de 2015

Indústria
Indústria de transformação: de volta a 2005


  

 
Na primeira metade de 2015, a indústria de transformação viu sua produção cair 8,3%, ficando aquém do nível registrado em janeiro-junho de 2006, 2007 e 2008, tirando-se o ano atípico de 2009. Os segmentos de alta intensidade tecnológica e de baixa intensidade voltaram a patamares abaixo do primeiro semestre de 2005.

O declínio no primeiro semestre de 2015 concorreu para o retrocesso de 6,6% na comparação em doze meses. No contraponto entre meses de junho de 2015 e 2014, o declínio chegou a 4,7%. No contraponto entre abril-junho com igual período de 2014, o recuo foi ainda maior, de 8,7%. Acompanhando tanto, o déficit dos produtos típicos da indústria de transformação até diminuiu no primeiro semestre, ficando em US$ 23,5 bilhões, porém com as exportações em dólares correntes declinando 7,9%, o quarto recuo seguido por essa base de comparação.

O colapso da indústria de transformação pode ser apreendido pela classificação adotada pela OCDE na qual é dividida em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.

A indústria de alta intensidade foi a que sofreu a maior queda no contraponto: nada menos do que 20,6%. E tal queda não deve mais ser vista como decorrência simplesmente da base de comparação. De fato, o primeiro semestre de 2014 foi aquele de maior produção física dessa faixa para primeiro semestre na série iniciada em 2002. Mas a produção da metade inicial de 2015 retrocedeu dez anos, ficando aquém do que do semestre inicial de 2005, retração puxada pelas atividades do complexo eletrônico.

Na faixa de média-alta intensidade o encolhimento tem sido uma continuidade de processo iniciado no ano passado, com retrocesso tanto no acumulado do ano, de 12,3%, quanto em doze meses encerrados em junho, 10,9%. Voltou-se para o patamar de antes de janeiro-junho de 2010. A redução nessas bases comparativas foi generalizada, atingindo a produção de bens de capital, a indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria química. As retrações mais expressivas ocorreram na fabricação de veículos automotores.

Já o segmento de média-baixa tecnologia produziu 6,5% menos em janeiro-junho vis-à-vis igual período de 2014. Houve queda generalizada. A produção física desse segmento tem seu comportamento ditado principalmente pela produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins. A produção física nesses casos declinou 8,0% e 6,3%.

O segmento de baixa intensidade registrou os recuos menos agudos, mas ainda assim ocorreram em junho, em abril-junho, no acumulado do ano e em doze meses. No primeiro semestre, o declínio foi de 4,1%. Embora menos aguda, essa queda fez com que a produção física retornasse a nível inferior ao de 2005. Tais performances foram em muito afetadas pela menor produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo, devido ao peso do ramo de alimentos industrializados. Também contribuiu para a retração, a forte queda na produção de produtos têxteis, artigos de vestuário, calçados e artigos de couro.

Tais números evidenciam o peso dos fatores de crise em pleno vigor na economia, assim como refletem as incertezas sobre o futuro próximo, ainda sem que a depreciação cambial tenha conseguido dinamizar as exportações para mitigar o mercado interno que vem encolhendo.

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