A produção industrial brasileira cresceu 0,6% em
maio frente abril, considerados os ajustes sazonais. Esse avanço
refletiu, segundo o IBGE, o aumento em dois dos quatro grandes
setores e em catorze dos vinte e quatro ramos industriais pesquisados
pelo Instituto.
É um
resultado bem-vindo, mas que não sinaliza nenhuma mudança
de trajetória da atividade industrial, ou ainda, é
muito cedo para se dizer que os números de maio indicam
que a indústria brasileira começou a sair da crise
pela qual vem passando há mais de um ano.
Pode-se observar,
ainda de acordo com o IBGE, que os dois ramos industriais que
mais influenciaram o resultado positivo de maio foram outros equipamentos
de transporte (8,9%) e coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (1,1%) – taxas de variação
de maio com relação a abril, com ajuste sazonal.
São ramos produtivos importantes dentro da indústria
nacional, mas que não traduzem o comportamento mais geral
da atividade industrial do País. O comportamento do primeiro
ramo reflete, sobretudo, as vendas de aviões para o mercado
externo; o do segundo, as decisões de produção
da Petrobras.
Quanto aos
outros ramos industriais que apresentaram números positivos
em maio, muitos deles vinham acumulando resultados bastante adversos
nos últimos meses, como, por exemplo, o ramo de produtos
farmoquímicos e farmacêuticos, cuja taxa de crescimento
foi de 3,6% em maio, mas que acumulava queda de 18,6% nos primeiros
quatro meses deste ano. Ou ainda, nos ramos de confecção
de artigos do vestuário e acessórios (3,4% em maio
contra uma queda de 13,6% no período janeiro-abril deste
ano) ou de bebidas (2,7% em maio e –6,8% no mesmo acumulado).
Vale também
observar que a produção do setor nuclear e de maior
peso dentro da indústria brasileira, o de bens intermediários,
continuou a cair em maio (–0,5%) e passou a acumular queda
de 3,4% nos cinco primeiros meses do ano – uma queda acumulada
expressiva na história recente desse setor.
O aumento
da produção do setor de bens semi e não duráveis
(1,2%) reverteu uma sequência de sete resultados negativos
consecutivos, sendo este o resultado mais favorável apurado
pela pesquisa industrial em maio, segundo nosso ponto de vista.
Mas, infelizmente, o prosseguimento desse desempenho encontrará
um sério obstáculo nos próximos meses, dados
os ajustes (para baixo) que estão ocorrendo no mercado
de trabalho brasileiro, isto é, no nível de emprego
e na massa de rendimento real, que é a base do consumo
desses bens.
Em outras
comparações, os números do IBGE mostram que
a atividade industrial está, nos dois primeiros meses do
segundo trimestre deste ano, tão ruim ou pior que o registrado
no primeiro trimestre.
No setor de
bens de capital, a produção, que havia caído
17,9% no primeiro trimestre, recuou 24,9% no acumulado abril-maio
(os dois primeiros meses do segundo trimestre). Esse comportamento
ocorre em quase todos os seus segmentos: no de bens de capital
para a indústria, a produção passou de +0,8%
no primeiro trimestre para –10,0% no acumulado abril-maio;
no de bens de capital para transporte, de –24,7% para –30,1%;
no de bens de capital para energia, de –7,9% para –22,3%;
no de bens de capital para construção, de –24,5%
para –40,0%; e no de bens de capital para uso misto, de
–18,9% para –26,8% – todas as taxas estão
apresentadas sempre na mesma ordem, qual seja, primeiro trimestre
e acumulado abril-maio, comparados com igual período de
2014.
Isso também
pode ser visto em outros setores, como, por exemplo, no setor
de bens duráveis: no seu segmento de eletrodomésticos
da linha branca, a produção passou de uma queda
de 7,6% no primeiro trimestre para 14,6% no acumulado abril-maio;
no de móveis, de –6,5% para –9,9%, na mesma
ordem.
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