A Carta IEDI de hoje
trata do “Anuário Internacional de Estatísticas
Industriais” da UNIDO (Organização de Desenvolvimento
Industrial das Nações Unidas), segundo o qual o
desempenho da indústria de transformação
brasileira no século XXI ficou muito aquém dos padrões
globais, sobretudo nos últimos anos. O crescimento do Valor
da Transformação Industrial (VTI) foi baixo entre
2005 e 2010 (1,4% ao ano) e negativo entre 2010 e 2013 (-0,1%,
em US$ constantes de 2005).
Em 2014, o
valor de transformação industrial (VTI) do mundo
cresceu 2,3%, tendo aumentado 1,4% entre 2005 e 2010 e 2,8% de
2010 a 2013 em termos reais. Em particular, o VTI das economias
emergentes industriais e em desenvolvimento cresceu 6,9% em 2005-2010,
5,4% em 2010-2013 e 5% em 2014. Já a evolução
das economias industrializadas passou de -0,7% entre 2005 e 2010
para 1,5% entre 2010 e 2013 e 1% em 2014.
Nos anos iniciais
deste século a hierarquia dos países na produção
da indústria mudou consideravelmente. Os EUA, que em 2004
eram líderes isolados do VTI mundial, respondendo por cerca
de 23% do total, caíram para 19%. A China com uma participação
de 18,41% do total quase já ultrapassa o índice
norte-americano em 2014 – sendo que em 2004 era a terceira
maior produtora, representando pouco menos de 10% do total.
O Brasil,
embora tenha ocupado em 2014 o 11º lugar no ranking dos líderes
da produção mundial (foi o 12º em 2005 e o
10º em 2010), apresentou redução na sua participação
do VTI mundial, de 1,86% em 2005 para 1,59% em 2014.
De modo geral,
em 2014, as economias industrializadas representavam 64% do VTI
global, e as economias industriais emergentes, 32%, dos quais
quase 20% correspondentes à China. Em 2005 a participação
das economias mais desenvolvidas era de 76% e 23% para economias
industriais emergentes. Aliás, em dez anos a China dobrou
sua participação no VTI mundial. Entre 2005 e 2010,
o crescimento anual do VTI chinês foi de 11% e de 8% entre
2013 e 2013.
O ritmo de
expansão do valor de transformação industrial
da Índia foi elevado entre 2005 e 2010, 9,3% ao ano, ao
passo que entre 2010 e 2013 retrocedeu para 2,4%. Por sua vez
o México sofreu retração em 2005-2010 de
-0,2% ao ano, tendo recuperado em 2010-2013 (3,4%). No grupo de
emergentes, destaca-se o ritmo forte de expansão da indústria
de transformação na Indonésia, Polônia,
Turquia e Arábia Saudita, além dos países
da antiga comunidade soviética.
Em suma, a
distribuição do VTI entre as regiões e grupos
de países ao longo dos anos 2000 e 2010 sofreu alterações
importantes. O maior peso relativo das economias emergentes industriais
se verifica em todos os ramos industriais, embora na média
os países desenvolvidos ainda respondam pela maior parte
do VTI mundial.
Vale destacar
que houve uma contração expressiva da concentração
da produção de “alimentos e bebidas”
nas economias industrializadas. Estas em 2005 respondiam por 69,4%
do total mundial e 56,6% em 2013. Em outras indústrias
intensivas em mão de obra e em recursos naturais, como
“tabaco”, “têxteis”, “vestuário”,
“couro”, “minerais não-metálicos”
e “metais básicos”, os países desenvolvidos
deixaram de ser os principais produtores.
Além
de perder participação na produção
mundial da indústria de transformação, o
Brasil vem perdendo posições também em termos
do VTI per capita que em 2013 era de US$ 757, apenas o 73º
entre os países do mundo e atrás de Romênia,
República Dominicana e Venezuela, por exemplo.
Mesmo com
um fraco desempenho, o Brasil ainda se destaca em várias
divisões industriais, o que mostra a resiliência
e o potencial não plenamente aproveitado de seu setor industrial.
Como integrante do grupo dos 15 maiores produtores, a indústria
brasileira figura em 16 dos 21 ramos industriais pesquisados pela
UNIDO. De 2005 para 2013, em 8 desses setores nossa indústria
melhorou sua posição no ranking mundial.